Inicialmente trabalhando como modelista e marionetista de programas infantis de televisão e filmes, o escultor londrino Ron Mueck acabou se estabelecendo como um autor único de esculturas hiper-realistas.
De fato, Mueck só se tornou ativo na prática que o tornou famoso a partir do ano de 1996. Destacando-se desde então por utilizar resina, fibra de vidro, silicone e outros materiais diversos para construir peças enfatizadas por suas semelhanças inacreditáveis com seres humanos.
Uma das características marcantes das esculturas do artista são suas proporções. Afinal, Ron Mueck brinca com a escala de suas peças, muitas vezes tornando-as muito maiores ou menores do que deveriam ser logicamente. Quando questionado sobre esse traço artístico, o escultor londrino declarou:
“Nunca fiz figuras em tamanho real, porque nunca pareceu ser interessante. Conhecemos pessoas em tamanho normal todos os dias. Alterar a escala faz com que você perceba de uma maneira que você não perceberia com uma escultura em tamanho normal”
Essa foi uma das poucas declarações concedidas pelo artista britânico. Afinal de contas, Ron Mueck é reconhecido por ser uma pessoa notoriamente reservada e discreta. Isto é, ele raramente fala com o público e não é fã de dar entrevistas com muita frequência. Por esse motivo, apreciadores e críticos costumam dizer que Ron é tão enigmático quanto as esculturas que cria.
Conheça a seguir um pouco da vida e obra desse misterioso e autêntico artista, descobrindo mais sobre seus primeiros anos de vida, o início de sua carreira e sua exposição no Brasil.
Primeiros anos de vida
Ron Mueck no ano de 1958, na capital da Austrália, Melbourne, filho de pais alemães. Seus pais eram fabricantes de brinquedos, e ele cresceu criando todo tipo de criaturas, bonecos e roupas em seu tempo livre. Assim, experimentando diferentes materiais e técnicas desde seus primeiros anos de vida.
Ainda jovem, Mueck iniciou sua carreira profissional como modelista e marionetista de filmes infantis. Nessa época, o artista participou de programas como Shirl’s Neighbourhood, The Labyrinth e The Storyteller.
Início da carreira
À medida em que seu desenvolvimento profissional evoluiu, Ron passou a fazer adereços e animatrônicos realistas para o setor de publicidade. Assim, em meados dos anos 90, após trabalhar no cinema e na televisão dos Estados Unidos e Londres, Mueck mudou seu foco para as artes plásticas.
De fato, em 1996, o escultor já estava completamente comprometido com as práticas das belas artes. Desse modo, abandonando completamente todos os empregos comerciais que ocupava anteriormente.
No entanto, o início de sua carreira foi muito inspirado por sua vida pregressa e sua tenra infância. Afinal, desde o princípio, Ron Mueck usou de todas as ferramentas à sua disposição para atingir seus objetivos artísticos.
A identidade artística de Ron Mueck
Mueck muitas vezes apresenta seus personagens em momentos chave de suas vidas imaginárias. Ou seja, representando momentos simbólicos, como o nascimento e a morte. Além disso, Ron usa suas próprias memórias, sonhos e experiências cotidianas para retratar suas peças. Injetando, por extensão, um pouco de sua própria personalidade em cada escultura que completa.
Em geral, Ron passa mais de um ano concebendo e fazendo cada escultura em sua oficina. Permitindo, assim, o máximo de tempo para encontrar as soluções perfeitas tanto no âmbito lírico quanto no âmbito técnico. Por fim, Mueck procura sempre enriquecer todos os aspectos de seu trabalho com detalhes originais. Sem dúvida, essa habilidade sublinha com sucesso cada uma de suas esculturas, projetando sempre a emoção desejada pelo artista.
Características das esculturas
O naturalismo de seu trabalho pode ser alcançado com o surpreendente nível de detalhe em suas peças. No entanto, toda a abordagem hiper realista é enfatizada por uma alternância calculada de escala. Isto é, algumas figuras preenchem toda a galeria, enquanto outras ficam a menos de um metro de altura.
Esse recurso, que é usado com maestria pelo londrino, nasceu quando Ron começou a colaborar com sua sogra, Paula Rego. Juntos, os dois produziram pequenas figuras destinadas a fazer parte de um quadro. No entanto, nessa época Mueck fez uma descoberta essencial, que influenciaria fortemente sua prática futura.
Os objetos que ele estava criando com sua sogra foram projetados para serem fotografados de um ângulo específico. Mais tarde, isso serviria de insight na arte do escultor londrino. Afinal, Ron continuou a fazer esculturas realistas que parecem perfeitas de um ângulo e anormais de todos os outros.
Suas grandes esculturas faciais são um bom exemplo de como o autor conseguiu manter sua técnica e, ao mesmo tempo, introduzir níveis conceituais valiosos em sua arte. Ao tornar suas esculturas colossais em escala, Ron Mueck busca tornar possível um equilíbrio perfeito entre realismo e surrealismo.
De fato, o maior trunfo no arsenal criativo de Ron é sua capacidade de equilibrar o realismo com os aspectos irreais de suas obras. Ou seja, como é capaz de ajustar as quantidades perfeitas de realismo e surrealismo sem comprometer nenhum dos dois.
Sem dúvida, o principal aspecto e sucesso de Ron Mueck e sua arte é o calibre de sua técnica e senso artístico. Isto é, o escultor atingiu um nível tão alto de criação de figuras hiper realistas que apenas alguns poucos artistas modernos podem se equiparar a ele.
É por esse motivo que as obras de Mueck comandam uma habilidade extraordinária, que surpreende todos os seus espectadores. Os detalhes obsessivos da superfície nada mais são do que a ponta de um iceberg conceitual muito maior que é a arte de Ron. Complexas e envolventes, suas obras despertam um espanto curioso e uma estranheza inesquecível.
Exposições na América Latina
O período entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014 foi marcado pela primeira exposição de Ron Mueck na América Latina. A exposição artística aconteceu na Fundação Proa, um museu de arte moderna em La Boca, Buenos Aires.
Depois de passar pela Argentina, a turnê sul americana da arte de Ron veio para o Brasil. O conjunto de nove obras foi exposto no Rio de Janeiro, onde a exposição ocorreu entre o mês de março e junho. De fato, o sucesso da exposição de Ron Mueck marcou o maior público da história no museu carioca.