O hiper-realismo é uma técnica de pintura ou um movimento artístico? Essa é uma discussão que já dura décadas e que muito provavelmente jamais terá uma resposta definitiva.
Independente do ponto de vista que você defenda, não é possível negar a beleza e a importância que esse tipo de trabalho tem para a história da arte contemporânea.
Veja também – Academicismo: história, arte, características e exemplos
Desde seu surgimento, poucas vezes a realidade foi retratada de forma tão fiel em seus mínimos detalhes, o que aproximou muitas pessoas comuns que antes se mantinham longe de obras complexas criadas para a compreensão de poucos.
Se você ainda não sabe muito a respeito do hiper-realismo nesse artigo você encontrara informações sobre a sua origem, suas características mais marcantes, as técnicas utilizadas pelos artistas e mais sobre a sua história.
Conceito de hiper-realismo
Hiper-Realismo é o nome dado ao movimento artístico que tem como objetivo criar pinturas e esculturas com efeitos muito semelhantes ao que pode ser visto nas fotografias em alta resolução.
Basicamente o hiper-realismo consiste na utilização de meios mecânicos para que o artista possa reproduzir em uma tela, ou criar uma escultura, os mínimos detalhes presentes na fotografia, que a olho nu poderiam acabar passando despercebidos.
Os temas mais dos trabalhos que seguem essa linha são totalmente voltados para coisas reais, como paisagens, animais, pessoas, e suas imagens são tão perfeitamente reproduzidas que muitas vezes é difícil distinguir a pintura da fotografia.
Qual sua origem?
O termo hiper-realismo passou a ser utilizado para classificar o movimento artístico que surgiu nos Estados Unidos e outros países da Europa ainda na década de 1960.
Essa forma de expressão artística se expandiu consideravelmente já no início da década de 70, se tornando bastante popular em países como Inglaterra, Brasil, além dos Estados Unidos, considerado berço desse tipo de arte.
Em exposições o nome hiper-realismo foi utilizado pela primeira vez em 1973, porém o termo foi associado por todos como um sinônimo do fotorrealismo já praticado durante aquele período.
O hiper-realismo e a arte contemporânea
Juntamente com outros vários movimentos artísticos, o hiper-realismo faz parte da chamada “arte contemporânea”, ou “arte pós-guerra”, tendência que teve origem logo após o final da Segunda Guerra Mundial.
Esse período pós-guerra trouxe como características principais a globalização e a cultura de massa.
Isso fez com que a arte passasse a oferecer novas experiências que deixavam em segundo plano a obra propriamente dita, dando mais ênfase a ideia central do artista.
Durante esse movimento diversos outros movimentos artísticos surgiram, como:
- Pop Art;
- Action Painting;
- Street Art;
- Body Art;
- Minimalismo;
- Arte conceitual;
- Expressionismo abstrato;
- Arte cinética.
Técnicas mais utilizadas
A principal forma encontrada por diversos artistas do hiper-realismo para conseguir reproduzir imagens das mais diversas com a maior riqueza de detalhes possível foi a utilização de projetores de imagem.
Esses projetores reproduziam as fotografias nas superfícies escolhidas pelos artistas, para que então eles pudessem reproduzir essas imagens com a maior fidelidade possível em esculturas e telas.
Para dar vida a essas imagens os artistas costumam utilizar a técnica do airbrush – com o uso do aerógrafo o artista consegue evitar marcas tanto do pincel quanto dos gestos feitos pelo pintor enquanto cria sua obra.
Essa técnica também permite o controle total da quantidade de tinta utilizada, bem como sua distribuição homogênea, deixando a obra sem as texturas comuns nas pinturas que utilizam pincéis, tornando-a muito mais lisa e de difícil reprodução.
Hiper-Realismo como evolução do fotorrealismo
Criado por Louis M. Keisel em 1969, o termo fotorrealismo surgiu também nos anos 1960 nos Estados Unidos, com o objetivo de captar o máximo de informação possível com ajuda da câmera e da fotografia para poder transferir tudo isso para as telas.
Apesar de serem escolas artísticas muito próximas, o hiper-realismo é visto como uma evolução do fotorrealismo principalmente por que se beneficia do avanço tecnológico, como o uso de retroprojetores, por exemplo.
Enquanto isso, o fotorrealismo utiliza apenas as fotografias como base para as criações de suas obras.
Não é à toa que diversos artistas reconhecidos por seu grande trabalho dentro do fotorrealismo também se incluem no hiper-realismo.
As principais caraterísticas do fotorrealismo são:
- Temas do cotidiano;
- Precisão nos detalhes;
- Forte influência da fotografia e da Pop Art dos anos 70;
- Reprodução fiel da realidade.
Principais nomes do Hiper-Realismo
Os principais artistas adeptos do hiper-realismo são:
- Ron Mueck;
- Richard Estes;
- Denis Peterson;
- Edward Hopper;
- Alyssa Monks.
Edward Hopper
O artista norte americano Edward Hopper faleceu em 1697, praticamente ao mesmo tempo em que surgia o termo hiper-realismo, e talvez ele não soubesse, mas acabou sendo considerado o precursor do estilo que se espalharia pelo mundo anos depois.
Durante sua carreia Hopper ficou conhecido por retratar com muita fidelidade cenas do cotidiano urbano e rural dos Estados Unidos, e é possível encontrar referências a suas obras em filmes e discos, principalmente devido ao uso de luzes e escuridão de forma dramática.
O Hiper-Realismo no Brasil
Mesmo ganhando certa popularidade no Brasil, o hiper-realismo acabou despertando interesse de poucos artistas que se dispuseram a colocar em prática suas técnicas e realizar seus trabalhos.
Ainda assim, os artistas abaixo adotaram, pelo menos em algum momento de suas carreiras, esse tipo de arte:
- Antônio Henrique Amaral;
- Glauco Rodrigues;
- Sepp Baendereck.
Considerações finais
Depois de surgir como o próximo nível do fotorrealismo, o hiper-realismo se expandiu pelo mundo e pôde contar com o avanço tecnológico para que os artistas adeptos desse estilo pudessem melhorar suas técnicas, criando obras ricas em detalhes.
Tendo como principais temas o cotidiano das pessoas comuns, paisagens, animais e pessoas, a evolução das técnicas empregadas pelos artistas chegou ao nível onde se torna praticamente impossível diferenciar uma pintura de uma fotografia.
O hiper-realismo surgiu e se juntou a outros importantes movimentos artísticos, como a Pop Art e a Street Art, que formam a arte contemporânea, ou “arte pós-guerra” como também são conhecidos os movimentos artísticos que tiveram origem após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Vale a pena conhecer as obras de artistas como Edward Hopper e Ron Mueck para perceber como esses homens conseguiam enxergar e reproduzir detalhes mínimos de tudo o que estava a sua volta transformando-os em verdadeiras relíquias culturais.