Famoso por ter sido um dos primeiros a explorar o rio Amazonas, o espanhol Francisco de Orellana também é reconhecido por ter participado da conquista do Peru e por ter fundado a cidade de Guayaquil.
A história de vida e as aventuras de Orellana são cercadas de lendas, fatos reais e fantasias. Vários livros, peças teatrais e filmes retratam parte das conquistas, descobertas e as peripécias do espanhol pela região amazônica.
Além de provocar muita discussão entre os pesquisadores, os feitos e os mitos em torno dele servem para entender melhor como era a vida dos povos pré-colombianos. Visto como herói para muitos ou vilão por outros, Francisco de Orellana é parte da história desta região.
Biografia de Francisco de Orellana
No ano de 1511 nascia na cidade de Trujillo, Espanha, Francisco de Orellana. Lá ele conviveu com a família de Francisco Pizarro, que também entraria para a história, mas como explorador e conquistador do Peru.
Em 1527, com apenas 16 anos, ele viaja com a família para a Nicarágua, onde serviu o exército. Posteriormente, também participou de outras campanhas, dentre elas, várias no Peru. Apesar dos vários êxitos que obteve, estas lutas também lhe custaram um ferimento que levou à perda de um olho.
Orellana viajou para o Peru no ano de 1533, onde teve participação na fundação de Puerto Viejo e também em várias batalhas em apoio aos irmãos Pizarro. Dentre estas missões, as mais famosas foram o cerco à Cusco (1536) e a batalha de Salinas (1538).
Ele foi nomeado governador da província de La Culata, no ano de 1538, onde hoje é a costa equatoriana, e lá organizou a reconstrução de Santiago de Guayaquil que havia sido arrasada por índios revoltosos.
O gosto pela aventura e o desejo de conquistar riquezas fez com que Francisco de Orellana embarcasse em várias outras explorações ao longo de sua vida. Ele foi responsável por várias missões exploratórias na região amazônica e participou da conquista de terras para Espanha.
Em 1543 ele volta para sua terra natal onde se casa com Ana de Ayala. Lá ele recebe diversas homenagens, entre elas o título de governador e capitão geral das terras descobertas. Mas a vontade de se aventurar faz com que Orellana partisse, com sua mulher, para a região amazônica em maio de 1545.
Porém, o explorador não chega a concluir sua missão por ter sido acometido por uma doença não identificada que levou à sua morte no ano de 1546.
Viagens de Francisco de Orellana pelo Equador
Nomeado governador por Francisco Pizarro, Orellana chegou à Quito em 1540. Sua missão consistia em organizar a colonização espanhola na região e coordenar expedições pelo país. Outra tarefa dada ao explorador foi recrutar mais tropas na vila de Guayaquil.
A permanência de Francisco de Orellana em Quito foi curta. Em fevereiro do ano seguinte ele deixaria a cidade em direção à Porto Viejo. E foi lá que, durante algumas das batalhas pela tomada da localidade, o espanhol perdeu um de seus olhos.
Exploração pela região amazônica
Continuando suas viagens exploratórias, Orellana e Gonzalo Pizarro, em 1542, atravessaram os montes andinos e, após uma longa e infrutífera jornada, decidiram construir uma embarcação de dois mastros e velas arredondadas.
Seu objetivo era transportar feridos e suprimentos pelos rios Coca e Napo até chegarem às regiões onde os missionários tinham dificuldades em repor suas provisões. Orellana fica encarregado de seguir com a embarcação, acompanhando o fluxo do rio, para encontrar comida para a tropa que sofria com a fome, doenças e as condições adversas da região.
Ele também se encarregou da construção de um segundo barco, que ajudou na expedição que durou mais sete meses pelos rios da região. Ele percorreu as águas de diversos rios, entre eles Napo, Trinidad, Negro e Amazonas. Após isto ele seguiu para Nueva Cádiz, onde hoje é a atual Venezuela.
As viagens de Orellana rendem até hoje diversas histórias e lendas sobre suas lutas contra os indígenas, problemas de navegação nos rios e adversidades decorrentes das características locais como o tempo instável e os animais silvestres.
Volta à terra natal
Após finalizar sua jornada pelos rios Amazônicos, Francisco de Orellana decide retornar à Espanha. Antes ele aporta em Portugal, onde recusa uma valiosa oferta de retornar às terras amazônicas para realizar explorações, agora representando a coroa lusitana.
Mas o plano de Orellana era reivindicar junto ao reino Espanhol a posse sobre as terras localizadas na bacia do rio Amazonas. Em maio de 1543, ele chega a Valladolid onde terá uma longa disputa judicial por vários meses até que o rei Carlos I determina a nomeação de Francisco de Orellana como governador das terras batizadas de Nueva Castilla.
A primeira viagem de Orellana à região, agora como governador, mostra-se infrutífera em razão dos poucos soldados e materiais que ele dispunha. Somente com o a ajuda financeira de seu padrasto ele consegue organizar uma nova expedição.
O retorno ao Rio Amazonas
A volta de Francisco de Orellana à região amazônica é outra história envolta entre muitas lendas e histórias de difícil comprovação. Logo no início de sua jornada, o espanhol enfrenta dificuldades em levar seus quatro navios rumo ao novo mundo.
Ainda na região de Cádiz, ele precisa despistar o fato de sua tripulação ser composta por não-castelhanos. Após algum tempo parados em Sanlúcar de Barrameda, em maio de 1545 eles conseguem dar prosseguimento à viagem até chegarem nas ilhas de Cabo Verde.
Porém, dois barcos se perdem durante a jornada e grande parte de sua tripulação desiste da missão antes de chegar ao fim do rio Amazonas. A jornada longa e hostil também custa a vida de mais de 50 tripulantes que morrem de fome e doenças.
Relatos históricos registram que Orellana decide dividir os sobreviventes em dois grupos: um segue com ele em busca de alimentos e para mapear o restante do rio, enquanto os demais seguem em outra direção, conseguindo chegar na Ilha Margarita.
A luta contra a fome, as intempéries locais e os índios inimigos fizeram com que grande parte dos tripulantes morressem ao longo da viagem. A esposa de Orellana, juntamente com outros 40 sobreviventes, foram resgatados por uma embarcação espanhola.
A vida e a história de Francisco de Orellana chega ao fim em novembro de 1546, vítima de uma doença que pôs fim às suas aventuras, ambições e lendas.