A beleza da arte indiana e suas características

A arte indiana é mundialmente conhecida por ser um reflexo da multicultural, multiétnica e extremamente complexa sociedade indiana.

Com um caráter principalmente religioso, a arte indiana serve como meio de transmissão das diferentes tradições religiosas que marcaram o país: hinduísmo, budismo, islamismo, cristianismo etc.

Um dos pontos distintivos da arte indiana consiste em seu profundo desejo de integração com a natureza como forma de promover o homem a se adaptar à ordem universal. Vale lembrar que a maioria dos elementos naturais (montanhas, rios, árvores) tem um caráter sagrado para os indianos.

E aí, se interessou? Então, venha conosco descobrir a beleza da arte indiana e conhecer algumas de suas principais características. Boa leitura!

Índia: terra de mistérios e encantos

A Índia foi o único território localizado do Oriente conhecido por gregos e romanos. Devido à sua distância do Mediterrâneo – centro comercial e cultural do mundo antigo – e aos relatos de viajantes e aventureiros que de lá regressavam, era considerada uma terra de mistérios e maravilhas.

Após a expedição de Alexandre, o Grande, os relatos dos cientistas que acompanharam o grande conquistador, três séculos antes da Era Cristã, contribuíram largamente para reforçar ainda mais essas concepções.

Os relatos de peregrinos oriundos da China e de missionários budistas que, mais tarde (por volta do século II a.C.), visitaram as localidades sagradas do Budismo ajudaram, por sua vez, a divulgar, por todo o Extremo Oriente, os encantos do país e da arte indiana.

A finalidade primordial da arte indiana antiga não se restringe à busca de resultados meramente estéticos, mas em facilitar a contemplação religiosa por meio de símbolos e de formas sensíveis e sensuais.

A propósito, a sensualidade é um elemento indissociável da cultura artística indiana, estando presente em composições de um animado estilo narrativo em que, por vezes, a intenção religiosa é ocultada sob um manto de erotismo. Cumpre ressaltar, entretanto, que seus estilos artísticos se baseiam em uma estética muito diferente da que se manifesta na mentalidade ocidental.

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Elementos históricos da arte indiana

Em termos históricos, a Índia conta com uma tradição artística que, em linhas gerais, coincide com os primeiros registros arqueológicos encontrados no Oriente Médio e sul da Europa.

A zona de irradiação da cultura indiana foi muito extensa, englobando uma área que não se limita à Índia e ao Ceilão, incluindo, também, todo o território do atual Afeganistão e uma grande parte do Paquistão.

A arte indiana influenciou, ao longo dos séculos, a arte do Império Khmer (do século X ao XII, na Indochina), da Birmânia, da Tailândia e dos povos do Arquipélago Malaio, além de deixar traços indeléveis na arte tibetana, chinesa, coreana e japonesa.

As características geográficas da Índia a dotaram de um espaço que marcará a idiossincrasia de suas formas estéticas: trata-se de um subcontinente no qual as forças da natureza se manifestam com inaudito poder e em que o clima tropical propicia o crescimento de uma vegetação exuberante.

Sendo assim, cenários repletos de florestas de palmeiras, cipós e bambus que exibem sua estranha beleza enquanto, em suas águas, florescem os lótus brancos, rosas e azuis, permitiu que tal variedade de cores e formas certamente influenciaram a visão de mundo expressa nas obras de arte indianas.

A cultura do Vale do Indo

Por volta de 3.000 a.C., as cidades de Harapa e Mohenjo-Daro já tinham uma organização urbana muito avançada, com edifícios de tijolos e uma cerâmica de grande perfeição.

Essas cidades contavam com um plano regular em ruas paralelas e cortadas em ângulos perfeitamente retos, abastecidas com grandes lagos e piscinas, um sistema de drenagem eficiente (até mesmo para os padrões modernos).

Em alguns locais foram preservadas grandes obras de fortificação, como em Harapa, onde é possível encontrar paredes que chegam aos 14 metros de largura. As residências exteriores às cidadelas eram construídas em 3 andares com barro, palha e tijolos, localizando-se em ruas bastante estreitas.

No primeiro andar, as casas se conectavam ao sistema sanitário da cidade, contando, até mesmo, com a instalação de ralos para evacuar os dejetos de banheiros particulares. As paredes de adobe, além disso, tinham um intrincado sistema de drenagem para o escoamento da água da chuva.

 As principais características da arte indiana

A arte indiana preconiza o desenvolvimento de imagens dos vários deuses e se distingue pelo gosto em adornar o corpo humano com joias coloridas e gemas que incorporam representações da lua crescente, discos solares, arcos, cúpulas e divindades com aureolas.

Artesanato

O artesanato indiano concentra-se em trabalhos desenvolvidos a partir de tecidos de algodão. Cumpre mencionar que os povos indianos obtiveram avanços pioneiros na metalurgia – conquista civilizacional que rendeu frutos, também, para o seu artesanato artístico.

Escultura

A escultura iniciada em Harapa e Mohenjo-Daro é digna de menção, uma vez que chegou até os nossos dias vestígios importantes, como bustos de anciãos de barba e torsos juvenis que, junto a um conceito completamente clássico de escultura, demonstram um invejável domínio das mais refinadas técnicas de modelagem.

Um exemplo de destaque pode ser ressaltado na figura de bronze encontrada em Mohenjo-Daro: a representação de uma jovem dançarina nua, com uma grande cabeleira e o braço esquerdo cheio de pulseiras largas.

Outros trabalhos utilizavam, como tema, figuras de animais (sobretudo, touros e elefantes) que, também, comprovam a existência de uma escrita milenar, cujos signos, infelizmente, ainda não foram decifrados.

A arte indiana do período védico

Desde a destruição das cidades do Vale do Indo até o século III a.C. praticamente nada foi encontrada na Índia. Esse vazio na história da arte indiana é muito difícil de cobrir, permitindo, apenas, a formulação de conjecturas carentes de comprovação científica.

Sem embargo, esse longo milênio foi a testemunha do estabelecimento dos dogmas fundamentais do hinduísmo, sendo conhecido como “período védico” devido às quatro grandes coleções de hinos, orações, fórmulas rituais e mágicas chamadas de “Vedas”.

Essas compilações são desconcertantes para o Ocidente, à medida que, ao contrário de outras literaturas sagradas, não mencionam eventos históricos. Neste período, a arte indiana resumiu-se, portanto, a esses registros escritos de caráter puramente religioso e contemplativo.

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