Arte mesopotâmica

Arte mesopotâmica: o que é e quais são suas características?

Para entendermos melhor a arte mesopotâmica, é necessário que recapitulemos como os humanos passaram a viver em grandes civilizações.

Durante o período neolítico, os grupos de humanos foram deixando a vida nômade e passando a se estabelecer em locais fixos. Naturalmente, eles começaram a migrar e construir suas aldeias ao longo de grandes rios, onde tinham acesso a água em abundância, animais e terra fértil para plantio.

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Durante esse período, surgiram duas grandes civilizações. A egípcia, localizada na África, ao longo do rio Nilo, e a mesopotâmica, que é uma civilização localizada no Oriente Médio e formada por diferentes povos/culturas que se estabeleceram às margens do rio Tigre e do rio Eufrates.

Na literatura, diz-se que a civilização egípcia é paralela a mesopotâmica, pois elas surgem no mesmo período histórico, em lugares diferentes.

Mesopotâmia

Mesopotâmia significa “região entre rios” (meso = meio e potamus = rios) e se localizava na região que hoje em dia é compreendida pela Síria, Turquia, Irã e Iraque.

Podemos perceber que não é de hoje que essa região sofre com o conflito entre os povos que vivem próximos um do outro.

Estima-se que a disputa por território ocorra desde os anos 4000 a.C. naquela região. As disputas e conflitos ocorriam principalmente por causa do solo fértil da região.

Povos mesopotâmicos

A mesopotâmia foi uma região composta por diversas civilizações e esteve sempre em constantes conflitos.

Diferentemente dos estudos sobre a arte egípcia, por exemplo, o estudo da arte mesopotâmica engloba os registros deixados por todos esses povos que passaram pelo local. Isso ocorre porque não existe uma diferenciação brusca na cultura de cada sociedade.

As civilizações que viveram ali foram absorvendo a cultura um do outro e contribuíram com manifestações artísticas diferentes, mas sem ignorar os feitos anteriores. Por esse motivo que chamamos de “arte mesopotâmica” ao invés de “arte suméria” ou “arte babilônica”.

Arte mesopotâmica

Sumérios

A Suméria foi uma das primeiras sociedades a se evidenciar na região. As manifestações artísticas dos sumérios são consideradas como transitórias entre o período neolítico e o mesopotâmico.

Um bom exemplo disso são as representações da Deusa Mãe, feitas em terracotta (argila cozida no forno). É possível notar claramente a semelhança entre a deusa e as estatuetas das vênus encontradas durante o período pré-histórico.

Religião

Assim como os povos neolíticos, o ponto central da cultura sumeriana permanece sendo a religião. Dessa vez, devidamente estabelecida, com seus deuses definidos, mas ainda relativos as forças naturais.

Os adoradores

As estatuetas de adoradores são esculturas pequenas de cerca de 40cm, geralmente feitas com pedra, calcário ou alabastro. Esses adoradores eram os governantes de cada cidade e também eram considerados os representantes de determinado deus.

Diferente dos egípcios, os povos da mesopotâmia não tinham tanto acesso à pedra como matéria prima e isso fica claro ao vermos a arquitetura de cada civilização.

Como a arquitetura necessita de uma grande quantidade de pedra, não existem grandes construções arquitetônicas como símbolos da arte mesopotâmica.

A pouca pedra que eles tinham era utilizada para a construção dessas esculturas de deuses e adoradores. Graças a escassez desses insumos, as pedras acabavam sendo destinadas a coisas sagradas e em tamanho reduzido.

Arquitetura

Devido a grande valorização da religião, o projeto arquitetônico de maior destaque na Suméria foi o Zigurate, que era um templo retangular, semelhante a uma pirâmide, porém, com degraus.

O Zigurate era a edificação central da cidade. Apesar de ser um templo de adoração, era lá onde encontrava-se o núcleo do governo e da economia, já que a cidade crescia ao seu redor.

Estandarte de Ur

Ur é uma das cidades da Suméria. Durante as escavações do cemitério real de Ur, foi encontrada uma placa de madeira com figuras incrustadas.

Apesar das especulações, não se sabe exatamente qual o propósito da placa, mas ela claramente conta a história de seu povo, tanto em épocas de paz quanto de guerras.

