O artista florentino Jacopo da Pontormo foi um dos primeiros expoentes do maneirismo italiano. Influenciado por Leonardo da Vinci (1452-1519) e Andrea del Sarto (1486-1531), ele trabalhou para os Medici, Borgherini e outros patronos da arte renascentista em Florença. Sua reputação inicial se deu com obras de afrescos na villa Medici, em Poggio.
Como outros artistas maneiristas, o design composicional de Pontormo teve precedência sobre o naturalismo e a perspectiva. Assim, onde os pintores da Alta Renascença buscavam harmonia, Pontormo procurava drama e efeitos especiais.
Seu estilo angular deve-se muito às obras de Michelangelo (1475-1564) e Albrecht Durer (1471-1528), embora seu senso de cor seja inteiramente dele. Pontormo é famoso por duas obras destacadas:
- A Deposição (1526-8), pintada para o retábulo de S. Felicita;
- E um ciclo de afrescos na Igreja de S. Lorenzo (1546-56).
Além disso, seu Retrato de Cosimo de Medici Il Vecchio é uma das pinturas mais ricamente coloridas do período maneirista.
A vida do artista
Jacopo Carucci, que mais tarde ficou conhecido como Jacopo Pontormo, nasceu em 24 de maio de 1494 em um local chamado Pontorme. A cidade fica perto de Empoli, na Itália. Seu pai, Bartolomeo di Jacopo de Martino Carucci, era um pintor de profissão. Sua mãe, Alessandra di Pasquale di Zanobi, era dona de casa.
Pontormo ficou órfão em tenra idade, de acordo com os relatos de seu biógrafo, Giorgio Vasari. Não se saiba muito se ele recebeu alguma educação formal ou não. Seu biógrafo afirmou que o artista foi aprendiz de pintor sob a orientação do grande Leonardo da Vinci, Mariotto Albertinelli e Piero di Cosimo.
Em 1512, aos 18 anos, Pontormo começou na profissão sob a orientação do pintor Andrea del Sarto. Segundo a maioria dos especialistas em arte, Sarto parece ter tido a influência mais marcante em suas obras como pintor.
O retábulo de 1518 que Pontormo fez no San Michele Visdomini, em Florença, é frequentemente citado como um exemplo dessa influência. Ele também viajou para Roma para analisar melhor o trabalho de Michelangelo.
Os detalhes de sua vida pessoal, se ele teve uma esposa ou já teve um relacionamento, se teve filhos, são desconhecidos. Pontormo morreu aos 62 anos em 2 de janeiro de 1557, em Florença.
As obras de Pontormo
Pontormo trabalhou principalmente na cidade de Florença e nos seus arredores. Nesse local, os pintores e artistas tiveram o patrocínio da Casa dos Médici.
Uma de suas primeiras obras foi a “Visitação da Virgem e Santa Isabel”, que levou dois anos para ser concluída, ou seja, em 1516 estava finalizada. As figuras pintadas no afresco tornaram-se seu estilo discernível.
Quando chegou o ano de 1519, o nome do artista havia se espalhado por toda parte como pintor de raros presentes. Ele havia aperfeiçoado a arte de retratar emoções mais agitadas das pinturas.
No mesmo ano, começou a trabalhar no afresco na Villa dos Médici, localizada em Caiano. Terminou três anos depois e foi apreciado pelos mais nobres homens da época.
Pontormo teve que deixar Florença no ano de 1522, quando a praga se espalhou pela cidade. Assim, o pintor foi para Certose di Galluzzo. Foi lá que ele teve a oportunidade de pintar os afrescos no mosteiro cartuxo.
Em 1528, o artista criou sua maior obra de todos os tempos: foi ele quem pintou o retábulo na Capela Capponi, em Florença. A tela, que foi intitulada “A Deposição da Cruz”, continua sendo uma de suas obras mais famosas que sobrevivem até os dias atuais.
Embora muitas pinturas feitas por Pontormo tenham sido danificadas, diversas outras sobrevivem. Elas estão alojadas em diferentes museus e galerias da Itália e de partes da Europa.
Sabe-se que ele se afastou da vida pública nos últimos 10 anos de sua vida, mas seu último grande trabalho foi nos afrescos de San Lorenzo, Florença. A obra permaneceu inacabada e parcialmente danificada, mas mostrou a profunda influência que Michelangelo teve em sua mente.
O estilo de Pontormo
“Visitação” fazia parte de um ciclo de cenas da vida de Maria, para o qual Andrea, seu mentor, também contribuiu. Foi um sucesso tão grande que chegou a despertar seu ciúme.
A ruptura com o estilo clássico da Alta Renascença ocorreu quando a habilidade na renderização realista aparentemente alcançou um ponto na obra de Da Vinci e outros artistas que não poderia ser superado.
Andrea e seus contemporâneos reorganizaram essas observações realistas em belas composições, que tendiam a esquemas acadêmicos suaves e idealizados. Os alunos de Andrea, por sua vez, formalizaram os padrões deixando certa distância da natureza.
O artista maneirista enfatizou a figura, como fizeram os pintores da Alta Renascença anteriores. Entretanto, distorceu suas proporções e sua relação com o espaço.
Assim, a “Visitação” de Pontormo apresenta pessoas grandemente vestidas e simetricamente agrupadas. Foi dessa forma que Andrea fez em sua arte, mas em maior escala em uma série de pequenas pinturas de José no Egito (1515-1518).
Pontormo espalhou as figuras pela superfície da imagem, caprichosamente interligadas. No retábulo (1518) de St. Michele Visdomini, em Florença, sombras negras separam as pessoas e ocultam quaisquer coordenadas espaciais. No afresco (1520) da vila Medici, representando o mito pastoral de Vertumnus e Pomona, as figuras parecem olhar de volta para o admirador, sem fazer nenhum gesto que as vincule a uma narrativa. Todas as figuras são modeladas de forma convincente, bem como seus incontáveis desenhos são brilhantes.
Dos afrescos da paixão de Pontormo (1523-1524) na Certosa de Galluzzo, Cristo antes de Pilatos é o mais famoso. As figuras, influenciadas por Albrecht Dürer, são bastante alongadas, e o espaço recuado é intitulado quase verticalmente para cima.
O ponto alto da carreira do artista
O retábulo da Deposição (1526) em St. Felicita, em Florença, é o ponto culminante da carreira do artista. Um monte de figuras em ascensão em estranhos tons de rosa e verde, cada um desenhado de forma nítida. Esta pintura é uma obra-prima do maneirismo florentino primitivo.
Pouco do trabalho tardio de Pontormo foi preservado. Na década de 1530, ele pintou retratos estilizados e trabalhos derivados de Michelangelo, outra fase do uso da arte concluída como ferramenta básica ao maneirismo.
Seus últimos afrescos (1546-1556), em St. Lorenzo, executados com um novo estilo de linhas fluidas não foram bem sucedidos. Entretanto, isso não apagou toda a magnífica obra de Pontormo, que perdura inspirando até os dias atuais.