Mário Ramiro é um artista plástico, multimídia e professor de grande influência para as artes tecnológicas e a ciência. Atualmente leciona como professor do Departamento de Artes Plásticas e Pós-Graduação em Artes Visuais na Universidade de São Paulo (ECA/USP).
Com um grande potencial criativos para artes dos eletrônicos de reprodução, Ramiro é um autêntico artista com experiências significativas nos contextos das artes visuais.
Por ser um artista brasileiro e de grande renome nas artes plásticas e na multimídia, vale a pena conhecer um pouco mais da sua história e suas obras.
Vida e trajetória artística de Mário Ramiro
Seu nome completo é Mário Celso Ramiro de Andrade, mais conhecido como Mário Ramiro, nasceu em 1957 na cidade de pouco mais de 200 mil habitantes, Taubaté-SP.
Todavia, iniciou seu interesse nas artes plásticas em 1974, aos 17 anos, quando ganhou uma bolsa de estudos em um salão de artes na cidade onde nasceu.
Em 1975 ganhou uma medalha de bronze do Salão de Artes onde estudava e, com incentivo de seus professores na época, mudou-se para a capital São Paulo.
O artista Mário Ramiro também é formado pela USP em multimídias (entre os anos de 1978 a 1982), foi integrante do grupo coletivo de intervenção urbana 3NÓS3 e participou do movimento de Arte e Tecnologias em meados dos anos 80.
Em seu tempo de estudo na ECA/USP, teve contato com grandes artistas plásticos, entre eles Julio Plaza González, um dos pioneiros no desenvolvimento das Artes Multimídias.
Além desse importante percursor da Arte Tecnológica, teve a oportunidade de participar das aulas da artista multimídia Regina Scalzilli Silveira e o Historiador crítico das Artes Walter Zanini.
Possui formação como mestre em fotografia, formado também em novas mídias em um programa de intercâmbio na conceituada Academia de Artes Visuais e Mídias de Colônia entre os anos 1992 e 1993, na Alemanha.
Contudo, em sua trajetória, contempla diversas intervenções urbanas, esculturas, instalações ambientais, arte sonora, redes telecomunicativas e o estudo das fotografias de espíritos no Brasil.
Grupo 3NÓS3 de Ramiro e seus colegas
Sendo Mário Ramiro um artista de múltiplas artes, também integrou um grupo artístico urbano chamado 3NÓS3 com os demais colegas artistas multimídia e artistas plásticos Hudinilson Jr e Rafael França.
O trio começa seu projeto através dos estudos da Arte Conceitual e earth art, que tinha como objetivos conduzir ações que questionavam os espaços públicos das cidade através do uso de materiais não convencionais, como plástico e terra.
Entretanto, o objetivo do grupo 3NÓS3 era integralizar o espaço natural com as artes visuais. Sendo assim, faziam interversões, trocadilho com a palavra “intervenções”, em praças públicas, na maioria das vezes durante a madrugada.
Com um tom questionador e com viés político, em 1979 o grupo realiza uma interversão na cidade de São Paulo, cuja manifestação ganha o nome de “intitulada Ensacamento”, onde 68 estátuas têm suas cabeças tampadas por sacos durante a madrugada.
Uma das estátuas ensacadas foi “O Monumento às Bandeiras” (1953) do escultor Victor Brecheret, responsável pela introdução do modernismo nas artes plásticas no Brasil.
Para problematizar ainda mais a situação, no dia seguinte os artistas ligaram para diversos jornais se passando por vizinhos incomodados com a ação dos vândalos.
O objetivo dessa intervenção era trazer em evidência às práticas de interrogatórios feitas com políticos, envolvendo os sacos na cabeça para garantir o anonimato dos envolvidos em escândalos.
Outra interversão criada pelos integrantes do grupo foi a intitulada “X-Galeria”, que consistia em uma ação usando fita crepe para marcar as portas de algumas galerias escolhidas pelo trio.
Desse modo, colocavam as frases em baixo das portas com o escrito: “O que está dentro fica, o que está fora se expande”.
Contudo, para a escrita dessa frase, foi usada uma máquina de escrever (conhecida como Mimeógrafo), modelo que era usado pela imprensa clandestina durante o período da ditadura.
O questionamento específico dessa ação era dar um recado contra as limitações de arte dentro das galerias em contraponto com às ações realizadas nos espaços públicos das cidades.
As ações do trio não pararam por aí. Eles ainda realizaram uma manifestação chamada Interdição, onde os mesmos interrompiam o trânsito da Avenida Paulista por duas horas com grandes faixas azuis ligadas de um poste a outro.
Essa manifestação de Mário Ramiro e seus colegas rendeu uma publicação no jornal Folha de S. Paulo, nomeando a ação como “A Categoria Básica da Comunicação”.
Em 1980, outra interdição do trânsito da Avenida Paulista foi feita, mais especificamente entre o cruzamento da Av. Paulista e a Consolação, onde o grupo cobriu com grandes faixas de polietileno o túnel que ali se localizava.
Essa ação causou grande estranhamento na população que ali transitava, já que não era comum encontrar o material colorido tampando o acesso ao espaço.
Essas ações por diversas vezes foram denominadas como vandalismo por algumas pessoas, de modo que o trio avaliava os territórios que não havia presença de policiais e apresentava suas obras, bem como terminava a ação fotografando antes de ser retirado pelas autoridades.
Dessa forma, foram realizadas ao total 18 interversões públicas, e o grupo se desfez em 1982 em uma manifestação artística que durou 14 dias. No entanto, os integrantes ainda continuaram suas atividades de forma individual.
Assim, em 2012, é organizada uma exposição de Arte no Centro Cultural de São Paulo (CCSP), onde foram mostradas fotos e alguns documentos das manifestações realizadas pelos integrantes do Grupo 3NÓS3.
Fotografia de espíritos
O projeto pesquisa de Mário Ramiro a respeito da história das fotografias de espíritos no Brasil, mais conhecido como Espiritualismo Moderno, foi publicada na Revista Zum, e também foi defendida em 2008 como tese em seu próprio Doutorado.
Neste sentido, por ser um artista muito interessado pelos fenômenos fantasmagóricos, Ramiro colecionava imagens do universo espiritual que, para ele, evidenciavam um tipo de linguagem artística.
Para ele, essas representações têm a ver com as manifestações físicas, mas salienta em uma entrevista para a própria Revista Zum que tudo o que vem do campo da arte é uma verdade, existindo sempre uma linguagem na imagem.
Considerações finais
Mário Ramiro trouxe uma visão diferente sobre o universo da fotografia e das expressões visuais artística, de modo que suas influências estão ligadas à arte e tecnologias, bem como, atualmente sobre o universo espiritual.
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