Arte abstrata: características e história

Se você não é muito ligado no mundo da arte e caiu nesse artigo porque está precisando pesquisar para um trabalho ou estudar para o vestibular, muito provavelmente já deve ter visto uma arte abstrata, mas em situação de assistir ou ler uma crítica debochada sobre o estilo e as perguntas “tal coisa é realmente arte?”, “como alguém pode pagar para ter uma porcaria dessas?”, ou algo do tipo.

Sim, arte abstrata são aquelas imagens, quadros, de formas indefinidas, sem um padrão aparente e com cores fortes, diversas ou monocromáticas, sem a representação objetiva de uma pessoa, objeto ou paisagem, sem um significado aparente ou unânime – totalmente diferente da arte figurativa.

Neste artigo vamos falar um pouco da história desse movimento artístico conhecido como Abstracionismo, quando surgiu, a inspiração, os principais nomes e, mais do que isso, vamos explicar qual a finalidade desse tipo de arte, como ela deve ser vista, interpretada, consumida, quais são as suas principais características.

No fim do texto, talvez continue a não apreciar o estilo, o método da arte abstrata, caso já cultive uma impressão negativa sobre, mas certamente um pouco de sua frustração ao se deparar com tal tipo de arte irá reduzir porque passará a entendê-la, a compreender o seu significado, ou como extrair um significado a partir da análise de um exemplar do gênero, pois se conhecimento não é garantia para se implodir convicções, ao menos favorece a construção de pontes de tolerância.

Confira a seguir mais sobre a história do Abstracionismo e de suas principais características.

Continue com a leitura.

Origem da arte abstrata

O que ficou conhecido como arte abstrata veio na esteira da ascensão do Modernismo no final do século XIX e começo do XX. Uma das principais bandeiras do Modernismo é o rompimento com as tradições das escolas renascentistas, com suas regras fixas e claras, que imperavam no meio acadêmico.

Tais regras e convenções passaram a ser consideradas como limitantes para a liberdade de expressão e que não mais refletiam o espírito da época, marcado por grandes transformações tecnológicas e culturais.

A arte abstrata surge como mais um movimento artístico inspirado pelos ideais modernistas. Desponta como uma vertente significativa do Modernismo no começo do século XX.

O “pai” da arte abstrata é o artista russo chamado Kandinsky que, junto com o holandês Piet Mondrian, aparece como uma das figuras de maior notoriedade do Abstracionismo.

No Brasil, a arte abstrata só veio a ganhar forçar a partir da I Bienal de São Paulo ocorrida em 1951. Os principais representantes brasileiros do abstracionismo são:

• Hélio Oiticica;
• Lígia Clark;
• Ivan Serpa;
• Manabu Mabe;
• Waldermar Cordeiro;
• Iberê Camargo;
• Antônio Bandeira.

Chegada chocante

Se, ainda hoje, a arte abstrata desperta frustrações, incompreensões, deboches por pessoas acostumadas com um estilo de arte mais tradicional, clássica, ou por terem uma visão de mundo muito estreita, rasa, imagine na época em que foi apresentada pela primeira vez?

Causou um verdadeiro choque no público, que basicamente se resumia na elite instruída pelo capital dos pais endinheirados ou movida pelo desejo de ver-se superior, distinta da plebe pobre e ignorante que não tinha interesse, tempo, condições ou formação adequada para apreciar trabalhos artísticos sofisticados.

A exposição de formas irregulares sem um padrão definido e sem um significado evidente gerou muitas queixas, polêmicas, contrariedades.

Muitas das questões que povoam o imaginário dos leigos nos dias atuais nasceram de choque inicial com esse tipo de arte completamente diferente das consagradas pela academia. A arte abstrata foi vista como uma grave subversão dos conceitos das escolas tradicionais.

Característica da arte abstrata

Ok, chegou o momento para você entender o porquê de determinadas escolhas estéticas promovidas pela arte abstrata e que causam muitas perguntas para a maioria do público.

O objetivo da arte abstrata é mexer com o lado interno do admirador, provocar reações, despertar sentimentos, mexer mais com o lado emocional do que o racional. Pode-se dizer que os instrumentos de trabalho da arte abstrata são os sentimentos, intuições e conceitos.

Representar figuras e objetos no estilo tradicional, com formas muito claras, uniformes, não que impeçam o romper da barreira do racionalismo, mas configuram um entrave, uma dificuldade maior para retirar o expectador da apatia, da sua zona de conforto.

Na arte abstrata, a reação é mais instantânea em razão da escolha das tonalidades que, conforme a psicologia das cores, são preponderantes para despertar reações internas, para se fazer associações emblemáticas e pelo modo como as formas irregulares preenchem o espaço a ser trabalhado, visualizado.

Quanto ao significado, como não se trabalha nesse tipo de produção artística pautando-se por questões de lógica, mas subjetivas, não há um significado em comum, não há sequer a preocupação de se construir um significado.

Cabe a cada indivíduo, a partir das emoções que a obra lhe desperta, desenvolver um significado para si ou nem sequer se preocupar em fazê-lo, porque não é necessário, não é o fundamental, o que importa é sentir.

Portanto, podemos depreender que cada arte abstrata poderá ter uma recepção diferente, única, para cada indivíduo que a prestigia.

Pode ser vista como uma espécie de obra colaborativa, cuja construção de um significado depende da união do empenho artístico com o exame do consumidor com suas experiências, conhecimentos e visão de mundo particulares.

Arte abstrata lírica

Há pelo menos dois estilos de arte abstrata: a lírica e a geométrica.

As características da lírica são o uso de jogo de formas orgânicas, cores vibrantes e linha de contorno. É um estilo que busca transformar manchas e linhas em simbolismos, ideais.

Arte abstrata geométrica

Já a arte abstrata geométrica tem influência direta do cubismo e do futurismo. Enquanto a vertente lírica segue por via mais subjetiva, o geométrico tem enfoque mais racionalista.

Considerações finais

Arte abstrata é um movimento que surgiu inspirado nos conceitos do Modernismo no começo do século XX.

Suas premissas são o rompimento das normas clássicas das escolas renascentistas e de se valer de arte não figurativa que busca despertar reações imediatas nas pessoas.

Também busca mexer com o lado interno, as emoções, para depois ensaiar-se a construção de um significado próprio, que pode variar de pessoa para pessoa ou simplesmente não existir, pois a lógica e a racionalização não constituem o elemento principal desse tipo de produção artística, mas, sim, o lado subjetivo.

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