Manto Tupinambá

Manto Tupinambá: item cultural brasileiro de grande importância

A verdade é que pouco se sabe sobre um manto tupinambá. Mas, neste artigo, você vai saber mais sobre esse verdadeiro legado da nossa antropologia.

Vamos abordar seu valor e sua história, desde a chegada de Diogo Álvares Correia, um português que naufragou no início do século XVI no litoral baiano e foi recebido por índios tupinambás – embora o que poucos saibam é que essa área já era habitada bem antes de os portugueses aportarem por aqui, há cerca de pelo menos uns mil anos.

Os povos tupinambás

Prepare-se para viajar com a gente, pois para conhecer as origens do manto tupinambá, vamos voltar dois mil anos no tempo.

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Nessa época, as tribos tupis amazonenses começavam a busca pela chamada “terra sem males”. Para eles, era um tipo de paraíso no qual a comida saía do chão e ninguém adoecia.

Para cumprir essa missão, os índios tupinambás, também de origem tupi, precisavam avançar em direção ao litoral. Assim, quando os portugueses chegaram, havia ao menos três de suas aldeias em território baiano: foram chamadas de Cachoeira, Salvador e Itaparica.

Morando às margens de rios, os tupinambás se alimentavam de frutas, peixes e mandiocas, sendo conhecidos ainda como temidos guerreiros.

Apesar de costumarem ser inimigos dos invasores portugueses, os tupinambás conviviam com corsários franceses e alemães, realizando escambos de pau-brasil por utensílios como machados, facões e até espelhos.

Como é fato, os portugueses dividiram nossos indígenas em dois grupos: os tapuias (que seriam hostis, como os tupinambás) e os tupis (índios mais amistosos).

No ano de 1531, ao criar as capitanias hereditárias, os portugueses visaram utilizar índios como mão-de-obra para a agricultura.

Claro que isso incentivou guerras entre eles. Assim, como eram quase sempre vitoriosos, os tupinambás tinham o costume de realizar rituais antropofágicos.

Isso significa que eles comiam a carne dos inimigos capturados, acreditando se apropriar da coragem alheia.

Quando os colonizadores portugueses insistem em tentar domínio sobre a tribo tupinambá, grandes batalhas são travadas. Assim, os portugueses acabam por vencer os índios, fazendo-os migrar para o interior. Aqui surge o mito do manto tupinambá.

Tudo começou no ano de 1700, quando Maurício de Nassau recolheu um certo manto com penas vermelhas, usado pelos índios tupinambás para seus ritos canibais. Ele acabou por se tornar motivo de disputa entre nossos índios e o Museu Real dinamarquês.

E, apesar de os tupinambás serem lembrados como os guerreiros que jamais foram escravizados, muitas de nossas peças indígenas e fósseis culturais brasileiros (como o manto tupinambá) correm o risco de ficar no poder de outros países!

Manto Tupinambá

Definindo o manto tupinambá

Além de serem conceituados como mantos canibais, eles são amostras importantes para se conhecer mais sobre os povos que dominavam nosso litoral à época do nosso “descobrimento”.

Infelizmente, existem apenas seis exemplares em ótima preservação pelo mundo. Suas características são a presença de fibras naturais trançadas e ornamentadas por penas azuis das ararunas e as penas vermelhas de guarás.

Triste é saber que, apesar da sua confecção ter ocorrido no Brasil, para ver um de perto é preciso viajar para o exterior. Isso porque todos os exemplares conhecidos estão em acervos e museus europeus.

Diferença entre antropofagia e canibalismo

Por terras brasileiras, os índios tupinambás foram conhecidos por praticar a antropofagia como parte de um ritual de guerra.

Utilizando o manto tupinambá, eles se alimentavam da carne dos adversários abatidos com a crença de poderem absorver sua coragem e bravura.

Apesar de sinistro, saiba que, na cultura deles, servir de alimento era uma das formas mais honráveis de morrer. Essa tradição ainda podia significar que o guerreiro tinha espírito forte e era corajoso.

A antropofagia

Com origem no grego anthropophagía, antropofagia é o ato realizado pelo indivíduo que se alimenta de carne humana. Ele também pode ser chamado de canibal.

Ato que era parte de rituais em diversas culturas ao redor do mundo, a antropofagia servia para combater a presença de pouca comida. Também era usada para acalmar os deuses em cultos religiosos.

Era bastante usual em certas tribos indígenas e até mesmo na época medieval.

O canibalismo

Muito associado a eventos de antropofagia devido às comunidades indígenas que habitavam o Caribe e realizavam rituais com consumo de carne humana.

Os espanhóis, em meio à exploração de Cristóvão Colombo, ficaram horrorizados com a prática, dando aos índios o nome de “canibales” justamente em referência à região caribenha.

Assim, antropofagia não deve ser entendido como sinônimo de canibalismo.

Manto Tupinambá

Onde apreciar um manto tupinambá

Ao que se sabe, existem apenas seis exemplares de manto tupinambá no mundo. O mais conhecido e em melhor estado de conservação está exposto na Dinamarca. Ele até chegou a ser exposto por aqui, durante as comemorações de 500 anos do descobrimento.

Essa foi a oportunidade para os herdeiros tupinambás reivindicarem sua posse, exigindo o retorno do manto. Entretanto, mesmo contando com a influência e suporte de organizações e universidades, não obtiveram sucesso.

De acordo com o museu dinamarquês, eles dizem que jamais receberam o pedido formal feito pelas autoridades brasileiras.

De acordo com pesquisadores e especialistas, os seis exemplares estão nos seguintes países:

  • Dinamarca;
  • Bélgica;
  • Suíça;
  • Alemanha;
  • França;
  • Itália.

Eles foram levados do país devido à expulsão holandesa do nordeste, no século 17. Por isso que o destino é a Europa, mesmo que ainda seja inexplicável a sua presença nesses museus, apenas admitindo-se que não há conhecimento certo sobre sua procedência.

Como parte de um futuro processo de devolução, tudo precisaria ser feito de forma oficial.

Patrimônios nacionais pelo mundo

E não é apenas com manto tupinambá que o que nosso país abastece acervos culturais estrangeiros. Afinal, a lista vai de peças etnográficas e arqueológicas a fósseis de animais pré-históricos e até de dinossauros.

Entretanto, se antigamente o colonialismo era responsável por tantas perdas, o tráfico ilegal é hoje o grande responsável por isso, seja de fósseis ou, principalmente, de obras de arte.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, atualmente o tráfico ilegal de fósseis é a área com maior preocupação quanto se fala em evasão de patrimônios arqueológicos nacionais.

Com o avanço da internet, a venda desse material se torna difícil de ser rastreada e impedida, mesmo com a lei criada no ano de 1942 para criminalizar a saída dessas obras do país.

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