Conheça a Academia Imperial de Belas Artes, importante instituição de ensino fundada no Rio de Janeiro no início do século dezenove.
O que é Academia Imperial de Belas Artes?
A Academia Imperial de Belas Artes, também conhecida pela sigla AIBA, foi uma academia de ensino superior no ramo artístico, com fundação estabelecida na cidade do Rio de Janeiro. A academia brasileira foi instituída pelo imperador Dom João VI, com uma série de dificuldades enfrentadas inicialmente.
Apesar dos percalços enfrentados no início, a AIBA conseguiu por fim conquistar sua estabilidade. Assim, assumiu um posto central, determinando o rumo da arte nacional no decorrer da segunda parte do século dezenove.
De fato, o local foi o coração da propagação de novos ideais educativos e estéticos. Consagrando-se, desse modo, com um dos braços executivos primordiais nos programas nacionalistas e culturais, patrocinados pelo imperador Dom Pedro II. Seu nome passou a ser Escola Nacional de Belas Artes com o intermédio da República.
Entretanto, a instituição autônoma foi extinta no início de século vinte, no ano de 1931. Assim, a escola foi reconcentrada na Universidade do Rio de Janeiro. Dessa maneira, a instituição continuou sua atividade até a atualidade, sustentando uma de suas unidades, a Escola de Belas Artes da Universidade Federal da cidade do Rio de Janeiro.
A francófila dos conselhos dos ministros do Dom João foi responsável pela inauguração da escola de ofícios e artes brasileiras. Conde de Barca, por sua vez, era o principal representante da francófila.
Fundação da Academia Imperial de Belas Artes
Uma academia desse feitio era cada vez mais emergente para possibilitar a formação de profissionais, com especialização para servir ao Estado e as recentes indústrias. Afinal, até essa altura, o país praticamente não existia no que de refere a um ensino de ordem regular. Ou seja, as tradições artísticas se transmitiam por intermédio de um sistema antigo de corporações.
Por isso, a introdução desse modelo exigia um plano de contrato de professores vindos do exterior. Pensando nisso, os mandados do Conde estimularam contato com Joachim Lebreton, em Paris. Joaquim era o secretário de Instituto De Belas Artes de Paris, sendo convocado assim para uma reunião entre um grupo preciso de mestres.
No entanto, existem controvérsias em relação a fundação da AIBA. Uma variedade de autores discordam quanto aos possíveis mentores do projeto. Entre os candidatos defendidos, estão os franceses Taunay e Lebreton, bem como João, o então Marquês de Mariaval.
Seja como for, Lenreton foi o responsável por encabeçar o grupo na direção, enquanto seus colegas de fato se mudaram para o país. Entre estes, estava um mestre ferreiro, um engenheiro mecânico, um arquiteto naval e outros artistas e artesãos.
Dentre os nomes mais populares se sagra Jean Baptiste Depret, pintor francês e aluno antigo do célebre Jacques Louis David, bem como o também pintor Nicolas Antoine Taunay e o arquiteto Grandjean de Montigny. Ambos os profissionais tinham em comum o prêmio Roma.
Primeiros anos
O corpo a compor a Academia Imperial de Belas Artes aportou no Brasil no dia 26 de março, na segunda década do século dezenove. Além disso, eles foram escoltados por navios da Inglaterra e muitos deles trouxeram junto seus criados, bem como sua respectiva família.
Mais tarde, demais profissionais se juntaram a eles, dando à luz a uma colônia que, mais tarde, ficou conhecida por Missão Artística Francesa. A denominada Missão em questão foi responsável de conceder recursos conceituais, técnicos e humanos que serviram de estrutura para a Academia Imperial de Belas Artes.
De fato; a instrução foi a pioneira no gênero a se instalar no Brasil. Sua fundação, dada por decreto real, ocorre no dia 12 de agosto do ano de 1816. Lebreton delineou o programa de ensino, de acordo com o que é atestado por um memorando do próprio dirigido ao rei no dia 12 de junho de 1816.
No memorando, o ciclo artístico de aprendizado é dividido em três etapas por Lebreton, a partir de um consagrado sistema da Academia da França.
Sistema da Academia Imperial de Belas Artes
O sistema da Academia Imperial de Belas Artes foi dividido como:
Etapa prática
- Cópia de modelos dados pelos mestres, bem como desenho geral para todos os alunos;
- Desenhos da natureza e de vultos, acompanhados de elementos de modelagens para os escultores;
- Para os pintores, pinturas acadêmicas com modelos vivos;
- Já para escultores, esculturas com modelos vivos, além de estudos no ateliê dos mestres desenhistas e mestres gravadores destinados aos alunos correspondentes a essas especialidades;
- À arquitetura, foram reservadas três diferentes etapas divididas entre teóricas e práticas:
Etapa teórica
- História da arquitetura aprendida por meio dos estudos de artigos;
- Estereotomia;
- Perspectiva e construção;
- Composição;
- Desenho;
- Estudos das dimensões e cópias de desenhos.
Ensinos paralelos da Academia Imperial de Belas Artes
Lebreton ainda sugeriu que a Academia Imperial de Belas Artes tivesse aulas musicais. Além disso, o francês se encarregava da sistematização dos critérios e processos de aprovação e precedente avaliação dos alunos. À sua jurisdição também ficava a responsabilidade de elaborar o cronograma das aulas, bem como a sugestão do emprego público dos alunos formados.
Assim, Lebreton fazia a previsão de formação necessária de artifíces componentes para auxiliar no projeto paralelo de criação de uma Escola de Desenho para Artes e Ofícios. Os planos para os estudos nesta Escola seriam gratuitos, todavia sistemáticos como os da Academia Imperial de Belas Artes.
Academia Imperial de Belas Artes pós Império
Após o fim do império e proclamação da República, a Academia Imperial de Belas Artes deu palco para debates intensos entre grupos de jovens alunos e professores. A discordância entre os grupos dizia respeito aos caminhos propostos para ser empreendida uma reforma na Academia Imperial de Belas Artes.
À altura, era travada uma luta entre as normas vigentes de ensino, uma herança francesa da missão estipulada em 1816. O grupo moderno de alunos pressionavam para que houvesse uma reforma ampla nas normas antigas. Afinal, estas estavam defasadas em relação aos ideais europeus mais arejados trazidos pelos professores Rodolfo Amoedo e Rodolfo Bernadelli.
Ao mesmo tempo, os mais radicais positivistas defendiam a extinção da já anacrônica Academia Imperial de Belas Artes. Por fim, a República aprovou em 8 de novembro de 1890 a proposta de reforma de Bernardelli e Amoedo. Assim, a Escola Nacional de Belas Artes (como foi convertida) sobreviveu até 1931, quando foi substituída pela UFRJ.