Clássico exemplo de pintura com características do norte da Holanda, “A ronda noturna” é um dos muitos quadros de Rembrandt que tiveram a cidade de Amsterdã como destino comercial. Encomendada no ano de 1639, esta obra barroca registra uma corporação de guardas vestidos de forma elegante.
A partir de sua riqueza de detalhes, é possível analisar desde as técnicas utilizadas na sua confecção até as reflexões frente às questões sociais históricas da região. Enfim, para você saber mais sobre essa célebre obra, continue conosco e confira porque “A ronda noturna” é a obra mais importante desse mestre do movimento barroco.
Analisando a obra “A ronda noturna”
Em primeiro lugar, vale ressaltar que o pintor estava no ápice de sua carreira ao receber a encomenda para criar “A ronda noturna”. Como objetivo, a obra tinha que visar retratar uma companhia de dezoito guardas civis no salão que os abrigava. Para isso, confira como ele chegou ao conceito do quadro.
A criação de “A ronda noturna”
Em relação à sua encomenda, a criação da tela de Rembrandt partiu de uma solicitação direta da dessa corporação afim de decorar a sede da companhia em Amsterdã. Para isso, seu processo teve início no ano de 1639, mas foi finalizado apenas no ano de 1642.
Em geral, a obra retrata uma companhia miliciana trajada com uniformes de gala. Afinal, de servirem para a defesa da cidade e demais funções militares, eles também participavam de procissões e paradas, simbolizando a altura do orgulho cívico local.
Para isso, os membros presentes na obra eram cidadãos da elite. Ou seja, homens que tinham prestígio político e social para compor a guarda e idoneidade por não frequentar bordéis e tavernas. Para tanto, eles tinham que pagar uma taxa para estarem nesse nobre grupo.
Enfim, na pintura temos o detalhe para o protagonista, um capitão que dá uma ordem para seu subordinado seguir em frente com a milícia. Em linhas gerais, o quadro retrata esses milicianos como se estivessem rumando a uma batalha.
O pioneirismo empregado no quadro
Como diferencial em “A ronda noturna“, vale salientar que, antes de Rembrandt, ninguém havia retratado um grupo de pessoas em pleno serviço e em movimento. Para isso, repare o detalhe da fumaça nas armas e demais características do movimento Barroco.
Vale também ressaltar o drama e a teatralidade das figuras, especialmente graças ao jogo de sombras e as técnicas de luz. Nesse sentido, cada linha diagonal também denota traços barrocos, visto que o pintor as usa para dar mais efeito em armas e lanças levantadas.
Por outro lado, a obra também apresenta uma noção de profundidade bem consistente. Isso porque cada personagem aparece em camadas distintas e de acordo com sua distância. Enfim, para ser um registro da época, o período histórico pode ser confirmado pela presença do arcabuz, um tipo de arma que daria origem ao rifle.
Outras inovações de “A ronda noturna”
Embora “A ronda noturna“ retrate um grupo, o pintor inovou ao retratar os personagens em ação e com posturas dinâmicas. Sendo assim, ele evitou os retratos locais com posições estáticas convencionais da época. Para isso, ainda era preciso seguir dois pontos básicos: deixar clara a hierarquia social e ser fiel à pessoa retratada.
Ou seja, Rembrandt não apenas cumpriu esses requisitos como também chegou a reinventar muitos outros. Como exemplo, em “A ronda noturna” várias são as ações que acontecem ao mesmo tempo, como:
- Um homem está tocando tambor, no canto direito;
- Mais ao fundo, outro homem ergue a bandeira da companhia;
- Na parte abaixo e inferior direita do quadro, há um cão que está latindo;
- Diversos membros da companhia estão preparando suas armas.
Como outras características da pintura, note que, ao contrário de outros retratos comuns da época, a luz aparece de forma dispersa. Até porque essa luz destaca a hierarquia dos guardas retratados, ao passo em que os personagens mais iluminados à frente seriam figuras importantes.
De qualquer forma, essa característica levantou dúvidas se algum desses protagonistas pagou mais dinheiro para ganhar determinado destaque. Enfim, séculos após a conclusão da obra, ainda não há provas nem consenso sobre essa questão, além do fato de que todos pagaram pelo retrato.
Figuras em destaque da obra “A ronda noturna”
Para você ter uma melhor compreensão da obra, confira abaixo quais personagens e objetos ajudam a compor uma das mais inovadoras e belas obras artes da história.
A presença de Rembrandt em “A ronda noturna”
De acordo com vários historiadores, existe uma suspeita muito curiosa sobre o autor. Isso porque ele poderia ser o homem que usa boina e está posicionado ao fundo e ao lado de guardas milicianos.
O tenente da milícia
Na obra, o tenente Willem van Ruytenburgh é retratado de perfil, mas atento ao que diz seu capitão. Além do mais, ele é o intermediário entre os milicianos e o capitão e ainda representaria o grupo de católicos holandeses.
O escudo em “A ronda noturna”
Apesar de acrescentado à obra anos depois, o escudo na pintura serviu para registrar quem eram os homens que formavam a milícia.
A presença das meninas
Ao olhar com atenção, você pode notar a presença de duas meninas correndo e bem iluminadas, ao passo em que a de trás quase é pouco visível. Aliás, a garota da frente era tida como a mascote do grupo.
Além do mais, ela traz uma galinha morta na cintura juntamente aos símbolos da milícia: uma arma e um cinto. Embora ela tenha a aparência dimensões de uma criança, seu rosto está retratado como o de uma mulher adulta.
A figura do capitão
Além de o capitão Frans Banninck Cocq ser o responsável pela liderança protestante do país, ele também era o prefeito da cidade de Amsterdã. Por isso que a luz do quadro tem a função de enfatizar seu protagonismo e sua importância local. Além do mais, na obra sua mão tem a sombra projetada na roupa do tenente enquanto ele capitão olha de frente para o espectador.
A restauração de “A ronda noturna”
Recentemente, foi realizada uma extensa restauração nessa obra-prima do pintor holandês. Aliás, ela teve início no dia oito de julho de 2019. Na ocasião, forma reunidos cerca de vinte especialistas de renome mundial. Vale lembrar que, para a restauração, “A ronda noturna” custou cerca de três milhões de euros e pode ser acompanhada ao vivo.