Vida e obra de Victor Meirelles de Lima, professor e pintor brasileiro

Victor Meirelles de Lima foi um pintor brasileiro mais conhecido por seus trabalhos relacionados à cultura e à história de seu país.

Conhecido como pintor, desenhista e professor, Victor Meirelles de Lima é um dos mais respeitados artistas brasileiros, conhecido mundialmente por suas telas. Sua carreira começou muito precocemente, onde seus primeiros passos foi a realização de desenhos da paisagem da cidade em que vivia.

Nascido em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, em 18 de agosto de 1832, é filho pai português e mãe brasileira. Conheça mais a seguir sobre esse se tornou um significativo pintor histórico do Brasil no século XIX.

Formação

Com uma infância muito pobre, os primeiros anos de sua vida foram bastante complicados. Mas Victor despertou o interesse pelo desenho ainda muito cedo, iniciando seus estudos artísticos logo em 1838. Passava seu tempo livre desenhando bonecos e da paisagem da cidade em que morava. Também reproduzia imagens de folhetos e gravuras que encontrava.

Por volta de seus 10 anos, em 1843, começa a receber aulas do padre Joaquim Gomes d’Oliveira e Paiva. Juntamente ao padre começa os estudos em francês e filosofia, além de aprofundar os conhecimentos que já tinha em latim.

Além disso, por conta de seu talento que surge precocemente, com o incentivo da família e de algumas autoridades locais, passa a receber aulas de estudos artísticos com o professor Mariano Moreno, um engenheiro argentino professor de desenhos geométricos.

Vida e estudo no Rio de Janeiro

No ano de 1847 suas habilidades chamaram tanto as atenções dos conselheiros do Império Jerônimo Francisco Coelho, que esse acabou por levar Meirelles para o Rio de Janeiro. Na cidade carioca foi matriculado na Academia Imperial de Belas Artes, aos 14 anos.

Assim sendo, inicia a aprendizagem na academia com José Correia de Lima, um dos ex-alunos de Debret. Durante 5 anos estudou desenho e pintura histórica na academia. Graças a sua obra São João Batista no Cárcere, conquistou o Prêmio Especial de Viagem para a Europa.

Estudos na Europa

Em 1853, por não existir curso superior no Brasil, a saída era estudar na Europa. Foi quando conseguiu uma bolsa e mudou-se para o velho continente, a fim de aperfeiçoar suas técnicas. Frequentou escolas de arte na Itália e na França, assistindo aulas de pintores como Tommaso Minardi e Nicola Consoi.

Na Academia de São Lucas, em Roma, enquanto tomava aulas com Consoi, passa a estudar com modelos vivos. O que o auxiliou a melhorar e desenvolver suas técnicas de pintura histórica.

Já sua estada em Veneza, se encanta com as técnicas de cores da pintura veneziana. Passou a copiar obras de artistas como Ticiano, Tintoretto e Lorenzo Lotto.

Após quatro anos de estudos e ótima produtividade em suas prestações de serviço, conquistou uma vaga de extensão de bolsa na famosa Escola Superior de Belas Artes de Paris. Desenvolveu técnicas de pintura com o estilo purista, de cores e desenhos mais suaves. Esse era um rumo oposto ao estilo neoclássico, que era tendência na época.

Foi nesse período que passou a analisar telas de Horace Vernet, reconhecido por sua pintura de batalhas em campos de guerra. Outros nomes que colaboraram para o aperfeiçoamento de suas pinturas na Europa foram Léon Cogniet, André Gastaldi e Paul Delaroche.

Primeira obra de prestígio

Durante sua estada em Paris, concebe sua pintura mais conhecida, reproduzida inúmeras vezes em livros escolares do Brasil até hoje. A obra em questão, chamada de A Primeira Missa no Brasil de 1861, traz o retrato da primeira missa que aconteceu em solo brasileiro, descrita nas cartas de Pero Vaz de Caminha.

Diversos intelectuais do século XIX julgam essa como a primeira grande obra de arte do Brasil. Além dos inúmeros elogios, a obra rende a Victor Meirelles de Lima um espaço de prestígio no Salão de Paris de 1861.

Tal obra só foi possível graças a seu professor e orientador, Manuel de Araújo Porto Alegre. Foi ele o responsável por sugerir a Victor que retratasse em pintura, a carta de Pero Vaz Caminha.

Consagração como pintor brasileiro

Ainda no ano de 1861, prestigiado e consagrado como artista, volta ao Brasil. Desse modo recebe uma condecoração de D. Pedro II como Cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo e da Imperial Ordem Rosa. Tal ordem premia aqueles que se distinguem por fidelidade conforme seus serviços prestados ao Estado brasileiro.

Em contrapartida pintou o retrato do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz Tereza Cristina no ano de 1864. Duas de suas obras mais conhecidas.

No ano de 1866, após ser nomeado como docente de pinturas históricas da Academia Imperial de Belas Artes, pinta a obra Moema. Desse modo, tal tela é inspirada no poema Caramuru de 1781. Moema é uma das personagens do poema, que narra as desventuras da índia que fora abandonada pelo português Caramuru. Na obra, o corpo nu da mulher é banhado pelas águas da praia, onde é evidenciado em primeiro plano, seu rosto. Revelando assim sua beleza exótica, causando estranheza ao mesmo tempo que apresenta uma imagem sensual.

No ano de 1868 recebe uma encomenda com a finalidade de retratar telas ligadas a Guerra do Paraguai. Tal batalha estava em andamento, o que fez com que Meirelles se deslocasse até o local do confronto e se instalasse em um dos navios do Brasil. Dessa maneira, passa 6 meses no local elaborando telas de enormes dimensões.

Entre 1869 e 1872 pinta duas grandes obras, a Passagem do Humaitá e A Batalha Naval do Riachuelo. O quadro a Batalha dos Guararapes, juntamente com a obra Batalha do Avaí de Pedro Américo, são expostos na Exposição Geral de Belas Artes de 1879.

Últimos anos

Após 1885 se dedica a empresa de panoramas, numa alternativa à pintura histórica e encomendas oficiais que antes produzia. Dentre elas destaca-se o “Panorama Circular da Cidade do Rio de Janeiro”. Entretanto, ao fim da vida, mantém-se de exposições públicas desses panoramas, e de maneira melancólica, lamenta o esquecimento do público a seus quadros.

Victor Meirelles de Lima, de grande reputação na educação de pintores brasileiros durante os 30 anos que lecionava na Academia Imperial de Belas Artes, morreu no Rio de Janeiro em 22 de fevereiro de 1903.