A Origem do Mundo, de Gustave Courbet

Você conhece os detalhes, as técnicas e as motivações que estimularam Gustave Courbet a pintar A Origem do Mundo?

Hoje iremos conhecer todos as minúcias dessa famosa obra de arte. Veremos o que levou Gustave Courbet a criar um trabalho tão provocante como A Origem do Mundo.

O artista

Jean Désiré Gustave Courbet, ou simplesmente Gustave Courbet, foi um renomado artista francês durante o movimento realista do século XIX.

Infância

Nasceu em 1819 na cidade de Ornans, na França. Seus pais eram Régis Courbet (1798-1882) e Sylvie Oudot (1794-1871), donos de um próspero negócio agrícola.

Logo cedo, Courbet foi atraído para o mundo da arte, graças à inspiração de suas irmãs Juliette, Zelie e Zoe. Ele também ficou fascinado com as pinturas de alguns dos mestres de arte franceses, flamengos e espanhóis no Louvre.

Formação

Em 1839, mudou-se para Paris para estudar no estúdio de Steuben e Hesse, mas como estava mais interessado em aperfeiçoar seu estilo individual, logo abandonou o estúdio.

Ele se dedicava a apresentar seu estilo independente na arte, evitando as técnicas tradicionais de arte que vigoravam em seu tempo. Anos mais tarde, seus estilos únicos, se tornaram uma forte fonte de inspiração entre os cubistas e impressionistas.

Trabalhos iniciais

Uma das primeiras obras-primas de Courbet foi uma Odalisca, que foi inspirada em grande parte pela obra Lélia (1833) e as poesias de Victor Hugo (1802-1885). Com o passar dos anos, ele foi perdendo o interesse em obras de arte com temas que apresentavam influências literárias. Em vez disso, passou a trabalhar em pinturas baseadas em temas realistas.

Em 1846, ele começou a excursionar na Bélgica e na Holanda, e suas aventuras fizeram com que ele percebesse o valor de retratar imagens que acontecem dia a dia. Ele foi especificamente inspirado nas obras de Hals (1582-1666) e Rembrandt (1606-1669), incluindo alguns outros artistas holandeses que apresentaram suas obras de arte com imagens de atividades da vida diária.

Foram suas pinturas durante a década de 1840 que o tornaram bastante popular. Suas obras tentaram desafiar as convenções durante esse tempo. A maioria de suas pinturas também apresentava menos temas políticos. Suas pinturas eram muito mais focadas em nus, naturezas-mortas, cenas de caça e paisagens.

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Legado

No final da década de 1840, Courbet começou a inspirar os jovens críticos e entusiastas da arte. Especialmente os realistas e neorromânticos. Seu estilo único também ficou evidente nas obras de outros artistas como Vincent van Gogh (1853-1890), Paul Cézanne (1839-1906), James McNeil Whistler (1834-1903) e Henri Fantin-Latour (1836-1904).

Courbet conseguiu permanecer como uma inspiração para muitos, apesar de suas provações e desafios pessoais. Sua engenhosidade e habilidade fizeram dele um dos artistas mais reverenciados da história. As contribuições que ele deixou, continuaram dando frutos por anos após sua morte.

Ele provou-se ser um dos artistas mais notáveis de sua época e é considerado uma das principais figuras do movimento realista.

Morte

Em 1872, Gustave Courbet foi preso por ter contribuído com a destruição da Coluna Vendôme.

Um ano após o término de sua sentença, o presidente Patrice Mac-Mahon (1808-1893) decidiu reconstruir a coluna e o custo da reconstrução seria pago por Courbet. Sem meios para pagar as despesas, o artista decidiu sair em exílio autoimposto. Ele se estabeleceu na Suíça, onde foi capaz de criar magníficas obras de arte.

Em 1877, morreu em La Tour-de-Peilz, na Suíça, ainda em exílio. Ele sofria de uma doença no fígado, causada pela bebida pesada do artista.

Além de A Origem do Mundo, Courbet deixou para o mundo obras incríveis para serem apreciadas, as principais são: The Desperate Man (1844–1845), The Artists Studio e A Burial at Ornans.

Ah! A figura retratada na pintura The Desperate Man me lembra muito o Johnny Depp (1963-) atuando como Jack Sparrow em Piratas do Caribe. Vocês não acham?

A obra

Agora que já conhecemos um pouco do passado de seu criador, vamos conhecer melhor A Origem do Mundo.

Ficha técnica

  • Título original: L’Origine du Monde.
  • Artista: Gustave Courbet.
  • Data de criação: 1866.
  • Dimensões: 46cm x 55cm.
  • Técnica: Pintura a óleo sobre tela.
  • Período artístico: realismo.
  • Localização: Musée d’Orsay.
  • Temática: mulher, vagina.

Descrição

A Origem do Mundo é uma visão em close dos órgãos genitais e abdômen de uma mulher nua deitada uma cama com as pernas abertas. O enquadramento do corpo nu, com cabeça, braços e pernas fora do campo de visão, enfatiza o erotismo do trabalho.

História

A obra foi criada em 1866. Acredita-se que quem a encomendou foi o seu primeiro proprietário, o diplomata otomano Khalil-Bey (1831-1979). Khalil era uma figura extravagante na sociedade de Paris na década de 1860. Antes de ir à falência com as dividas de jogos, ele montou uma coleção efêmera, porém deslumbrante dedicada à celebração do corpo feminino. Depois disso não se sabe com exatidão o que aconteceu com a pintura.

Até ingressar nas coleções do Musée d’Orsay em 1995 – época em que pertencia ao psicanalista Jacques Lacan – A Origem do Mundo fazia parte do clube de pinturas famosas que raramente era vista de fato.

Motivação

Courbet regularmente pintava nus femininos, às vezes em uma veia francamente libertina. Mas em A Origem do Mundo, ele adotou uma linha de ousadia e franqueza que deu a pintura seu fascínio peculiar.

Os historiadores da arte acreditam que

Curiosidade

Durante vários anos, os historiadores da arte acreditavam que a modelo de Courbet para A Origem do Mundo fosse Joanna Hiffernan (1843-1904), também conhecida como Jo, sua modelo favorita. Amante de seu amigo James Whistler (1834-1903). Porém, em 2013 essa teoria foi derrubada pelo especialista Jean-Jacques Fernier (1931-), que encontrou evidências de que a pintura está na verdade ligada a Constance Quéniaux (1832-1908), uma bailarina da Ópera de Paris e amante do diplomata que encomendou a obra.

Visão crítica da obra

A descrição quase anatômica dos órgãos sexuais femininos não é atenuada por nenhum artifício histórico ou literário. No entanto, graças ao grande virtuosismo de Courbet e ao refinamento de seu esquema de cores âmbar, a pintura escapa do status pornográfico. Essa audaciosa e direta nova linguagem, no entanto, não rompera com a tradição: as amplas e sensuais pinceladas e o uso da cor evocam a pintura veneziana. O próprio Courbet reivindicava descendência e a tradição da pintura carnal e lírica.

Exposição

Apesar de ainda levantar a questão nos dias atuais, do voyeurismo, A Origem do Mundo, tomou seu devido lugar na história da pintura moderna e é exibida abertamente no Musée d’Orsay, na França.

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