Michelangelo Merisi da Caravaggio é um dos pintores italianos mais famosos de todos os tempos, que só ganhou fama universal no século 20, após um período de esquecimento. Seus anos de formação ainda são cobertos por incertezas, porém alguns dados acabaram surgindo com o tempo.
Suas pinturas, tiveram forte influência na pintura barroca. Elas combinam uma análise do estado humano, físico e emocional, com um uso espetacular da luz. Alma particularmente inquieta, em sua curta vida, enfrentou sérias vicissitudes. Seu estilo influenciou direta ou indiretamente a pintura dos séculos seguintes, constituindo a corrente do caravagismo.
A vida e obras de Caravaggio
Michelangelo Merisi da Caravaggio, nascido em 1571, em Milão, é considerado um dos pintores mais importantes da história da arte italiana. A forte carga dramática e emocional e a teatralidade de suas obras foram uma inspiração para muitos artistas barrocos europeus.
Apesar de ser lembrado como “Caravaggio” (uma pequena cidade na província de Bergamo), o artista nasceu em Milão. Caravaggio foi o local de nascimento de seus pais.
Desde que tinha pouca idade, já teve que lidar com a morte. Isso por que a praga matou seu pai, avô e tio quando ele tinha apenas seis anos de idade.
Sua carreira artística começou aos 13 anos, quando foi à oficina da pintora maneirista Simone Peterzano, em Milão. Por muitos anos, não houve mais notícias sobre a vida do jovem Caravaggio, até 1594, ano em que o artista se mudou para Roma. Segundo alguns biógrafos, o artista deixou Milão porque foi acusado de assassinato.
A vida em Roma
Já em Roma, Caravaggio adorava visitar as tabernas dos bairros infames que retratava em suas pinturas, capturando a essência de uma humanidade rejeitada e extremamente pobre. Foi precisamente uma dessas obras, I Bari (1595), que lhe valeu a estima de uma das figuras mais importantes da cidade eterna: o cardeal del Monte. Ele posteriormente decidiu recebê-lo sob sua ala protetora, ocupando posições importantes em instituições religiosas.
Apesar das atribuições de prestígio e do sucesso, Michelangelo Merisi da Caravaggio continuou frequentando as tabernas. Passava as noites entre prostitutas, jogadores, brigas e vinhos de qualidade duvidosa.
Ele usava roupas caras, mas gastas, e, apesar de ser proibido de portar armas, sempre carregava uma espada. Tal espada era leve e adequada para duelos.
Primeiras obras
Um dos primeiros trabalhos que lhe foram encomendados foi a Vocação de São Mateus, para a igreja de San Luigi dei Francesi, em Roma. Caravaggio concluiu o trabalho em 1599 e surpreendeu a todos com a escolha de assuntos na pintura.
Na obra, Mateus está sentado à mesa de uma taberna, enquanto mostra Cristo o convidando para convidá-lo para a redenção. Os tons de êxtase usados na época para representar assuntos sagrados, foram substituídos por uma composição mais realista.
Essa atenção exagerada ao realismo dos sujeitos nem sempre satisfazia os clientes que muitas vezes consideravam as obras de Caravaggio blasfemas. O trabalho A morte da Virgem (1605-1606) foi de fato rejeitada pela excessiva grosseria da cena. Mas acima de tudo porque Caravaggio escolheu uma prostituta afogada para dar à Virgem seu rosto e corpo.
As obras de Caravaggio impressionam pela habilidade com que o artista consegue equilibrar a luz e sombra, com uma técnica absolutamente inovadora para a época. Para obter esse efeito, o artista colocou cuidadosamente as lâmpadas e velas no estúdio onde as modelos foram posicionadas. Como faria um bom diretor de fotografia hoje em dia.
Problemas com a lei e a fuga de Roma
A vida de Michelangelo Merisi da Caravaggio mudou drasticamente em 1606, quando ele matou Rinuccio Tommasoni em uma briga. Parece que a briga surgiu imediatamente por uma falta trivial durante um jogo de bola. Ao que consta, o pintor já havia discutido muitas vezes, e se metido em diversas brigas.
O artista, de acordo com as leis em vigor nos Estados papais da época, foi condenado a ser decapitado. Para fugir do carrasco, Caravaggio deixou Roma fugindo rapidamente para Nápoles, mas isso não serviu para tranquilizá-lo.
O medo de morrer tornou-se um dos temas recorrentes nos trabalhos realizados naqueles anos de inação. Muitas dessas obras têm como tema a decapitação, como na obra Decapitação de São João Batista (1608).
O artista encontrou refúgio em Nápoles e depois em Malta. Quando em 1608 conseguiu entrar na ordem dos Cavaleiros de São João, ficando lá por um curto período. No entanto, em uma luta, feriu outro membro da ordem do mais alto escalão e por isso foi preso.
Ele também fugiu da ilha, mas, perseguido pelos assassinos que o procuravam para vingar a indignação, refugiou-se na Sicília. Somente depois de um tempo voltou a Nápoles em busca de proteção. Mas não foi o suficiente. Os homens de seu inimigo se juntaram a ele no Palazzo Cellamare e o feriram no rosto.
Últimos anos de sua vida
Com dor, ele pintou Davi com a cabeça de Golias (1610). Uma curiosidade: o rosto de Golias é um auto-retrato de Caravaggio. Assim como o rosto de David, que também é inspirado no rosto do artista, quando ele ainda era jovem.
Ferido e fraco, Michelangelo Merisi da Caravaggio decidiu empreender uma viagem cansativa a Roma, para invocar a graça e a clemência do pontífice. No entanto, durante a viagem, suas condições de saúde se deterioram irreparavelmente.
O artista nunca chegou a Roma, mas morreu em Porto Ercole em 1610, aos 38 anos, sem saber que o Papa, há algumas semanas, havia enviado a Nápoles um mensageiro com anistia papal para absolver o artista de seus crimes.
Os quadros de Caravaggio
O artista usa a pintura como um meio de descrever a realidade, investigada pela luz. Para o pintor, apenas o que a luz revela é importante. O que mais caracteriza as obras de Caravaggio é o uso da luz, vinda de um ponto fora da cena, sempre caindo diagonalmente sobre homens, fazendo figuras reais emergirem da escuridão. Por esse motivo, os cenários de suas pinturas são geralmente escuros e as figuras estão em primeiro plano.
A busca de Michelangelo Merisi da Caravaggio pela verdade não se refere apenas às formas, mas também aos aspectos emocionais. Isso se choca, sobretudo, com a idealização do Renascimento, mas também com o programa de propaganda da Igreja Católica. Algumas pinturas não são aceitas pela comissão eclesiástica porque são consideradas imprudentes.