Modernismo: história, conceito, resumo e características

O movimento modernista (ou Modernismo) surge no final do século XIX e abrange o início e quase a metade do XX.

Não é marcado por ter regras claras, rígidas, até porque um de seus princípios era de subverter conceitos instaurados pelos movimentos anteriores e que predominavam no meio acadêmico, escolas artísticas que sempre tiveram muito claras quais eram suas regras, termos necessários a se seguir para uma produção artística poder ser enquadrada, identificada como representante legítima da concepção de arte que defendiam.

Essa falta de fixação de regras claras ou específicas em prol de uma distinção notória dos estilos tradicionais que vigoravam a época de seu desenvolvimento, e para atender uma das bandeiras defendidas pelos defensores desse novo estilo de arte, o da liberdade criativa, levou seus adeptos seguirem apenas princípios norteadores que davam margem para se trilhar diversas possibilidades de expressão.

Por essa razão o Modernismo se diferencia até na forma como se expande, influencia e é definido pelos historiadores: não se trata de um movimento, como ocorreu com os seus precedentes, Romantismo, Realismo, Naturalismo etc, que foi “fabricado” em determinada cultura e exportado dentro de um molde definido, sujeito a pequenas variações, acréscimos locais, mas sem perder a identidade primeva, mas, sim, uma ideia básica que engloba diversos movimentos que floresceram a partir de sua proposta inicial.

As escolas literárias, de pintura, arquitetura, cerâmica etc, anteriores podem ser vistas como uma árvore que foi plantada, regada e solidificada dentro de um contexto histórico, uma cultura específica que passou a ser reproduzida com as mesmas características em outros solos, outras nações, outras culturas, podendo ganhar adornos diferentes em determinadas regiões, mas mantendo a sua estrutura básica e uniforme.

O Modernismo se encaixa na ideia de uma semente com características próprias, traços genuínos e por isso diferente do modelo tradicional: pode evoluir com aspecto diverso dependendo do solo em que foi plantada, mas preservando conceitos essenciais que a identifica com suas semelhantes quando crescidas, ainda que portem diferenças notáveis.

Modernismo seria uma espécie de “marca mãe” que abriga diversos núcleos empresariais, segmentos, marcas menores de segmentos específicos que seguem uma mesma diretriz.

Alguns dos movimentos artísticos alinhados as premissas, estéticas do Modernismo:

  • Dadaísmo;
  • Surrealismo;
  • Futurismo;
  • Simbolismo;
  • Surrealismo;
  • Imagismo;
  • Expressionismo;
  • Vorticismo.

O fator histórico

O Modernismo desponta na Europa no século XIX como um desejo de ruptura dos padrões industrialistas, serialistas, mercantis da era industrial que massificou o processo de produção e tirou de circulação os produtos de caráter artesanal do homem simples, vistos como objetos de maior personalidade e por isso mais atrativos, simbólicos de uma era mais louvável em termos artísticos.

Esse ideal desenvolve-se com mais contundência na Inglaterra do pintor e escritor William Morris, principal liderança do movimento Arts and Crafts.

No entanto, tal pensamento seria apenas um germinar do Modernismo de fato a ser elaborado adiante, porque Morrison defendia a exaltação de eras passadas no âmbito artístico, onde o trabalho manual era mais requisitado e necessário, do que no período industrial em que vivia.

O Arts and Crafts tem um papel importante na construção do Modernismo pela reação que viera despertar e pelo seu método de produção, ainda que tivesse matiz socialista com o lema de “arte do povo para o povo”, ter traço individualista e elementos estéticos palatáveis as crenças defendidas pela elite industrializada reinante.

Na França, foi onde surgiu a melhor resposta aos olhos da elite a ideias como as defendidas por Morrison.

