O abstracionismo é um movimento artístico que surge na esteira da emersão das chamadas artes modernas, em especial nas artes visuais.
Também conhecido como arte abstrata, sua ascensão representou um contraponto aos moldes renascentistas, tradicionalistas e academicistas que predominavam no cenário artístico Europeu no final do século XIX e começo do XX.
Por não ser uma arte figurativa, isto é, produzir obras de temáticas facilmente reconhecíveis e com um significado claro, é menos acessível ao grande público que reage com indiferença, quando não escárnio, por não compreender os meios que se utiliza para transmitir o que deseja, muito menos o seu objetivo ou se de fato trabalha com algum.
É o tipo de arte que gera comentários da estirpe: “Fulano jogou um balde de tinta no quadro e ganhou milhões”. “Se der um pincel para o meu macaco, ele faz esses mesmos rabiscos”. E coisas do gênero.
Certamente o abstracionismo, a arte conceitual, as artes modernas como um todo, não operam se valendo de tais expedientes e trabalham, sim, com um objetivo, mesmo que o processo criativo envolva muito de intuição e de imaginação anárquica, livre.
É para explicar o que é abstracionismo, sua lógica e origem que nos propusemos a escrever este post.
Interessado em tirar suas dúvidas sobre esse tipo de arte?
Convidamos para ler os tópicos abaixo.
O que é abstracionismo?
Abstracionismo é uma arte não representacional, significa que se expressa por meio de cores, linhas e superfícies e não por objetos próprios da realidade concreta.
O objetivo de uma arte abstrata é expor, por meio do estudo das formas e cores, considerando que cada um desses aspectos são capazes de transmitir, despertar, estimular sensações específicas, as emoções do artista e dessa forma também evocar no expectador as mesmas emoções.
Contudo, no abstracionismo, o concreto, as certezas não são o foco, mas a subjetividade, portanto, não é esperado ou considerado um equívoco um apreciador da obra abstracionista se ver tomado por outros tipos de sensações das que influenciaram o artista.
A meta é mexer com o lado interno, com as emoções, transmitir algo mesmo que não possa ser racionalizado em um primeiro instante. A significação própria não é um problema desde que proporcione uma experiência positiva.
Como se trata de uma arte que explora o interior, a subjetividade, muitas vezes não compreendida, apenas sentida, exigir alinhamento de sensações e ideias integralmente é complexo sobremaneira.
Esse campo amplo de interpretações que as artes modernas trabalham faz com que suas artes sejam únicas de diferentes formas, pois não são obras independentes, acabadas, fechadas em si mesmas. São abertas, se completam com as emoções e estado de espírito de quem as observa, gerando combinações muito particulares.
Entretanto, apesar dessa possibilidade de interpretações distintas, o mais usual é que os expectadores experimentem sensações próximas, pois, como dito, é feito um estudo sobre o uso das formas e cores.
Esses elementos são capazes de gerar estímulos internos específicos.
O contexto do abstracionismo
No final do século XIX, eclodiu um movimento de ruptura as artes convencionais, principalmente renascentistas que eram pautadas pelo modelo de arte Greco-romana. Arte que trabalha o conceito de belo como sua principal característica.
Esse desejo por mudança, ruptura nas artes visuais, gerou diversas novas formas de expressão que juntas formaram as chamadas artes modernas. O abstracionismo é filho dessas novas expressões, ainda que não de primeira hora, pois veio a ascender e se firmar no começo do século XX.
Os tipos de abstracionismo
Há dos tipos de abstracionismo:
- Lírico;
- Geométrico.
O abstracionismo lírico é uma arte que se baseia no instinto, no inconsciente e na intuição. As principais características desse tipo de abstracionismo são o uso de cores vibrantes, formas orgânicas e linhas de contorno.
Trabalho realizado no abstracionismo lírico é no sentido de transformar formas e cores em símbolos e ideais subjetivos.
Já o abstracionismo geométrico recebeu influência direta do cubismo e futurismo. Prega a utilização racional das formas geométricas e a valorização da reflexão intelectual.
Principais nomes
Sem dúvida o maior expoente da arte abstracionista, foi o artista que inaugurou esse movimento, o russo Wassily Kandisnky, no começo do século XX, na década de 1970.
Kandisky era um pintor que tinha interesse pelos efeitos da cor e da criação junto com a música.
Ele passou a estudar esses elementos e se inspirou neles para desenvolver uma arte não figurativa e que se valia apenas de formas e cores para transmitir suas emoções.
Por isso, está situado no campo do abstracionismo lírico, também conhecido como abstracionismo expressivo.
Quanto ao abstracionismo geométrico, certamente seu maior representante foi o pintor holandês Piet Mondrian.
Nem tão moderno assim
Apesar do abstracionismo está figurado entre as artes consideradas modernas e passar a ser identificado como abstracionismo a partir do século XX, o tipo de arte que propaga existe há muito tempo.
Desde a pré-história, sem exagero. Muitas culturas antigas usavam a comunicação ilustrativa para registrar seus principais eventos.
O maior exemplo são as tribos indígenas que realizavam, e algumas ainda realizam, pinturas corporais com formas e cores de maneira não figurativa, sem padrão reconhecível ou com significado aparente.
Usavam de arte abstrata em rituais, para marcar momentos importantes, como a transição para a vida adulta, para os momentos de guerra ou de caça.
É possível encontrar exemplos desse tipo de arte até em tribos brasileiras, como é o caso, por exemplo, do povo Kadiwéu, indígenas localizados no estado de Mato Grosso do Sul.
Essa tribo faz arte corporal com as características citadas acima e são belíssimas, por sinal.
Esse tipo de pintura promovido por esses povos primitivos serviram de inspiração para a arte de tatuagem, em especial o estilo tribal, popular e por isso solicitado com frequência em estúdios de arte corporal, tanto na sua forma colorida como em preto e branco.
No Brasil o abstracionismo veio despontar nos anos 1940 e teve como principais artistas:
- Alfredo Volpi;
- Hélio Oiticica;
- Iberê Camargo;
- Antônio Bandeira;
- Tomie Ohtake;
- Ivan Serpa.
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