Dynamic Suprematism 1915 or 1916 by Kazimir Malevich 1879-1935

Kazimir Malevich, o “mentor” do suprematismo: saiba mais aqui

A obra e a vida de muitos autores estão intrinsecamente ligadas, não há como negar. São diversos os nomes que vêm à nossa mente quando pensamos em uma obra que retrata o momento histórico ou até mesmo angústias pessoais do artista em questão. Quando falamos dos principais movimentos do século XX, é inevitável falar sobre os movimentos de vanguarda russos e, entre eles, queremos hoje destacar o suprematismo, idealizado principalmente por Kazimir Malevich. Conheça aqui um pouco mais sobre sua vida e entenda como ela também está muito relacionada com a sua obra.

A vida de Kazimir Malevich

Primeiros contatos com a arte

Não se sabe o local exato do nascimento de Kazimir Malevich, ainda que seja certo que aconteceu em 23 de fevereiro de 1879 na região de Kiev, cidade hoje da Ucrânia, mas que na época pertencia ao Império Russo.

Ele foi batizado e criado como católico pelo fato de seus pais, Seweryn e Ludwika Malewicz, serem poloneses.

Kazimir Malevich não vinha de uma família que tinha a arte como tradição, já que seu pai tinha um trabalho como supervisor em refinarias de açúcar. Até por isso, ele estudou por cinco anos na escola de agricultura de Parjómovka, mas esse gosto pelo campo se une ao seu gosto pela arte e ele conclui suas primeiras obras – de caráter bucólico – ainda nesse período.

É apenas em meados dos anos 1890 que Kazimir é admitido oficialmente na academia de Kiev.

A introdução na arte

No início do século XX, mais precisamente no ano de 1904, o pai de Kazimir morre e ele se muda para a cidade de Moscou, onde estuda Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura, em um período repleto de novidades e descobertas para o artista que finalmente tinha conseguido atingir seu sonho.

A partir de 1911, ele participa de diversas exibições importantes, principalmente nas cidades de São Petersburgo e Moscou. Essas exposições seriam impulsionadoras para a sua carreira ao lado de nomes como Vladimir Tatlin, Aleksandra Ekster, entre outros.

Em 1914, em outra grande exposição ao lado de Aleksandra Ekster, Alexander Archipenko, Vadim Meller e Sonia Delaunay, ele apresenta seus trabalhos em Paris, fazendo com que sua obra adquira ainda mais notoriedade.

Kazimir Malevich

Após a revolução

O ano de 1917 é particularmente importante para a carreira de diversos artistas russos, já que é um ano em que ocorrem muitas revoluções, o que muda totalmente a forma de governo e a forma como as pessoas vivem naquele país. Kazimir Malevich, por exemplo, começa a trabalhar como professor e pesquisador.

Em 1919, Malevich faz sua primeira exposição individual, em Moscou. É nessa época também que ele funda o grupo “Afirmadores da nova arte”, sob a sigla UNOVIS. O grupo era formado basicamente por alunos seus e houve muita dedicação à escrita de textos tanto sobre a teoria da arte quanto sobre filosofia.

Em 1927, Kazimir Malevich faz sua primeira exposição em Berlim, como um retorno à arte figurativa que o tinha consagrado há quase duas décadas atrás. Apresentando construções suprematistas espaciais, o autor deixa cerca de 70 quadros e um manuscrito sobre o suprematismo na Alemanha.

Morte e legado

Com o avanço da ditadura de Stalin, Malevich começou a ser perseguido pelo governo e pela imprensa. O artista acabou se isolando e morreu de câncer no dia 12 de fevereiro de 1935 na cidade de Leningrado.

Apesar de ter morrido na pobreza e quase no esquecimento, a obra de Kazimir Malevich é lembrada e admirada até os dias de hoje. Boa parte de seus quadros está em exibição nos museus Stedelijk Museum de Amsterdam e no MoMA de Nova York. Vale lembrar também que uma considerável parte de seu trabalho foi perdida durante a primeira guerra mundial e nunca foi encontrada.

O suprematismo

Assim como falamos no início do texto, a vida e a obra de um artista sempre têm uma relação muito íntima. E no caso de Kazimir Malevich não é diferente, mas, para entender melhor como essa relação se dá, é necessário também entender o que é o suprematismo.

A principal ideia desse movimento criado por Malevich era utilizar as formas geométricas de forma abstrata, com forte inspiração do movimento de arte moderna. A primeira obra desse movimento – e também uma das mais famosas – é “Quadro negro sobre fundo branco”, apresentada no ano de 1913.

Segundo o autor, essa nova arte se concebeu porque ele “sentia apenas a noite dentro dele”. Vale lembrar que, naquele momento, o mundo (especialmente a Europa) passava por um momento de turbulência que culminaria na primeira guerra mundial.

O niilismo presente nas obras do filósofo alemão Friedrich Nietzsche foi de grande inspiração para a vida e a obra de Kazimir Malevich. A retratação do vazio e da ideia de infinito em diversas de suas obras ajuda a identificar certas intenções do autor, ainda que muitas de suas obras sejam passíveis de diversas interpretações.

O suprematismo fez parte de uma vanguarda revolucionária e ideológica na Rússia, assim como o construtivismo, encabeçado pelo seu amigo Vladimir Tatlin, com quem Malevich dividiu diversas exposições, como já dissemos no início.

Kazimir Malevich

Principais obras

Algumas das principais obras de Kazimir Malevich são:

  • Quadro negro sobre fundo branco (1913);
  • Quadrado vermelho: realismo pictórico de uma camponesa em duas dimensões (1915);
  • Cruz negra (1915);
  • Composição suprematista (1916);
  • Branco sobre branco (1918);
  • Suprematismo dinâmico (1923);
  • Círculo negro (1923);
  • Marpha e Van’ka (1929);
  • Quadrado negro (1930).

Considerações finais

Conhecer a obra de artistas como Kazimir Malevich não é apenas importante para entender mais profundamente sobre o que foi o suprematismo e quais foram as suas influências.

A compreensão desse movimento também faz com que você aprenda mais sobre o contexto histórico em que ele foi criado, além de gerar reflexão sobre o afastamento de Malevich das artes e sobre seu legado como artista.

História, arte, filosofia e teoria são alguns dos conhecimentos mais importantes que adquirimos durante a nossa vida. E a vida e a obra desse autor nos ajudam bastante nesse sentido.

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