Conheça Sandra Kogut, grande cineasta brasileira

Cineasta, videomaker, documentarista, professora e pesquisadora: Sandra Kogut iniciou sua vida acadêmica com apenas 16 anos, em 1981, ao ingressar em filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Porém, já no ano seguinte, ela transfere-se para a área da comunicação, onde começa a estudar sobre o audiovisual.

No início de sua carreira, ela começa a documentar performances em sua cidade. Uma dessas resultou no vídeo Intervenção Urbana (1984), gravado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Nele, ela registra o trabalho de um grupo de artistas coordenado por Cleber Machado.

Nos dois anos seguintes ela produz uma série de projetos experimentais. São eles: Egoclip de 1985, em junto ao o poeta Chacal; 7 Horas de Sono em 1986, com o artista plástico e escultor Barrão; e O Gigante da Malásia em 1986.

Mesmo sendo menos acessível nos anos 80, o aparato videográfico foi o mais explorado por Kogut para realizar seus trabalhos. A documentarista acreditava que esse formato permitia traduzir muito melhor o potencial poético dessas performances e dos cenários. Dessa forma, seria mais fácil explorar o processo de edição, gravação e produção desse material.

Mais tarde ela perceberia que tudo isso tinha relação com sua fascinação pelo indivíduo, sua humanidade e natureza.

Onde ela atuou?

Como foi dito acima, ela iniciou sua carreira documentando performances que aconteciam na sua cidade e realizando alguns projetos experimentais de vídeo.

Nessa época, fazia apenas alguns anos que havia entrado na universidade e estava apenas iniciando uma ampla carreira repleta de experiências novas. Sandra ainda iria se tornar uma cineasta bastante reconhecida no mundo todo.

Vídeo Cabine Número 1

Em 1988, realizou um projeto chamado Vídeo Cabine Número 1, onde ela dispõe cabines de exibição e filmagem de vídeo, com proporções individuais, em lugares públicos das capitais do Rio de Janeiro e São Paulo. Qualquer pessoa que estivesse passando pela rua e ficasse curiosa, poderia gravar a si mesma fazendo o que quisesse.

Sem roteiro, muito menos direção, essas gravações mostraram a espontaneidade e naturalidade que cada pessoa assume diante da câmera.

Ela elaborou esse trabalho pensando na distância entre as pessoas e os processos de produção de vídeo, ainda que quase todo mundo tivesse uma televisão em casa e ela fosse algo tão relevante no cotidiano da população.

Além disso, caracterizando um trabalho vindo de Sandra Kogut, ela queria capturar a identidade de cada indivíduo através da câmera.

Parabolic People

Em 1988 ela é premiada no VI Festival Fotoptica Videobrasil pelo videoclipe Julliete, fazendo seu trabalho chegar à televisão. Por conta dele, Sandra Kogut é contemplada com uma residência artística no Centre International de Création Vidéo Pierre Schaeffer, na França. Lá, ela começa um projeto inspirado nas videocabines chamado Parabolic People.

Esse trabalho consistia, assim como o outro, em colocar cabines de vídeo em lugares diferentes. Só que dessa vez elas foram dispostas em cidades ao redor do mundo todo: Dacar, Paris, Nova York, Tokyo, Moscou e Rio de Janeiro.

Com isso, ela pode trabalhar uma diversidade infinitamente maior de etnias, culturas, linguagens e comportamentos no geral que são impulsionados com a presença de uma câmera. Nele, o espectador pode presenciar o encontro inesperado de pessoas de lugares diferentes e aprender mais sobre a individualidade humana.

Globograph

Por conta do seu conhecimento técnico e o olhar original capaz de adquirir reconhecimento do mundo todo e ganhar diversas premiações, Sandra Kogut foi chamada em 1995 para ser diretora do Globograph, projeto de pesquisa da TV Globo. Lá, eram estudadas formas de transformar informações computacionais em imagens.

Brasil legal

No mesmo ano que entra para o Globograph, ela elabora o Brasil Legal: um programa apresentado por Regina Casé que tinha a proposta de mostrar lugares e tipos diferentes de pessoas que poderiam ser interessantes, inusitados e geralmente anônimos por todo o país.

Nele, eram praticadas as inovações gráficas estudadas no Globograph. Além disso, o programa era feito de narrativas não lineares e tinha a intenção de integrar a cultura brasileira. Isso é algo muito presente em qualquer trabalho de Kogut.

Como é sua trajetória cineasta?

Além de criar séries, clipes e programas, Sandra Kogut teve alguns projetos em paralelo que se tratavam desde curta metragens até longas. A maior concentração deles foi elaborada nos anos 90 nos períodos de sua residência, enquanto trabalhava na televisão e nos anos seguintes.

Entre eles, estão: FrEn ançais (1993), Adieu Monde ou L’Histoire de Pierre et Claire (1998), Lá e Cá (1995) e Lecy e Humberto nos Campos Neutrais – Chuí – Chuy (1999).

Foi em 2001 que lançou seu primeiro longa-metragem, um documentário chamado Passaporte Húngaro. Nele, ela conta sobre as dificuldades burocráticas de adquirir esse documento enquanto reflete sobre as questões de identidade, biografia e nacionalidade.

O próximo filme foi Mutum (2007), falando sobre a história de dois irmãos, onde o mais velho tem 10 anos, que são obrigados a enxergar o mundo sobre a ótica dos adultos.

Além desse, lançou em 2015 o longa Campo Grande, que narra a história de duas crianças deixadas nas portas de um condomínio e orientadas a procurar a dona de algum apartamento.

Ambas as obras abordam as temáticas pertinentes para Sandra Kogut da identidade do indivíduo.

Qual o tema principal nas obras de Sandra Kogut?

Assim como visto no decorrer do texto, a cineasta e documentarista gosta de abordar em suas obras o tema da individualidade. Dessa forma, por toda sua carreira, a natureza humana e a espontaneidade têm sido trazida através de experiências e formatos inovadores.

Uma reflexão que a artista gosta de trazer em entrevistas é a de que, com a chegada do vídeo, as pessoas deixaram de lado sua espontaneidade. Ela afirma que como esse formato registra de uma forma tão instantânea, nós também passamos a nos comportar mais preparados para sermos filmados.

Além disso, o que antes era interessante e novo de capturar uma reação espontânea já não é mais, pois isso também já virou meio que um “clichê”.

Saiba mais sobre:

Ela está sempre buscando abordar o que aborda, através de diferentes tipos de temáticas e formatos.

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