Você já parou para se questionar o que é arte? Essa é uma pergunta de difícil resposta, pois diversos filósofos, pensadores e artistas ao longo da história já tentaram responde-la. Infelizmente a indagação continua em voga nos dias atuais. Não existe uma resposta que consiga definir completamente a arte.
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É importante ressaltar que a busca para definir arte, é uma problemática que surge apenas no século XX. Perguntar-se “o que é arte” não tinha muito significado para os gregos ou medievais. Inclusive no início da modernidade, pouco se discutia sobre o assunto. Essa questão, ganha palco a partir do século XX, apenas com o advento da arte contemporânea que passamos a ter essa reflexão do que é considerado obra de arte.
Conceito e definição do que é arte
E se buscarmos no dicionário o que é arte? Descobriremos que arte é uma palavra originada do latim ars/artis. E significa “maneira de ser ou agir, conduta, habilidade, ciência, talento, ofício”.
Para Rose Meusburger, diretora executiva da Elaborando Projetos; habilitada pelo Ministério da Cultura (2013/2015) e pela Universidade Nacional de Córdoba (Argentina – 2012/2013) em Gestão Cultural e Empreendimentos Criativos; arte é “antes de tudo a forma como o ser humano se expressa. É a forma como ele pode expressar seus sentimentos e emoções”. Para isso, “o homem usa plataformas e materiais os mais diversos desde a pré-história para que os seus sentimentos possam ser contados, recontados, compartilhados”.
Já para Igor Baldez, adolescente de 18 anos e apaixonado por desenhar “seria muito mais fácil falar o que não é arte”, por que para ele “tudo é arte”. Desde os conceitos básicos como “música, teatro, pintura, literatura, cinema, arquitetura, fotografia e escultura”, até “o barulho, o silêncio, o sentimento, o claro e o escuro“.
Umberto Eco, foi um escritor e pensador italiano que contribuiu imensamente para as definições de arte que conhecemos hoje. Em seu livro “A definição da arte”, Umberto sugere que devemos pensar no objeto arte desde a intenção colocada pelo autor do mesmo, até o processo que transformou aquele objeto. Sem esse pensamento, o objeto estaria morto, pois o prazer estético por si só, pode ser experimentado em lugares que não são artes, como por exemplo, um pôr do sol.
Tolstói
Leon Tolstói, foi o escritor russo dos célebres Guerra e Paz e Anna Karenina. Em 1898, publicou um livro em que reflete o que é arte. Ele levou 15 anos para concluir a obra, que traz questionamentos interessantes sobre o que era visto como arte em sua época.
Para ele, a boa arte é sempre compreendida por todos. No livro, ele questiona diversos entendimentos do que era considerado arte em sua época, desde óperas, até renomadas pinturas. Isso por que, para Tolstói, a arte não se resumia a estética e ao belo.
Muitos artistas em sua época preocupavam-se com a beleza e perfeição, mas para o autor, “a arte é um meio de comunhão entre as pessoas”, ou seja, não tinha a ver com a beleza, mas sim com a conexão que a obra gera entre as pessoas que a conhecem, por isso a importância da arte ser compreendida por todos.
Tolstói considerava que artistas que criavam obras acessíveis apenas para determinadas classes sociais, produziam uma “arte ruim”, pois essas obras não causavam o efeito de comunhão. Ele chega a ser tão radical em seu pensamento, que afirma que pouquíssimas pinturas fazem parte da “boa arte”, como exemplo ele cita Os Plantadores de Batatas, de Jean-François Milletabout em 1861.
Queermuseu
Em setembro de 2017, a exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira foi fechada em Porto Alegre pelo grupo Santander Cultural, após duras críticas de grupos políticos e religiosos conservadores que julgaram algumas obras da mostra como sendo apologias a pedofilia, zoofilia e blasfêmia.
O ocorrido fez com que diversas pessoas se manifestassem contra e a favor do fechamento da exposição e entre as manifestações surgiu novamente o questionamento do que é arte.
No mês seguinte, a Queermuseu foi vetada pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella. Crivella gravou um vídeo afirmando que os planos de levar a exposição “de pedofilia e zoofilia” para o Museu de Arte do Rio (MAR) não iriam adiante. “Só se for no fundo do mar”, afirmou à revista Época.
Apenas 11 (onze) meses depois, Queermuseu conseguiu ser remontada e exposta na Escola de Artes Visuais (EAV) do Rio de Janeiro. A exposição só voltou, graças a colaboração em uma das maiores campanhas de financiamento coletivo do país. O financiamento contou com o auxilio de 70 artistas. Eles doaram obras de arte e Caetano Veloso fez um show para arrecadar fundos.
Um ponto final. Ou não…
O objetivo deste artigo, não é chegar a uma conclusão sobre o que é arte. Conforme já vimos, outros muito mais inteligente que esse que vos escreve já buscaram chegar a essa conclusão; e ainda assim, não temos nenhum consenso geral sobre o que é arte ou não.
Isso ocorre por que a arte é um conceito subjetivo. Assim como nunca uma obra de arte será vista da mesma forma por pessoas diferentes; algo pode ser uma obra de arte para uma pessoa e para outra não.
De modo geral, todas as definições de arte que vimos, coloca o sentimento que damos ao objeto de admiração como sendo o fator que transforma algo em arte. Partindo desse princípio, podemos ver como a definição de um garoto de apenas 18 anos como o Igor pode ser tão válida quanto a de grandes pensadores. Para ele “tudo é arte” e se analisarmos sem preconceitos, perceberemos que de fato tudo pode ser arte.
Podemos encontrar questionamentos e reflexões em tudo o que nos rodeia. Mesmo objetos banais que utilizamos em nossa rotina, podem ser considerados obras de arte. Basta que consigamos extrair algum significado do mesmo.
O futuro da arte
É possível limitarmos a arte a “obras feitas pelo homem”. Mas talvez, essa seja mais uma mudança, que a definição de “o que é arte” irá passar nos próximos anos.
Conforme mencionado por Yuval Noah Harari em seu livro Homo Deus; já temos algoritmos de inteligência artificial, capazes de compor sinfonias tão belas quanto as de grandes nomes da música clássica. Muito tem se discutido se tais composições são arte, já que foram criadas sem a interferência de intelecto humano.
Independente da conclusão que chegarmos ao final de toda essa discussão; é só uma questão de tempo até que novos tipos de arte surjam e mudem completamente o conceito corrente. Afinal, a arte é viva e depende inteiramente de nós, humanos, que não paramos nunca de criar, inventar e inovar.
E você o que pensa disso tudo? O que é arte para você? Comenta aí!