A coleção de Malevich: 70 obras que passeiam pelo mundo desde 1927

Na história da arte moderna a coleção de Malevich desperta atenção não só pelo talento admirável do autor das pinturas, da singularidade de suas formas geométricas dispostas de modo a não retratar uma figura definida, das cores vivas que causam impacto no apreciador, mas também por sua jornada que a fez atravessar diversos países ao longo do século XX, vários dos quadros da coleção serem adquiridos e expostos em locais diversos da nação de origem do autor e outros tantos permanecendo anônimos até os dias atuais.

E claro, tal odisseia sem a anuência de Kazimir Malevich, o artista russo que revolucionou as artes ao desenvolver o que ficou conhecido como Suprematismo.

E por que a coleção de Malevich enfrentou esse percalço e acabou sendo fragmentada e ocultada ao longo das décadas do século das grandes transformações como foi o XX?

É o que explicaremos nos próximos parágrafos. Saiba mais sobre a história da coleção de Malevich a seguir.

Confira!

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O rugido do urso vermelho em Berlim

Malevich já tinha produzido e exposto um de seus quadros mais famosos em 1915, “O Quadrado Negro”, que na boca do povo que não se agradou nem um pouco com a obra ficou conhecido como “o quadro negro”, tida como uma das obras inaugurais do Modernismo e objeto de culto até hoje, mas se o povo não se agradou do quadro com formas indefinidas e muito apagadas, quase que imperceptíveis diante do fundo totalmente negro, seus colegas de profissão ficaram maravilhados.

Com seu talento criativo e técnico vivendo mais da fama entre o seleto grupo de artistas, ganhou prestígio ainda que não a fama que só viria a ganhar depois de morto. O suficiente para ser convidado para uma exposição individual em Berlim em 1927.

A coleção de Malevich exposta nesse evento contava com 70 quadros e tiveram que se separar as pressas de seu dono, que nunca mais voltaria a velas juntas, e sem lhe render um tostão sequer.

E isso se deveu porque a exposição teve que acabar antes da data programada. Kazimir tinha sido convocado de volta a sua terra natal, a União Soviética Stanilista. Como muito de seus pares artistas, professores, cientistas, indígenas e sem terra… ops… esses últimos são alvos de outro autoritário… era considerado suspeito de oposição.

Na pressa, e pressentindo que o pior estaria por vir, combinou com um conhecido alemão, o arquiteto Hugo Haring, de que as obras ficariam a seus cuidados enquanto iria ter um papo com os lacaios do “homem de aço”.

Malevich foi considerado “culpado”, perdeu suas funções oficiais e, claro, é uma receita que não pode faltar em nenhuma ditadura que se preze, foi preso e torturado. Suas obras foram consideradas proibidas na URSS e confiscadas.

Com esse “pequenino” entrave, o russo não pôde voltar para resgatar seu trabalho com o alemão. A coleção de Malevich, então, ficou por muitos anos guardada na Alemanha, que assistia uma figura sinistra chegar ao poder: um ex-militar sem muita instrução, mas com muita energia e raiva dentro de si. Ah, e um bigodinho que nunca mais voltou a ser empregado depois de sua morte…

A Copa do Mundo é nossa

E a coleção de Malevich passou a ser de ninguém. Haring conseguiu a façanha de esconder dos nazistas os quadros do russo e ficou com eles até a sua morte em 1958.

Com o seu falecimento e por Malevich, infelizmente, ter sido enterrado 13 anos antes, além das obras do pintor ter ganhando em popularidade e notoriedade com o decorrer das décadas, a família do arquiteto decidiu vender toda a coleção de Malevich.

E se tivesse existido apenas um comprador, talvez seria mais fácil identificar o paradeiro de todas as obras, mas ocorreu que diversas pessoas, colecionadores, se interessaram, tanto na Europa como na:

Nova Roma

Com o desfalecimento das grandes nações europeias depois dos conflitos bélicos mais sangrentos e destrutivos da história, os EUA se tornam a nova Roma, a nova capital do mundo, devido ao seu poderio econômico e bélico, que apesar de ter se envolvido em ambas as guerras não teve sua infraestrutura e meios de produção seriamente comprometidos como ocorreu com as nações europeias envolvidas no confronto, e também soube se aproveitar de vários empréstimos que fez aos aliados durante o conflito e do espólio dos perdedores.

Esse novo gigante econômico também conseguiu despontar como um polo das artes aproveitando-se da situação fragilizada do velho continente. Com a Europa em frangalhos, artistas vendiam a suas obras quase a preço de banana.

Uma das compradoras da coleção de Malevich posta a venda pela família de Haring foi a norte-americana Peggy Guggenheim. Adquiriu 6 obras.

E os demais 64?

Como relatado há pouco, as vendas foram fragmentadas e não centralizada em uma pessoa. Alguns dos quadros foram possíveis de localizar com o avançar do tempo. O museu holandês Stedelijk conseguiu adquirir 17 quadros que vieram a ganhar a luz do dia muitos anos depois. Contudo, a maioria permanece em mistério.

Considerações finais

A coleção de Malevich, que foi exposta pela primeira vez em Berlim em 1927, foi para sempre separada de seu criador quando este foi convocado pela União Soviética para passar por uma investigação. Foi identificado como membro da oposição do regime ditatorial, motivo mais do que suficiente para metralhar… quer dizer… torturar e prendê-lo, cassando-o de suas funções oficiais e abolindo a sua obra no país, que passa a ser considerada proibida.

Ficou a cargo do arquiteto Hugo Hering abrigar a coleção de Malevich na Alemanha, o que o fez bravamente conseguindo ocultá-la dos vigaristas nazistas que procuravam pretexto para encher os campos de concentração ou os próprios bolsos.

Malevich morreu em 15 de maio de 1935 e Hering em 1958. Sem impedimentos legais, em um contexto de Europa fragilizada economicamente, as obras do autor do “Quadrado Negro” ganhando cada vez mais prestígio e popularidade no avançar do século, a família do alemão decidiu vender toda a coleção de Malevich.

Partes dos quadros se encontram atualmente em museus em Nova York e na Holanda, mas a maioria das obras continua em paradeiros desconhecidos. Outros trabalhos de Malevich, pai do movimento artístico conhecido como Suprematismo, se encontram em Moscou e em diversos museus espalhados pelo mundo.

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