Sumi-ê

Sumi-ê é uma técnica de pintura oriental que surgiu na China

Os orientais são conhecidos pelo incrível talento para arte, delicadeza e olho clínico na hora de expressar suas ideias. Mesmo em meio às inúmeras mesclas culturais existentes, o sumi-ê mantém suas belas características e encanta pessoas do mundo inteiro.

Sumi-ê

Muito mais do que somente uma pintura, o sumi-ê possui um incrível significado que, para entendê-lo, basta saber interpretar. No ano de 960 iniciou-se a técnica de pintura sumi-ê, que foi introduzida no Japão por monges budistas em pleno século XIV.

Em virtude de o zen-budismo ser uma religião que prega fortemente a autodisciplina, desapego, respeito com a natureza e contemplação, o sumi-ê visa incorporar essa visão de vida e filosofia na arte. Por conta disso, tais pinturas representam somente aquilo que é o mais essencial aos elementos: as formas.

Dessa maneira, não se apega em detalhes que possam descaracterizar a pintura e rotular demais a arte. Mesmo com o avanço das técnicas e modernidade que o sumi-ê atravessou, ainda existem artista que o fazem de maneira tradicional

Sumi-ê tradicional

Já que é uma técnica muito antiga, o sumi-ê original é feito apenas com nanquim em barra. A técnica consiste em esfregar a barra contra uma pedra plana enquanto se mescla com a água. Dessa maneira, misturam-se as densidades da pintura, mas, ainda assim, mantendo o artista com pleno controle sobre a obra.

Além disso, o sumi-ê original é monocromático, já que a cor preta simboliza, na cultura oriental, a simplificação das cores. Além disso, em sua originalidade, essa arte simboliza a expressão única de tudo o que está ao seu redor.

Como dito anteriormente, a intenção do sumi-ê é ser uma extensão do zen-budismo e não se apegar aos detalhes. Isso significa que, mesmo ao retratar uma figura humana, ignorará a aparência externa e fará, geralmente, somente a sua silhueta, com pouquíssimos detalhes de rosto ou roupa.

Importante frisar que o sumi-ê é uma arte que aceita erros e os transforma, muitas vezes, em um detalhe que faz toda a diferença. O motivo é que é impossível voltar atrás após cometer algum deslize, como um traço errado. Caso haja a necessidade de corrigir a pintura, é preciso começá-la do zero.

Modernização da prática

Assim que chegou ao Japão, o sumi-ê começou a ser adaptado. O que antes era feito com nanquim em carvão, agora apresenta-se com:

  • Pincel de pelo fino;
  • Aguava;
  • Papel de arroz.

O pincel de pelo fino utilizado pelos Japoneses assim que o sumi-ê chegou ao país, possui uma alça de cana de bambu que facilita o efeito fluído. Em seguida, a aguava é a técnica que utiliza uma determinada quantidade de água e álcool. Assim, obtêm-se tonalidades espessas de aquarela.

Em seguida, o papel de arroz, que hoje em dia é utilizado em bolos como um papel comestível, ocupou o lugar da pedra para que todos pudessem ter uma melhor visão da arte criada. Atualmente, com tamanhas tecnologias disponíveis, o sumi-ê é feito com aquarela e guache.

Sumi-ê

Principais características

E suma, o sumi-ê é tido, tanto no Japão quanto na China, como uma pintura caligráfica. Isso significa que todas as pinceladas que o autor der, precisam, de certa maneira, conseguir de fundir com a natureza da obra.

Dessa forma, uma das principais características desse tipo de arte, é, de fato, ser suave e ter a ausência do controle absoluto sobre ela. Afinal, o caráter do artista precisa ser revelado através de sua pintura e da forma como realiza o sumi-ê.

Em relação aos estudos voltados para essa arte, o aluno, precisa aprender quatro plantas e suas formas para saber como realizar os traços principais que são conhecidos como “Os quatro nobres”. São eles:

  • Orquídea: representa a primavera;
  • Bambu: representa o verão;
  • Crisântemo: representa o outono;
  • Ameixa em flor: representa o inverno.

Além disso, o sumi-ê tem, entre suas principais características, as linhas suaves estão sempre presentes e a intenção é que não sejam alteradas, já que se trata de uma arte delicada e atemporal. Por conta de as linhas precisarem ser suaves e não muito figurativas, os elementos da pintura somente são demarcados com suavíssimas pinceladas e manchas.

Modernização do sumi-ê

Mesmo que seja extremamente compreensível que todas as coisas possuem ciclo e que isso ocasiona mudanças, o sumi-ê sofreu alterações que praticamente mudaram a forma e a intenção inicial de ser representado.

Hoje em dia, a obra deixou de ser monocromática e passou a apresentar uma grande quantidade de cores, chegado perto, as vezes, das pinturas em aquarela. Além disso, uma grande quantidade de detalhes foi incrementado.

Dessa forma, esse tipo de pintura consegue captar, hoje em dia, muito mais o ambiente, objetos, traços do rosto e corpo e demais aspectos que inspiram a beleza externa. Importante frisar também que, como dito anteriormente, a técnica está sendo feita com pintura guache e em papéis específicos para aquarela.

Também é uma técnica muito mais fácil de ser aprendida, já que com os incríveis meios tecnológicos presentes no dia de hoje, é possível adquirir ensinos a distância e adquirir conhecimento de profissionais fortemente avançados na prática.

Materiais para praticar o sumi-ê

Como a intenção é praticar o método tradicional, o material para quem deseja colocar algumas ideias em prática e aprender mais sobre a técnica, é apenas a utilização de pincéis, tinta nanquim ou semelhante e papel à base de arroz.

Assim, é possível tentar desenhar formas abstratas ou não. Caso seja em um curso, o professor poderá ensinar uma série de desenhos mais simples e de fácil aprendizado. Geralmente, o primeiro desenho ensinado é o bambu.

De qualquer forma, é uma técnica que carrega grande simbolismo e significado, além de agregar uma série de lições sobre a religião que inspirou a arte, zen-budismo, apenas através de uma bela e simples pintura.

Para todas as pessoas que gostam de aprender e despertar novos e profundos talentos, bem como exercitar a calma e a imaginação, o sumi-ê é a técnica mais adequada, seja pelo simbolismo, ensinamento ou pelo fato de permitir que o pintor erre e faça disto uma parte importante da pintura, fazendo com que não haja pressão pela perfeição e controle sobre a obra.

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