Rosângela Rennó, artista plástica brasileira

Rosângela Rennó é uma artista plástica brasileira natural do estado de Minas Gerais. Nascida em 1962, a artista continua em intensa produção na cidade do Rio de Janeiro.

É conhecida por suas obras que atrelam artes visuais como fotografias, cinema, textos e instalações. Aqui apresentamos um pouco de sua história e de suas obras. Conheça um pouco mais sobre esta premiada artista conhecida internacionalmente.

Biografia

Rosângela Rennó estudou arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais e estudou na Escola Guinar, também no mesmo estado. Continuaria sua carreira acadêmica ao conseguir o título de doutora na ECA da USP.

Atrelada a vida acadêmica, Rennó também realizava suas obras de arte. Desde a década de 1980 já realizava exposições em Minas Gerais. Já em 1988, fez sua primeira exposição no Rio de Janeiro.

Dois anos depois, iria para São Paulo. Quatro anos depois, expôs em Londres. A partir daí, suas obras teriam destaque, sendo apresentadas em Nova Iorque, Veneza, Havana, Caraca, Frankfurt, Oxford, Lisboa, Madrid, entre tanto outros locais pelo mundo.

Na década de 1990, passou a fazer parte do grupo Visorama, voltado à compreensão e estudo da arte contemporânea. Nesse mesmo período também deu início à obra Arquivo Universal, lançado posteriormente em livro. Funcionava como um arquivo digital com recortes jornalísticos e imagens.

Uma de suas obras mais impactantes foi Candelária, em 1994. Com ela, marcou presença na Bienal Internacional de São Paulo.

A obra fazia referência aos meninos executados no ano anterior na Igreja da Candelária na cidade do Rio de Janeiro.

Tratava-se de uma instalação em que não era o foco as tradicionais fotos que sempre utilizava, mas, sim, textos viscerais em acrílico para que massacres como aqueles não se repetissem. Os fios e luzes azuis abordavam de maneira inusitada as dores da perda.

Sua obra sempre aborda anônimos. Permanece atual e com vitalidade.

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Obras de Rosângela Rennó: memória e política

Rosângela Rennó aborda em suas obras questões sociais. Assim, como em Candelária, abordou também o massacre do Carandiru.

Em obras como Vulgo (1998-1999) e Cicatriz (1996-2003), analisou fotos e negativos de presidiários e da prisão. Na primeira obra fotografou novamente alguns internos, demonstrando suas transformações com o tempo e como são corpos esquecidos.

Já a segunda obra abordava as tatuagens de prisioneiros. Já atrelava ali textos, dando mais impacto ainda a sua obra.

Um dos propósitos de Rennó ao trabalhar com esse material era abordar o que aparentava estar esquecido.

Se estamos em um momento recheado de tecnologia e cheio de fotos, ao mesmo tempo a memória tem um tempo mais curto. Ao recordar de outras maneiras esses massacres, Rosângela Rennó os eterniza, não deixa que seus sentimentos sejam esquecidos, ao mesmo tempo em que critica essa volatilidade da memória.

Outra obra de destaque da artista é Imemorial, de 1994, que volta-se para a capital do Brasil, Brasília, com uma discussão política a respeito da cidade.

Construída durante o governo de Juscelino Kubistchek, a cidade fora projetada em uma outra visão de arquitetura, mais moderna.

Não foram poupados gastos para que fosse construída, bem como pouco importaram as mortes que foram causadas ali para que tudo fosse construído.

Assim, a obra de Rosângela Rennó pretendia que se lembrasse daqueles que morreram em sua construção.

Diante da grandiosidade de Brasília, em uma obra que também lembrava um túmulo, Rennó abordou o que ninguém queria ver. Ou o que todos queriam esquecer. Portanto, pretendia escancarar como o Brasil mesmo provoca a sua perda de memória.

Assim, sua obra não é apenas arte, muito menos pode ser enquadrada somente como fotografia. Há uma certa militância e denúncia. É inegável a politização que Rennó possui e como a expressa em sua arte.

Atentado ao Poder: Via Crucis

Outra obra de Rennó com viés político foi Atentado ao Poder: Via Crucis, de 1992. Voltava-se ao encontro das Nações Unidas para o Meio Ambiente que ocorreu no Rio de Janeiro no mesmo ano.

Tratava-se de uma instalação com várias fotos, como se fossem de jornais.

A obra fazia uma relação com a Via Sacra cristã e os consecutivos massacres no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, apresentava os corpos mortos também por conta de exploração do meio ambiente.

A artista lançava assim uma discussão importante e alvo de inúmeras políticas hoje. Os problemas em lidar com o meio ambiente e a sua exploração têm provocado cada vez mais perdas para a humanidade.

Nesta obra, a artista demonstrou como estava atenta para as questões atuais e se posicionou enquanto cidadã preocupada com as futuras gerações.

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Outras obras: a presença da fotografia em Rosângela Rennó

Entretanto, a artista não aborda somente questões políticas de maneira direta, mas também de maneira indireta.

Em Bibiotheca, de 2002, volta-se a anônimos. Por mais que não tenha uma questão política no centro, como em Candelária, traz como hoje esquecemos rapidamente das pessoas e nos força a imaginar para submergir na obra.

A obra é a reunião de álbuns de fotografias que a artista fez em seus percursos pelo mundo.

Entretanto, não é possível manusear esses álbuns de fotografias. Cabe a cada um ler as fichas descritivas e assim imaginar o que pode ter ali.

O mesmo acontece em Cerimônia do Adeus, de 1997, que apresenta imagens de casamento. Normalmente estas ficam esquecidas ou são apenas guardadas para uma única família.

Entretanto, ao escolher abordar os casamentos em Cuba, a artista também apresenta como estes ocorriam e o financiamento pelo então governo de Fidel Castro.

Considerações finais

Rennó é uma artista de várias facetas. Possui habilidades com fotografia, textos e instalações. Essas suas várias características tornam suas obras experiências únicas e com significações próprias.

São importantes por abordarem o esquecimento e problematizarem o que é a memória. São obras atuais interessadas em política e em lançar um outro olhar sobre as situações cotidianas.

A obra de Rosângela Rennó não é conhecida como a de outros grandes artistas internacionais. Entretanto, ela é fundamental para compreender a história recente do Brasil.