Hélio Oiticica

Hélio Oiticica: pintor, artista plástico e escultor

A história da arte no Brasil sempre se mostrou bastante icônica, mas não por acaso. Em boa parte isso se deve, por exemplo, a homens e mulheres de grande iniciativa e que sempre flertaram com o novo, o inédito. É justamente nesse contexto que se encaixa o artista Hélio Oiticica, que em sua curta jornada em Terra, trouxe grande contribuição para a cultura do país, seja como pintor, ator, artista plástico ou escultor.

Brasileiro, ele sempre se preocupou em buscar novas vertentes para expressar a sua arte, não se limitando apenas a estudar o óbvio. Foi assim, aliás, que ao longo dos anos se preocupou em buscar conhecimento fora dos limites geográficos nacionais, estudando em renomados centros da arte.

Na sequência, falamos detalhadamente sobre a trajetória e a vida desse emblemático nome da arte nacional. Confira!

Quem foi Hélio Oiticica?

Um homem nascido em 1937, mais precisamente no dia 26 de julho, recebeu o nome de Hélio Oiticica. Mal sabia ele que o destino e sua garra futura lhe garantiria fama nacional através da arte, colocando o nome de sua família em evidência nos anais da cultura brasileira.

Conhecido por apresentar novas maneiras de expressar a arte no Brasil em sua época, passou a ser considerado mestre do experimentalismo, trabalhando sua arte sempre dentro do tom performático e buscando a superação do estilo da arte burguesa.

No meio artístico, sempre foi nome mais presente que seu irmão, César Oiticica, este nascido em 1939, mas foi ao lado deste que começou sua jornada na arte. Ao lado de César, Hélio Oiticica estudou pintura em 1954 no Museu de arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Ao lado do irmão, ele esteve estudando com ninguém menos que Ivan Serpa (1923-1973), que lhe ajudou nos primeiros passos.

Hélio Oiticica

Hélio Oiticica – vida e carreira artística

Ainda durante o ano de 1954, ocasião em que sua paixão pela arte ascendeu, Hélio se dedicou a escrever um texto a respeito das artes plásticas, mas este foi apenas o primeiro de muitos. Desde então, ele passou a registrar por escrito todas as suas reflexões em relação à arte, o que tornou-se uma rotina durante a sua trajetória.

Envolvido intimamente com a vida artística, em 1955 ele integrou o Grupo Frente, onde esteve até 1956. Depois disso, passou a fazer parte do Grupo Neoconcreto, ficando nele até 1959. Apesar disso, foi em seguida que teve um de seus insights mais memoráveis: deixou de lado a arte bidimensional e passou a trabalhar em algo inovador a partir de formas de expressão distintas.

Foi aí que passou a buscar a transposição da pintura do quadro para o espaço, criando assim os relevos espaciais, além de estandartes, tendas e bólides, dentre outros, todos com característica peculiar de seu feeling artístico.

Do nascimento à educação

Voltando um pouco no tempo, fica mais simples entender o artista e sua constante fuga do convencional. Até os 10 anos de idade – entre 1937 e 1947 – por exemplo, ele não foi educado pelo sistema tradicional. Em vez disso, foi alfabetizado e ensinado por sua mãe, pois seu pai era absolutamente contra o sistema de educação comum à época.

Já em 1950, com cerca de treze anos de idade, rumou para Washington, nos Estados Unidos, onde estudou na Thompson School. Retornou ao Rio de Janeiro quatro anos mais tarde, iniciando o já mencionado estudo no Museu de Arte Moderna ao lado de seu irmão com Ivan Serpa.

Vida profissional de Hélio Oiticica

Retornando ao ponto em que ele iniciou sua transição para a arte transposta no espaço, chegamos então a 1961, quando ele lança o Projeto Cães de Caça. Trata-se de uma maquete que inclui 5 penetráveis, com o Teatro Integral (1926) de Reynaldo Jardim, e o Poema Enterrado (1930) de Ferreira Gullar.

Quatro anos depois, passa a trabalhar como telegrafista em uma rádio, mas em 1968 soma força com artistas em manifestação do estandarte “Seja Marginal, Seja Herói”, este na região de Ipanema, mais precisamente no Lago General Osório. No mesmo ano promove a Apocalipopótese no Aterro do Flamengo, manifestação que contou com auxílio de Lygia Pape e Antônio Manuel, além de Rogério Duarte.

Ainda em 1968, Hélio Oiticica também encontrou tempo para ser ator em “O Câncer”, filme de Glauber Rocha – isso sem contar que coordenou, ao lado de Rogério Duarte, um debate intitulado Loucura e Cultura, este realizado no MAM/RJ.

Já nos anos seguintes, estaria envolvido em uma nova jornada internacional: em 1969, na Inglaterra, como artista residente na Sussex University, em Brighton, e no ano seguinte em Nova York, sendo bolsista na Fundação Guggenheim. Ainda neste ano, retorna ao Rio de Janeiro para preparar cenários de shows de artistas renomados e volta para sua trajetória internacional.

Dessa vez vai aos Estados Unidos (Nova York) para realizar o filme “Agripina É Roma Manhattan” e participar de eventos. Todavia, passa a morar na cidade entre 1970 e 1978, mas continuou com seus trabalhos e viagens, estando em Pamplona, na Espanha, em 1972.

Em sua jornada nova-iorquina, ainda promoveu o filme “Lágrima Pantera Míssil” (1974) e atuou em “One Night on Gay Street” (1975), de Andreas Valentin. Em 1978 retornou ao Rio de Janeiro, criando o penetrável “Tenda-Luz”, este para o filme “Gigante da América”. Além disso, participou de obra importante em sua carreira: o filme “Dr. Dionélio”.

Já no ano seguinte, atuou em “O Segredo da Múmia” e no memorável “Uma Vez Flamengo”, filme de Ricardo Solberg. Ainda nesse ano, realizou outros eventos e apresentações, vindo a falecer no ano seguinte.

Hélio Oiticica

O legado do artista

Apesar de sua morte precoce, Hélio Oiticica contribuiu grandemente para o cenário das artes plásticas e da escultura. Não por acaso, recebeu diversas homenagens e reconhecimentos ao longo dos anos. Um dos exemplos é o Projeto Hélio Oiticica, que foi criado para preservação de suas obras.

O projeto ainda compreendeu uma retrospectiva itinerante que transitou por grandes países da Europa e América nos anos 90, incluindo Holanda, Espanha, França, Portugal e Estados Unidos, além do próprio Rio de Janeiro. Não obstante, em 1996, a secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro criou o Centro de Artes Hélio Oiticica, este destinado a abrigar o acervo em memória ao artista.

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