O que ficou conhecido como “Art Noveau”, que em outros países recebeu designações diferentes, inclusive “Modernismo”, tinha semelhanças com o Arts And Crafts, defendia uma produção artística mais arrojada, personalizada e também tinha o propósito de representar uma ruptura ao um padrão estabelecido. Mas a diferença capital é que enquanto Morrison exaltava o passado, o “Art Noveau”, como o próprio nome sugere, o execrava, ignorava por completo o pensamento e a estética das expressões artísticas que vigorava na academia e pregava obras de arte que se valesse de materiais símbolos da era moderna: o vidro, o ferro e o cimento, assim como o uso de tecnologia e racionalidade, como o emprego da matemática e engenharia na confecção das obras.

Essa ideia de exaltação do novo, de ruptura com convenções artísticas antigas ou já consideradas ultrapassadas, obsoletas, a liberdade individual e criativa, foram os pilares da onda modernista que tomou a Europa.

Nota-se que a Art Noveau tinha como intenção a exaltação de um novo que era representado pelo modo de vida, os feitos, dos grandes industriais, enquanto que o Modernismo pregava a exaltação de um outro tipo de novo, da modernidade, mais direcionada para o sentido de liberdade criativa, de desapego a velhas formas tidas como limitantes da capacidade de expressão.

Veja também:

Características do Modernismo

Segue as principais características do chamado Modernismo:

  • Rompimento com conceitos clássicos;
  • Liberdade de criação;
  • Subjetivismo;
  • Fragmentação;
  • Uso de curvas e ondulações;
  • Posicionamentos políticos sobre a realidade que vive;
  • Uso de formas livre na poesia;
  • Escrita informal, coloquial.

O Modernismo no Brasil

No Brasil, o Modernismo se propaga, cria raízes definitivas na Semana de Arte Moderna de 1922 ocorrida na cidade de São Paulo, palco das novidades que surgiam na Europa porque os filhos das famílias abastadas que estudavam no exterior eram, em grande parte, provenientes da “terra da garoa”, por ser o local de concentração das grandes e principais indústrias e um dos maiores redutos da plantação de café, portanto, local do dinheiro.

Os principais representantes da primeira geração do Modernismo no Brasil, que compreendeu o período de 1922 a 1930, foram Oswald e Mário de Andrade e o poeta Manuel Bandeira que, aliás, foi um dos que causou maior polêmica, impacto, ao declamar o poema “Os Sapos”. Já deve ter lido ou ouvido falar:

– “Meu pai foi a guerra!”

– “Não foi!” – “Foi” – “Não foi!”.

Nessa fase, além da negação e ruptura com o passado, buscou-se uma identidade nacional no campo artístico além da valorização do cotidiano como matéria prima da Literatura.

A segunda geração modernista no Brasil, que se estendeu de 1930 a 1945, foi o período de destaque dos romances regionalistaas, onde passou a se analisar as angústias humanas, muitas derivadas dos problemas sociais presentes na época do amadurecimento do movimento Modernista.

A terceira fase, de 1945 a 1960, teve como grandes representantes João Guimarães Rosa com sua literatura voltada para os dramas do sertão nordestino, Clarice Lispector com uma escrita mais introspectiva e de linearidade discursiva quebrada e João Cabral de Melo Neto, com seu rigor formal e busca de significação máxima da palavra. É um período marcado pelo regionalismo universal, valorização da métrica e rima e metalinguagem.

É também o período em que se germinaram conceitos de pós-modernismo, influenciando o advento de tendências como o Concretismo, Cinema Novo e Tropicália.

Considerações finais

Modernismo é um movimento artístico que engloba outras correntes de propósito semelhante, o de ser uma ruptura das convenções clássicas e de se pregar total liberdade criativa para bem da liberdade de expressão, se valendo, por exemplo, de recursos subjetivos para tanto.

O Modernismo surgiu no final do século XIX e influenciou a produção cultural até a metade do século XX. No Brasil, o movimento foi um divisor de águas a partir da Semana de Arte Moderna de 1922 ocorrida em São Paulo.

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