Acádios

O primeiro império historicamente conhecido surgiu na mesopotâmia, sob o comando do Rei Sargão I.

Como foram o primeiro império, os acádios sempre estiveram focados na construção e desenvolvimento de suas cidades com a presença de imponentes templos e palácios.

Estela de Naram-Sin

A Estela de Naram-Sin é uma das obras de maior destaque da civilização acadiana. Nela podemos notar os traços imperialistas dos acádios.

Diferente do Estandarte de Ur, que representa uma hierarquia linear, com o sacerdote no centro, a Estela de Naram-Sin traz esculpido em calcário o Rei Naram-Sin (neto de Sargão I) acima do seu povo – uma retratação clara do poder -, abaixo apenas da montanha e do Deus Sol.

Selos cilíndricos

Os selos cilíndricos foram uma das contribuições deixadas pelos acádios e é algo que usamos até hoje.

Funcionavam como as atuais formas, mas tinham formatos cilíndricos que, ao serem passados em argila mole, deixavam uma gravação em alto relevo, sem a necessidade de esculpir essas gravações.

Em sua época, os selos tinham como objetivo identificar marcas/pessoas, como uma espécie de carimbo (daí o nome selo).

Arte mesopotâmica

Babilônicos

A arte mesopotâmica deixada pelos povos babilônicos, assim como a arte dos assírios, foi muito influenciada pelos sumérios. Sua civilização teve como principais reis o Hamurabi e o Nabucodonosor.

Hamurabi é considerado pela história como um rei próspero, pois foi ele o criador do primeiro código de leis da história, também conhecido como Código de Hamurabi.

O código foi cunhado em uma Estela de basalto negro por volta de 1792 a.C. e conta com 182 leis que deveriam imperar sobre os homens.

Arquitetura

Uma característica peculiar da babilônia é que toda a cidade era murada, graças a grande quantidade de povos tentando conquistar a região.

Ainda sobre a arquitetura, a babilônia foi uma das primeiras civilizações a valorizar os animais como símbolo. É possível ver isso na decoração de sua capital.

Na entrada da cidade, havia uma avenida ladeada de leões, para trazer proteção a cidade.

Portão de Ishtar

A Deusa Ishtar era a deusa do amor e da fertilidade e, em sua homenagem, foi construído um suntuoso portão por volta dos anos 575 a.C.

O portão foi construído com tijolos vidrados e com figuras de animais e margaridas (representando o Deus Sol).

Assírios

A civilização assíria também teve sua cultura bastante influenciada pelos sumérios.

Muitos descrevem o povo assírio como sendo brutais e impiedosos. Isso porque, para os assírios, subjugar ou escravizar outras civilizações não era suficiente. Ao vencer as batalhas, os derrotados eram torturados e esfolados vivos.

Religião

Apesar de ainda terem suas crenças e deuses, os assírios valorizavam muito mais os bens materiais que seus antecessores.

Os deuses guerreiros foram muito mais valorizados durante o Império Assírio, o que talvez explique toda a brutalidade que seus inimigos sofriam ao perder uma batalha.

Esculturas

Ao se analisar as esculturas assírias, é fácil notar a valorização da anatomia humana. Em geral, as esculturas retratavam guerreiros e animais, sempre denotando força, poder e imponência, esculturas completamente diferente dos adoradores sumérios.

Arquitetura

Com essa necessidade de demonstrar o poder, a civilização assíria acabou sendo a responsável pela criação dos maiores e mais suntuosos palácios que se tem conhecimento atualmente.

Suas entradas eram sempre compostas pelos touros alados, para que trouxessem proteção (corpo de animal) e sabedoria (cabeça humana).

Outros povos

A arte mesopotâmica recebeu influência de diversas outras civilizações. Podemos citar como exemplo os caldeus, os hititas e os amonitas, mas os registros de arte dessas civilizações não são tão ricos quanto o dos povos citados nesse artigo.

Um outro grande império que habitou a região mesopotâmica e que, diferentemente dos citados acima, contribuiu bastante para conhecermos as manifestações de arte mesopotâmica, foi o Império Persa. Mas, esse, merece um espaço de destaque no estudo da arte oriental.

Até a próxima!

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