Desde a sua criação, a arte bruta vem atraindo muita atenção de críticos em mundo todo por seus traços imprecisos e formas abstratas. No entanto, as obras de arte desse estilo abrange muito mais que o visual.
Para muitas pessoas, esse estilo pode abranger diversos seguimentos da vida e ajudar no tratamento de doenças psicológicas.
Origem da arte bruta
Criada em 1947 por Jean Duboffet, a arte bruta acabou sendo reconhecida em todo o mundo por suas obras abstratas, muitas vezes sendo até complicadas de serem entendidas. Segundo seu criador, a ideia da arte bruta é exatamente essa, assim permitindo que os artistas que optem por esse estilo, saiam do sistema tradicional e do conceito de profissional.
Ao que tudo indica, a arte bruta teria fortes raízes do grafite, especialmente por seus traços imperfeitos, bem comum em ambos os estilos. Todavia, o grafite acaba entrando bem mais na questão cultural, muitas vezes podendo ser achados em ambientes não apropriados e que iram se prejudicar a obra com muita facilidade. Contudo, vale lembrar que grafite é bem diferente de pichação, visto que, geralmente, quem grafita essas obras de arte pode agir mais calmamente e, quase sempre, com uma autorização legal do dono da propriedade.
Para muitos artistas, a arte bruta é considerada um estilo muito autentico e verdadeiro. Na verdade, muitas pessoas veem as obras desse estilo como algo natural, assim dando realmente esse aspecto de autenticidade. Por outro lado, a arte bruta também é conhecida por sua colaboração em tratamentos psiquiátricos e por crianças. Para muitos hospitais, fazer essas peças são uma forma de acalmar e colaborar no melhor convívio entre pacientes.
Características da arte bruta
Dentre as principais características desse movimento, estão o desapego com formas, especialmente as de rosto humano. Todavia, a arte bruta também utiliza de algumas formalidades que envolvem os fundamentos da pintura, assim respeitando algumas questões como cores e tonalidades. Por outro lado, esse estilo não faz questão de expressar detalhes de anatomia em sua composição, muitas vezes abdicando dessas proporções para enfatizar os sentimentos do autor.
Já em questão social, a arte bruta é caracterizada suas ajudas em questões psiquiátricas, muitas vezes colaborando para que o paciente tenha um melhor o estado mental. Em alguns casos, esse estilo também pode ajudar as pessoas a se expressar e ficaram mais calmas durante o processo. Em especial, para prisioneiros que, segundo o criador do estilo, podem se beneficiar por trazer emoções do seu subconsciente através dessa forma de arte.
Inspirações da arte bruta
Segundo Jean Dubuffet e outros artistas do estilo, a arte bruta busca inspiração direta em fontes complemente opostas a tradição ocidental e da cultura artística mais conservadora.
Ao que parece, esse estilo se inspira em métodos abstratos como o concretismo que, em tese, pretende inovar em todas e interações com o espectador. Todavia, os artistas seguem os ensinamentos de Dubuffet, preferem utilizar um modelo mais convencional, apenas com tinta e um quadro, evitando que a arte invada fisicamente o espaço do espectador.
Primeiras apresentações da arte bruta
Apesentado em novembro de 1947, a arte bruta teve sua primeira exposição aberta ao público na galeria René Drounin, em Paris. Nela, a arte bruta acabou ganhando muito reconhecimento e admiradores, consequentemente chamando atenção de muitos criticos da época. Já em 1948, foi construída a Companhia de Arte Bruta que, futuramente, viria ser o grande responsável por divulgar outros artistas do estilo.
Após muito tempo, em 1967, a arte bruta foi representada na mostra organizada no Museu de Artes Decorativas de Paris. Devido a esse acontecimento, nove anos depois, em 1976, esse estilo de pintura ganhou seu próprio museu na cidade Suíça de Lausanne.
Jean-Michel Basquiat
Após muitos dos anos, alguns artistas acabaram ficando conhecidos por imensa qualidade nas suas obras de arte bruta com detalhes do neo-expressionismo. Dentre eles, Jean-Michel Basquiat, um dos nomes mais conhecidos nesse estilo. No entanto, Basquiat também já trabalhou com outros tipos de arte ao longo da sua vida. Segundo o pintor, antes de se dedicar completamente ao seu trabalho atual, ele gostava de pintar utilizando apenas grafite.
Atualmente, as obras de Basquiat são muito bem avaliadas em leilões internacionais, provavelmente sendo o artista mais bem remunero dentre do estilo. Todavia, de acordo com o próprio pintor, muitas de suas obras refletem acontecimentos reais, alguns até da sua vida pessoal.
É importante ressaltar que, ainda na sua infância, Basquiat sofreu com diversos problemas familiares, normalmente causando que eles fugissem de sua casa dezenas de vezes.
SAMO
Em 1977, com apenas 17 anos, o futuro pintor de arte bruta acabou entrando em uma escola para crianças problemáticas. Nesse local, Basquiat encontrou aquele que seria seu primeiro companheiro de pintura, Diaz. Com o passar do tempo, eles acabam inventando uma figura imaginaria para assinar suas obras que, segundo eles, seria chamado de SAMO. No início das aparições, as obras eram assinadas por diversas paredes de toda Nova York, não demorando muito para que outros artistas vissem as pinturas.
No entanto, em 1979, a figura de SAMO acabou desaparecendo. Ao que tudo indica, Basquiat e Diaz acabaram tendo algumas divergências e se separando. Portanto, fazendo com que SAMO nunca mais fosse citado por ambos os artistas em suas pinturas.
Após os problemas com Diaz, Basquiat passou alguns meses morando na rua, conseguindo se alimentar apenas com o dinheiro que conseguia com suas pinturas. Contudo, após aparecer em programas de televisão, Basquiat acabou ficando muito conhecido. Todavia, seu trabalho só acabou ganhando mais destaque após a sua aparição em alguns filmes, permitindo que suas obras ganhassem muito valor.
Considerações finais
Em suma, a arte bruta reformulou e criticou diversos pontos que eram considerados formais no mundo artístico na totalidade. Todavia, esse estilo acabou sendo bem mais do que apenas uma oposição as outras artes.
Nela, é possível encontrar diversos modos de expressar acontecimentos da vida pessoal dos artistas e, especialmente, de pessoas que utilizam a arte bruta para auxiliar no tratamento de algumas doenças, algo que já é comum em vários hospitais espalhados pelo mundo.
Já para muitos, psicólogos, a arte bruta é uma ótima maneira de reabilitar pessoas para a sociedade, assim sendo muito usado em presídios como algo que irá estimular a criatividade do detento.