Arte tapajônica e sua influência na História

Franziu a testa ou pintou um sinal de interrogação ao ler “arte tapajônica”? É provável que já tenha ouvido falar das mais conhecidas, tradicionais, Cubismo, Surrealismo, Realismo etc, mas pode ter sido a primeira vez que se deparou com esse estilo que será o tema central deste post.

Se você não é um profundo estudioso da História da Arte, não estranhe ou sinta-se um total ignorante sobre o assunto. Infelizmente a arte tapajônica não é alvo de reverência nem mesmo no nosso país, sim, é uma arte que se origina de nosso solo, o que não é de estranhar, raramente fazemos jus aos feitos de pessoas notáveis que contribuíram significativamente a nação, salvo esportistas, e agora entramos em uma onda de demonizar intelectuais notáveis como Paulo Freire…

Poucos, com exceção de estudiosos, professores e jornalistas, alguns, que habitam o território nacional têm sequer conhecimento da existência desse tipo de expressão artística, de que região do país se origina exatamente, muito menos de suas características, que ocupa o acervo de museus e coleções pessoais mundo afora e que chegou a difundir crenças um tanto exóticas no velho continente.

Ficou curioso para saber mais da arte tapajônica, fruto de nosso solo e que desperta interesse e causa encanto em tantas pessoas mundo afora?

Leia a seguir os tópicos abaixo.

Confira!

A origem da arte tapajônica

Essa manifestação artística descende diretamente da grande tribo indígena Tapajós, que habitava a maior parte da região do Amazonas mesmo após a chegada do Europeu branco.

Essa tribo situava-se a beira da cidade de Santarém, no Pará, nas adjacências do Rio Tapajós. Por essa razão a arte tapajônica também é conhecida como Cerâmica de Santarém.

O motivo de se especificar a cerâmica é porque os vasos e estatuetas produzidos pela tribo foram os únicos vestígios que sobraram para a posteridade sobre a sua cultura, já que a população indígena foi dizimada pelo homem dito civilizado em seu projeto de “civilização” e cristianismo (e, pelo visto, no panorama atual brasileiro, a faceta mais negra do segmento religioso retornou da latrina da história para terminar o serviço), o que não excluiu os Tapajós.

O começo de sua queda se deu em 1542, primeiro registro de interação entre homem branco e índios Tapajós na região, em decorrência de expedição de reconhecimento promovida por Francisco Orellana no local em que veio a se formar a povoação de Santarém; expedição na qual integrava Frei Gaspar de Carvajal, monge dominicano que registrou o acontecimento em suas anotações.

Está ligado a história da formação de Santarém o conflito entre índios e brancos e naturalmente disputa entre arco e flecha contra armas de fogo não é bem uma disputa, mas um massacre, massacre que reduziu os povos Tabajós a breves lembranças de existência por meio de seus belos vasos de cerâmica.

As características da arte tapajônica

Fica claro as habilidades artesanais dos Tapajós ao conferir as peças. Não se trata de versões extremamente rústicas, simples, sem qualquer tipo de personalidade. São vasos e estatuetas que carregam vários detalhes e que contêm muita imaginação na decoração. Tais características sugerem para arqueólogos que os Tapajós sejam descendentes dos Maias e dos Incas.

Em testes realizados nos EUA, descobriu-se que algumas das peças de arte tapajônica que ficou por séculos soterrada, ignorada da civilização moderna, datam de mais de seis mil anos.

A arte tapajônica se caracteriza pelo zoomorfismo em seus vasos e estatuetas, isto é, são peças que apresentam a forma de um animal. Geralmente os animais da fauna existente nas cercanias eram os alvos de inspiração dos índios. Os que mais eram retratados eram os jacarés e as onças-pintadas. Acresce que nos bojos esféricos desse tipo de vaso identificam-se também representações de rostos humanos.

Mas além da zooforma, outro aspecto marcante da arte tapajônica é o grau de detalhismo das peças, que remetem ao estilo barroco e de arte chinesa antiga.

Mas nem todas as peças tinham o formato de um animal. Uma variante são os vasos de Cariátides.

Trata-se de vasos cujos pratos são suportados por três figuras, que podem ser femininas ou sacerdotes sob efeito de alucinógenos. É comum o aplique de animais modelados a mão para fazer adornos em volta da peça.

Uma característica distintiva da arte tapajônica em relação a arte marajoara, por exemplo, é o realismo da imagem de seres humanos e animais, são mais fieis aos traços respectivos.

A cerâmica da arte tapajônica era produzida por meio de argila e cauxixi, uma espécie de esponja de rio. O resultado da mistura é um material consistente, duro, porém leve.

Usavam-se objetos de cerâmica para atividades do cotidiano, mas também para rituais religiosos, o que merecerá maior aprofundamento a seguir.

Mas antes não podemos deixar de comentar um artigo muito famoso da arte tapajônica, os:

Muiraquitãs

São pequenas peças, de barro ou de pedra, em forma de sapo, e eram produzidas nas cores amarelo, preto, cinza, vermelho ou na mais popular ou corriqueira: verde. Os muiraquitãs eram usados como amuletos pelas índias que acreditavam que o artigo podia evitar doenças e infertilidade.

Tal crença ganhou terreno ao longo do Baixo Amazonas chegando até o Caribe. No século XVIII, os muiraquitãs alcançaram o continente europeu, sendo vendido como um amuleto para evitar epilepsia e cálculos renais. Hoje essas peças são consideradas raras e vendidas por preços astronômicos em leilões do velho mundo quando ocorrem de dar o ar da graça.

Os rituais

Muitos dos vasos produzidos na arte tapajônica tinham como utilidade servir de recipiente de substâncias especiais em rituais religiosos. Alguns desses rituais cabiam somente aos sacerdotes provarem de bebidas alucinógenas como o ayahuasca, mas havia outros em que eram misturadas junto a fermentações de milho e arroz bravo  as cinzas de pessoas falecidas nos vasos, normalmente parentes, cabendo aos familiares consumirem a bebida peculiar.

Considerações finais

A arte tapajônica só veio a despertar interesse a partir do século XIX, sendo comercializada maciçamente por colecionadores brasileiros e do exterior, o que explica o porquê de ser encontrada somente em coleções particulares e museus espalhados pelo mundo.

Os artigos de cerâmica são os únicos vestígios da arte tapajônica e da cultura como um todo dos povos Tapajós, dizimados pelo conflito com o branco europeu pela disputa de terras.

As principais características da arte tapajônica são os vasos em forma de animais e com rostos humanos, com maior fidelidade de traços do o que da arte Marajoara, por exemplo, vasos com pratos suportados por tríade de figuras humanas, mulheres ou sacerdotes, adornados por animais modelados a mão, todos com detalhamentos rebuscados que evocam o estilo barroco e chinês, revelando habilidade artesã, o que sugere que sejam descendentes de povos com tal característica, os Incas e Maias.

Os muiraquitãs são peças em forma de sapos que eram utilizadas pelas índias como amuleto contra doenças e infertilidade.

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