O que é arte naif? Embora o movimento não leve a popularidade de outras correntes artísticas, a arte naif é um marco importante na História da Arte.
O que é arte naif?
A indagação sobre o que é arte naif pode ser respondida através de seus traquejos. A arte naif é caracterizada por suas propriedades criativas, autênticas e espontâneas. Os adeptos da arte naif acreditam no livre pensamento e no aprendizado autodidata. Ou seja, a arte naif não utiliza de escolas e demais instituições tradicionais, sendo considerada uma arte regida pelo instinto.
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O objetivo da arte instintiva, isto é, sem orientações e protocolos, é expandir os universos pessoais de seus artistas e praticantes. Devido ao seu cunho mais intelectualizado, o seu sucesso é relativo.
A arte naif é mais conhecida em certas classes sociais e nichos intelectuais, não sendo assim considerada como uma “arte do povo”.
O que significa “arte naif”?
Para além do questionamento “o que é arte naif?”, encontramos “o que significa arte naif?”
A arte naif é um termo derivado do idioma francês e significa, literalmente, “arte ingênua”.
A arte naif, ou “arte ingênua”, é um estilo independente e autodidata, pertencente a classe de artistas sem formação sistemática e acadêmica. Desse modo, é possível dizer que a arte naif está em desacordo com os moldes e doutrinas acadêmicas.
Da mesma maneira, a arte naif não segue os conceitos da arte popular, tampouco aqueles estipulados por seus contemporâneos modernistas.
O adjetivo “ingênuo”, quando aplicado a essa corrente artística, se refere ao espírito genuíno e desafetado característico do naif enquanto movimento artístico. Afinal, os artistas adeptos da arte naif são autônomos e tipicamente independentes em suas manifestações libertas e insubmissas às matrizes populares.
Quais as referências da arte naif?
O que é arte naif também diz respeito às referências utilizadas pela corrente. Embora seja descrita como uma arte independente, a iconografia da arte naif pode ser identificada em algumas referências pontuais. Ilustrações de livros infantis antigos, folhas suburbanas e retratos de santos são algumas das fontes de inspiração onde bebem os adeptos da arte naif.
Dessa maneira, o artista naif não é completamente subliminar ou subjetivo; como qualquer outra corrente, a arte naif remonta suas próprias referências culturais.
Características da arte naif
- Os adeptos da arte naif não possuem uma preocupação exacerbada com dados da anatomia humana ou preservação de proporções naturais em seus retratos. As figuras são representadas com traços mais livres e desprendidos da realidade;
- Os artistas naif são, sobretudo, autodidatas. Isso significa que uma formação acadêmica, voltada para o campo artístico, se faz dispensável e inexistente para estes artistas;
- Originalidade e referência. A arte naif se opõe aos arquétipos dos demais movimentos artísticos, desconhecendo ou recusando os cânones acadêmicos da arte;
- As obras naif seguem alguns padrões de simetria, linhas figurativas e composições planas e bidimensionais;
- Na arte naif, as perspectivas geométricas e lineares são inexistentes. Os praticantes da corrente dispensam as regras de perspectiva em suas obras. Essas regras, estipuladas pelos artistas renascentistas, ditavam a atenuação na intensidade de cores, a precisão de detalhes e a proporção de objetos de acordo com a distância de ambos. Em outras palavras, a perspectiva, o tamanho e a distância não significam muito para a representação de formas na arte naif;
- As minúcias não são negligenciadas no movimento naif. Figuras e cenários são retratados com riqueza de detalhamento;
- Muito embora sua atenção aos pormenores, a arte naif apresenta traços mais escapistas. Seus artistas desprezam a fidelidade nos traços, dispensando obras com cunho realista;
- A arte naif aposta em pinceladas contidas e não economiza em cores exuberantes. O colorido é um dos pontos mais marcantes da arte naif.
Arte naif e seus sinônimos
A questão “o que é arte naif?” pode partir de vários princípios encruzilhados. Por exemplo, a arte naif também é conhecida como “arte primitiva” em algumas perspectivas. O primitivismo está vinculado à ausência de um treinamento convencional, isto é, a inexistência de uma formação artística.
Além de “primitivismo”, em alguns núcleos a arte naif também pode ser chamada de “naïvism”. Entre os profissionais a quem são correlacionados essas nomenclaturas estão Larionov (Mikhail), Klee (Paul) e Gauguin (Paul).
Outros artistas naif, ou “artistas ingênuos”, recebem ou se apresentam sob o título de “primitivos modernos”. Essa denominação caminha de encontro a outras manifestações espontâneas e despreocupadas, como o movimento marginal ou o “art brut” francês.
Por genuíno, ingênuo ou primitivo podemos entender a arte composta por pessoas sem diploma ou educação convencional, como crianças e indivíduos à margem da sociedade. Entre os últimos, classificam-se pessoas em situação de pobreza, pacientes com algum distúrbio mental e prisioneiros.
Rousseau, o símbolo da arte naif
Talvez a melhor resposta para o que é arte naif esteja em seu maior adepto: Henri Rousseau, artista francês que viveu entre 1844 e 1910.
Sob o nome verdadeiro de Henri Julien Félix Rousseau, H.R foi um artista de pouco estudo e rasa instrução cultural. Embora seu notável talento, Rousseau não possuía praticamente nenhuma formação no ramo da pintura. Mas isso não o impediu de ser um dos nomes mais conhecidos na área.
A disciplina de Rousseau atingiu seu cume quando o artista somava 49 anos. Nessa altura, uma vez aposentado da estância aduaneira de Paris, Henri tratou de dedicar seu tempo integralmente à criação da arte espontânea pela qual se consagrou.
Entre as características que fizeram de Rousseau o exemplar máximo da arte naif, encontra-se seu aprendizado autodidata. Enquanto alguns de seus críticos contemporâneos zombavam da técnica desafetada e amadora de Rosseau, outros artistas o dedicavam respeito e admiração. Dentre eles, nomes aclamados como Picasso (Pablo) e Kandinsky (Wassily), que cumprimentavam sua inovação e criatividade para transformar o simples em incrível.
A crítica, entretanto, não pensava assim. Como destacado, como qualquer artista transgressor e vanguardista, Rosseau foi alvo de escárnio. Durante sua primeira exposição, foi zombado por seu estilo independente das regras. Henri ignorava os preceitos renascentistas de perspectiva, desenho e composição, além de aplicar cores arbitrariamente.
Para os críticos, essa revolução no modo de fazer arte representava uma mácula aos princípios elementares da pintura. Mas Rousseau não se deixou abalar. O artista permaneceu fiel à sua autenticidade artística, produzindo paisagens exóticas que remetem o observador a sentimentos puros e tramas oníricos.
As obras escapistas, utópicas ou espontâneas mais famosas de Rousseau retratam cenários estonteantes de selva. Suas inspirações são intimamente ligadas ao eu, às vivências do artista, que costumava visitar frequentemente os jardins e zoológicos de Paris.
Conclusão final
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