Pop Art: história, características e exemplos

Eles foram contestadores de quase todos os mais importantes princípios sociais da época em que viveram. Entre outros, combateram o consumo sem limites do comportamento capitalista e, principalmente, hábitos do dia a dia da sociedade norte-americana. A Pop Art nasceu na Inglaterra e expandiu-se rapidamente pelos Estados Unidos entre as décadas de 1950 e 1960.

Mas, os princípios da Pop Art começaram a ser disseminadas um pouco antes, de forma especial a partir de 1930, afirmam os críticos e especialistas. Foi em 1954, entretanto, que Lawrence Alloway, crítico de arte da Inglaterra, usou pela primeira vez a expressão que acabou dando nome ao movimento.

Origem nos meios publicitários

Foi um movimento que nasceu espontaneamente entre diversos artistas da época, quase sempre utilizando-se de cores fortes, brilhantes e até um pouco fluorescentes, como forma de chamar a atenção e lavrar o protesto.

Uma das obras mais divulgadas dessa época é A Banana, que Andy Warhol, um dos artistas ingleses de destaque do movimento, pintou em 1960 e hoje vale milhões.

A popularização como Pop Art, feita por Alloway, é uma abreviação do inglês Popular Art. E com o detalhe de que as primeiras e mais importantes obras nasceram em ambientes como a publicidade, cartazes, desenho industrial e revistas muito bem ilustradas.

Meios para enfrentar o consumismo

Este era o ambiente em que operavam e trabalhavam alguns dos principais artistas desse movimento.

Muitos atuavam em revistas, como ilustradores, ou até na produção de quadrinhos. Também atuavam na nascente arte da fotografia, do cinema e, logo depois, da televisão, e souberam utilizar-se desses ambientes para divulgar com naturalidade o seu trabalho.

A Pop Art buscava, portanto, um tipo de arte figurativa em clara contraposição à arte expressionista da primeira metade do século passado. Utilizava principalmente elementos populares do consumismo inglês e norte-americano, exatamente o que pretendia combater.

Segundo esses artistas, essa era uma forma popular de chegar até o povo e fazê-lo entender o tipo de sociedade consumista e extravagante em que estavam submetidos.

A estética das massas para contestar

E esse era um dos objetivos claros dos principais artistas da época: utilizar-se do vulgar, se necessário fosse, para divulgar as ideias que pretendiam pregar, de combate à sociedade de consumo.

Com isso, boa parte desses artistas ganhou notoriedade, ao aproximar-se do povo simples e desmistificar a arte, que até então só era de acesso às elites.

E esta era a ideia básica desses artistas contestadores – trabalhar com a estética das massas, aquilo que o povo podia entender. Para eles, a arte não deveria ser colocada lá em cima, em locais – como teatros luxuosos – inacessíveis ao grande público.

Sucesso no Exterior, restrições no País

Entre estes artistas, destacaram-se Roy Lichtenstein, Robert Rochenberg, Richard Hamilton e Andy Warhol, todos ingleses ou norte-americanos.

Há uma frase de Rochenberg que ilustra bem o pensamento desse grupo: “Um par de meias não é menos adequado para um quadro do que óleo sobre tela”, afirmou.

No caso brasileiro, a Pop Art não chegou a ter grande popularidade como ocorreu naqueles dois países do hemisfério norte, embora tenham aparecido por aqui artistas que alcançaram renome.

Entre os principais brasileiros, estão Claudio Tozzi, José Roberto Aguilar, Luiz Paulo Baravelli, Duke Lee, Antonio Henrique Amaral e Carlos Farjado.

Polêmica de Oiticica com O Parangolé

A obra de maior destaque da Pop Art, no Brasil, foi o quadro O Parangolé, de Hélio Oiticica, que provocou grande polêmica e chegou mesmo a ser criticado.

Oiticica é um dos fundadores do Movimento Tropicalista da Música Popular Brasileira e, por seus ímpetos contestadores, chegou a ser expulso do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro durante a Mostra Opinião 65.

Ele tentava apresentar Os Parangolés com vestimentas típicas de passistas da Mangueira. Foi sua tentativa ícone para apresentar um estilo de arte que busca acompanhar temas importantes das questões sociais brasileiras.

Censura controlou movimento no Brasil

Esse foi um dos momentos cruciais do movimento da Pop Art no Brasil.

Vivíamos em plena Ditadura Militar, que não tolerava a disseminação de ideais que buscassem contestar o ambiente político de então e com censura direta sobre a arte e, de forma especial, sobre a imprensa da época.

Essa censura direta aos meios de comunicação, a começar por artes cênicas e todas as demais manifestações culturais, é apontada por estudiosos como uma das principais causas que impediu a maior disseminação das ideias dos artistas brasileiros engajados no movimento da Pop Art nacional.

Encontros sacudiram os Estados Unidos

Pouco antes, em 1963, os próprios meios culturais e artísticos dos Estados Unidos haviam sido sacudidos por duas das mais importantes manifestações da Pop Art – a exposição que ficou conhecida como Os Novos Realistas e a Arte 1963, que reuniram alguns dos maiores nomes dessa arte no Reino Unido e EUA.

Participaram artistas como Roy Lichtenstein, James Roisenquist, Andy Warhol, Tom Wesselman e Claes Oldenburg, entre muitos outros.

Foi um momento de grande contestação ao estilo extremamente consumista do capitalismo, através da utilização e emprego na arte de objetos de uso comum, como uma cozinha, por exemplo, ou a vida simples de uma família. Buscavam a massificação da cultura popular.

Um quadro de US$ 20 milhões

É evidente que os militares não gostariam de ver esse tipo de ideia massificando-se também no Brasil, especialmente diante da recém inaugurada ditadura, que se iniciou com o golpe militar de 1964.

Todas essas questões políticas tiveram implicações sérias e diretas com a Pop Art, impedindo sua massificação em solo brasileiro.

Assim como O Parangolé, de Oiticica, algumas das obras dos artistas no exterior passaram a fazer parte de grandes museus e casas de arte. É o caso do quadro A Bandeira Branca, de Jasper Hohns, pintado em 1955. O Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, pagou aproximadamente US$ 20 milhões por esse quadro em 1998.

Contestação à sociedade consumista

Outro que ficou na história para sempre foi o inglês Richard Hamilton, autor de algumas das obras mais expressivas do movimento. Ele foi convidado e fez para os Beatles a capa do disco White Álbum, um dos destaques da discografia do grupo de Liverpool.

Enfim, esse grupo de artistas que nasceu despretensioso e sem organização, a partir da utilização de uma linguagem figurativa sobre costumes da sociedade capitalista, firmou-se com uma temática que rapidamente ganhou o mundo como a Pop Art.

Por isso, ainda hoje existem muitos admiradores desse potencial criativo que ousou discutir, por dentro, esse estilo de vida consumista e esbanjador, que perdura até hoje em boa parte das sociedades do mundo.

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