Retrato de Adele Bloch-Bauer I

Retrato de Adele Bloch-Bauer, de Gustav Klimt

Uma obra-prima que apresenta desdobramentos ainda os dias atuais, o “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” já foi uma das pinturas mais caras da história. E história é o que não vai faltar neste artigo rico em informação e curiosidades para você!

A obra

Antes de conhecer o “Retrato de Adele Bloch-Bauer I”, sabia que Adele, a modelo do quadro, chegou a ser considerada a Mona Lisa do século XX?

A obra do pintor austríaco Gustav Klimt, chamada de “Retrato de Adele Bloch-Bauer I”, é um dos mais famosos do mundo.

Produzido com a técnica de óleo e ouro sobre tela, foram três anos para ele ficar pronto, graças à sua e complexa e elaborada ornamentação. Terminada somente em 1907, a tela é quadrada nas dimensões de 1,38 metro e foi encomendada por Ferdinand Bloch-Bauer.

O mecenas

Por ser um empresário da indústria que conquistou fortuna com o açúcar, Ferdinand Bloch-Bauer tinha gosto em apoiar a cultura e, assim, resolveu promover a arte de Klimt. Esse é o motivo de a modelo Adele Bloch-Bauer ter se tornado a modelo representada por Klimt em duas ocasiões.

Por outro lado, já presente no testamento, a modelo desejou que os quadros pintados por Gustav Klimt deveriam ser doados para uma galeria austríaca.

Entretanto, após morrer em 1925 por causa de uma meningite, os nazistas ocuparam seu país e confiscaram seu patrimônio.

Enquanto toda a coleção de Klimt ficava nas mãos dos alemães, Ferdinand foi se exilar na Suíça. Mas ele chegou a designar em testamento que seus patrimônios deveriam ser passados a seus sobrinhos.

A briga pela posse do quadro

Com tanta disputa pela posse do “Retrato de Adele Bloch-Bauer I”, o fato é que, ao ser propriedade da Áustria, o governo passou a inclinar-se pelo testamento de Adele.

Depois de batalhas em tribunais austríacos e norte-americanos, determinaram que Maria Altmann, uma das sobrinhas de Adele, deveria ser a única proprietária legal da pintura.

Já em poder da sobrinha Maria Altmann, o “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” chegou a ficar em exposição na Califórnia, até ser vendido para uma coleção particular.

Atualmente, a tela faz parte do de uma galeria de Nova York.

Retrato de Adele Bloch-Bauer I

O pintor

O pintor Gustav Klimt é natural da pequena cidade de Baumgarten, sul de Viena, na Áustria. Pela proximidade entre os países dessa região, o artista teve influências diversas, abrangendo as culturas de:

  • Hungria;
  • Croácia;
  • Bósnia Herzegovina;
  • República Tcheca;
  • Eslováquia;
  • Áustria.

Sua carreira começou em 1876, aos 14 anos, quando resolveu ingressar numa escola de artes de Viena. Na época, ele vivia com a venda de desenhos e retratos a partir de fotografias.

No ano de 1879, Gustav Klimt, seu irmão e um amigo auxiliam o professor de pintura na decoração dos murais do museu de arte de Viena. Ganhando destaque nesse trabalho, ele começa a receber pedidos e a viajar de cidade em cidade.

Entretanto, no ano de 1886, o estilo de Klimt começou a diferenciar-se dos demais, dando início ao seu processo de afastamento dos ambientes acadêmicos.

Assim, Klimt se consagrava como um pintor simbolista da Áustria, um dos artistas que fundaram o movimento da Secessão de Viena.

Na fase que seus trabalhos começaram a ganhar notoriedade, Klimt era apenas um decorador de escadarias, átrios e auditórios na capital austríaca.

Mas, já no início do século XX, ele abriu seus horizontes. Conheceu Florença, Veneza e Paris. Assim como acabou por conhecer outros grandes mestres, como:

  • Van Gogh;
  • Bonnard;
  • Matisse;
  • Munch;
  • Toorop;
  • Gauguin;
  • Toulouse-Lautrec.

E é exatamente nessa época, um período de outro em sua genialidade, que ele criou o “Retrato de Adele Bloch-Bauer I”.

Gustav Klimt faleceu aos 55 anos, no ano de 1918. Apesar de ter 14 filhos, ele jamais se casou, embora mantivesse contato com muitas amantes e musas.

A verdadeira Adele

Embora também fosse de família rica, com apenas 18 anos, a modelo Adele Bloch-Bauer se casou com o empresário e mecenas Ferdinand Bloch-Bauer, vinte anos mais velho.

Mesmo sem ter tido uma educação formal, Adele chegou a estuda literatura e idiomas por iniciativa própria.

Claro que o clima da cidade de Viena ao final do século XIX era mais que propício para isso. Nessa época, a capital austríaca tinha toda a presença efervescente de intelectuais e artistas como:

  • Gustav Klimt, autor de seu retrato;
  • O psicanalista Sigmund Freud;
  • O compositor Gustav Mahler.

Não é para menos que a residência do casal era ponto para encontros da elite cultural e financeira da cidade. Amante de artes, Ferdinand fez a encomenda da obra no ano de 1903.

Mesmo sem serem confirmados, surgiram os rumores de que Klimt e Adele tiveram um caso. Mesmo assim, em 1912, ele criou uma segunda tela com ela, chamado de “Retrato de Adele Bloch-Bauer II”.

Retrato de Adele Bloch-Bauer II

A curiosidade aqui é que ele nunca havia pintado uma mesma modelo duas vezes.

Com a chegada do ano de 1943, as telas roubadas de Klimt chegaram a fazer parte de uma exposição que marcou a história da modelo do “Retrato de Adele Bloch-Bauer I”.

Na ocasião, pela primeira a pintura foi chamada de “A dama dourada”, para ocultar raízes judaicas presentes na obra. Mesmo assim, em 2006, o quadro até passou a ser conhecido como “A Mona Lisa austríaca”.

O valor de uma vida

Mesmo com o preço de venda em mais de 130 milhões de dólares (o que faz de o “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” ser um dos mais caros da História da Arte), grande parte desse valor chegou a ser compartilhado por meio de doações.

Maria, a sobrinha de Adele que herdou a posse do quadro, faleceu no ano de 2011, com 94 anos de idade. O fato é que relatos dizem que sua briga não foi por dinheiro nem por vingança.

O roubo do “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” era muito mais do que simplesmente contar o destino da família Bloch-Bauer: era apresentar ao mundo que milhares de pessoas sofreram a barbárie da Alemanha nazista.

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