O período do Renascimento marcou profundamente a história. O evento se deu através da reinserção de temas, técnicas e ideais, seja da ciência, arte e também da filosofia, oriundas da antiguidade greco-romana. É exatamente neste contexto que surge Benvenuto Cellini, uma das figuras mais importantes e emblemáticas do movimento cultural.
Considerado uma das personalidades mais aventureiras, por vezes controversa, mas sem dúvidas entre os mais magníficos do Renascimento, o artista deixou um legado que vale a pena ser apreciado. Portanto saiba tudo sobre as obras mais importantes e os fatos mais relevantes da vida deste personagem ímpar.
Quem foi Benvenuto Cellini?
Nascido ao dia 3 de novembro do ano de 1500, na cidade de Florença, Itália, Cellini era filho de um fabricante de diversos tipos de instrumentos musicais. O sonho de seu pai era que ele fosse um importante músico, tanto, que esforçava-se na tentativa de educar o filho para tal carreira. De personalidade marcante e com propósitos claros, ele contrariou a vontade paterna e foi desenvolver um de seus talentos como aprendiz junto a um joalheiro.
De alma inquieta, mesmo tendo sido um bom aluno no curto período de tempo na função, o artista percebeu que seu trabalho somente teria expressão necessária em Roma.
Por lá estabeleceu-se, sendo que seu primeiro trabalho desenvolvido como um ourives de fato profissional, foi o Saleiro de Prata. O sucesso foi tão grande, que o cardeal que havia solicitado a obra, maravilhado com o resultado, encarregou-se de fazer uma grande propaganda, exibindo-a por toda a cidade.
Principais fatos da biografia de Benvenuto Cellini?
Escultor de grande talento e considerado o maior ourives no período do Renascimento, Cellini teve entre os grandes trabalhos de seu portfólio, o Saleiro de Ouro e a Ninfa de Fontainebleau. Sendo que as duas obras foram desenvolvidas para o Rei Francisco I da França.
Na Itália, enquanto no período do Renascimento, o Papa Clemente VII era uma importante figura cultural. Próximos a ele, estavam os mais talentosos artistas da época. Além disso, ele era um bom intermediário entre as classes mais abastadas, os políticos e os nobres, facilitando assim a contratação dos artistas. Exatamente neste panorama que Benvenuto Cellini foi introduzido.
No mesmo período histórico ocorria guerra entre Espanha e França. Alguns eventos serviram para devastar uma grande área ao norte da Itália, chegando até mesmo a Roma, que foi invadida no ano de 1527. Estando refugiado com um grupo de outros homens no Castelo de Santo Ângelo, o artista mostrou outra habilidade, liderando um levante e protagonizou batalhas corajosas e que marcaram a época.
Após a expulsão enérgica dos invasores, não tardou para que Cellini fosse considerado herói de Roma. Após os eventos, foi contratado pelo Papa Clemente II, para quem produziu alguns trabalhos importantes. Entre os mais significativos está um medalhão de ouro, carregando a própria imagem do então pontífice.
Depois de algum tempo o artista retornou ao seu labor como ourives, produzindo verdadeiras obras primas. No ano de 1534 ocorre o falecimento do Papa Clemente VII, mas seu trabalho para os pontífices não para por aí. Com o Papa João Paulo III assumindo, ele logo contratou os trabalhos do melhor artista ourives de então.
Ligação de Benvenuto Cellini com a França
Cellini tinha um forte desejo de conhecer a França e durante uma breve viagem à Paris, o Rei da França, Francisco I, encantado com seu enorme talento, chega a oferecer-lhe um lugar na corte. Mas o artista não aceitou, retornando então para Roma.
Tempo depois, reconsiderando o convite de Francisco I, Cellini retorna à França e passa a produzir peças que encantaram mais ainda a corte francesa.
O ano de 1540 marcou o ápice da criatividade e produtividade do renascentista, pois foi quando criou para Francisco I, A Ninfa de Fontainebleau e O Saleiro de Ouro. Neste mesmo ano o artista resolve naturalizar-se francês.
A autobiografia
Não há dúvidas de que as obras de Benvenuto Cellini como escultor e ourives tiveram uma enorme importância. Porém o que tornou-o muito mais conhecido foi sua autobiografia. Ditada ao seu secretário, para que fosse escrita em linguagem coloquial, ela é, humanamente analisando, um dos mais consideráveis documentos tratando da Renascença na Itália.
Além de sua autobiografia, Cellini também deixou escrito o Tratado de Ouriversaria e Tratado da Escultura. Os mesmos são poemas que tratam sobre a superioridade, que segundo o artista acreditava, da escultura ante a pintura.
Aventuras e desventuras do renascentista
A vida de Benvenuto Cellini foi marcada por diversas aventuras, mas também por algumas desventuras que marcaram sua história. Ainda jovem envolveu-se em uma forte discórdia, tendo sido banido para a cidade de Siena. Voltando para sua cidade de nascimento, Florença, teve uma condenação de morte, sendo obrigado a fugir para Roma.
Em Roma, sua proteção era mantida pelo Papa Clemente VII, um apaixonado pelas obras do artista, para quem, entre outros, Cellini desenvolveu vários trabalhos.
No ano de 1529 assassinou um ourives rival. Mesmo que seu arrependimento tenha causado sua absolvição foi perseguido e obrigado a retornar para Florença, então governada por Alessandro de Médici. Foi ainda acusado de peculato e preso. Fugiu da prisão, foi perseguido, novamente preso e finalmente solto.
Embora tenha permanecido solteiro por toda sua vida, o inquieto Cellini casou-se em 1564 com sua governanta. Após o casamento o artista descansou de suas aventuras, vindo a falecer em Florença, Itália, no dia 13 de fevereiro do ano de 1571, com então 70 anos de idade.
Principais obras de Benvenuto Cellini
Além dos trabalhos realizados e já sitados, bem como, diversas medalhas, moedas, cálices e outras joias, ainda outros merecem destaque:
- Perseu segurando a cabeça da Medusa;
- Crucifixo de mármore (em tamanho natural);
- Botão de ouro para a capa de Clemente VII;
- Saleiro de ouro representando Netuno e Anfitrite.
Considerações finais
Embora tendo apresentado comportamentos com intensidade controversa, o artista contava com grande genialidade empregada no período do Renascimento. Seus trabalhos foram de uma importância ímpar, que deixaram registros históricos de relevante significância, tanto como ourives, quanto escultor e escritor.
Benvenuto Cellini foi capaz de impressionar reis e papas, com os quais teve grande proximidade e trânsito. Suas ações, muitas vezes questionáveis não o retiram de um rol extremamente seleto, reservado a poucos figurantes do Renascimento.