Ao se começar a entender o que é a Arte, muitas questões podem ficar confusas inicialmente. É difícil de se compreender a definição de Arte, como são os seus estilos, como surgem e a análise feita das obras. Entretanto, em alguns movimentos como o Construtivismo, algumas dessas questões podem ser explicadas com facilidade.
Bem diferente do que se entende da Arte jamaicana, o Construtivismo russo surge em determinadas questões culturais. Além disso, é uma estética mais aceita inicialmente porque não vinha de colônias. Afinal, para a Europa importava de onde a Arte vinha e em qual contexto era produzida também.
Dessa forma, não bastava apenas ser um movimento concreto em determinada cultura, precisava ser aprovado. E essa aprovação dependia de críticos específicos e que eram muito apegados aos moldes europeus. Portanto, era bem difícil que outras formas de Arte pudessem ser aceitas.
Com o Construtivismo, por outro lado, a aceitação não foi tão difícil quanto com Artes de outras culturas. O que não significa que foi fácil, porque também foi um estilo que mexia com os moldes estabelecidos até o momento.
A origem do Construtivismo
Juntamente com o Suprematismo de Melavich, o Construtivismo surgiu em meados de 1913. Entretanto, ainda que um pouco parecida na proposta, a arte construtivista foi bem diferente da suprematista. Ao se trabalhar com uma nova forma de se olhar a Arte para a expressão dos sentimentos, ambas conseguiam se assemelhar.
Ao focar, no entanto, nas formas de se trabalhar, conseguiam se diferenciar por completo. Mesmo na origem foram diferentes em sua totalidade. O Suprematismo, por exemplo, trabalha com formas geométricas para expressão dos sentimentos mais profundos da alma. Além disso, também subiu através de uma exposição artística propriamente dita.
O Construtivismo teve sua origem bem mais conturbada, afinal, estava ligada aos movimentos operários na pós-Revolução Russa. Assim, era uma forma de se tratar a Arte completamente diferente da expressão dos sentimentos humanos. Bem como não utilizava das formas geométricas para sua realização de estilo.
O estilo do Construtivismo
O Construtivismo foi uma forma de arte ligada a movimentos operários de um momento difícil, sangrento e tortuoso da Rússia. Dessa maneira, havia certa preocupação com a forma de representação e não apenas com o que se desejava expressar. Mais que tratar dos sentimentos humanos, essa forma de Arte estava ligada ao cultural.
Contudo, toda forma de Arte está ligada com a cultura de uma determinada localidade e grupos sociais. Por exemplo, os Muiraquitãs amazônicos são amuletos próprios da cultura indígena brasileira e se referem a uma história única. Dessa forma, não pode ser encontrada, da forma como se realiza, em outras culturas. Portanto, o Construtivismo se diferenciava não porque estava imerso em uma cultura que não a europeia, mas porque sua forma era diferente e única.
A sua proposta era trabalhar com as formas do cotidiano, de forma que aquilo estivesse fora do comum. Assim, era olhar para o mundo de maneira diferente, enxergando no dia a dia algo a mais. Uma existência de significados que não se restringia apenas a uma ligação espiritual ou elemento especial da criação humana.
Logo, o Construtivismo desvinculava a ideia de arte apenas como dom e não como trabalho também. Ademais, não é a mera ideia de trabalho árduo que está vinculada à essa estética artística. É, acima de tudo, o ideal de se construir arte a partir do cotidiano. Uma forma de se ter um novo rumo, um novo olhar e novas ideias a partir do que se compreende da arte e do dia a dia.
Arte política
Acima de todas as coisas, o Construtivismo estar ligado ao movimento operário indica algo muito importante. Isto porque é a partir desse momento em que se começa a enxergar melhor a arte como política. Dessa forma, o que antes era mais implícito no modo de se expressar as ideias, agora é explícito. Não é, portanto, a definição de Arte Antiga que conhecemos.
O propósito principal era contra a Ditadura que ditava as relações sociais e culturais na Rússia. Contudo, a crítica deveria se estabelecer de outras formas que não aquelas já conhecidas. Assim, surgiu a ideia de se fazer com imagens, pessoas, objetos e situações cotidianas.
Somente dessa forma a arte poderia ser completamente desvinculada da ideia de dom e trabalho. O que abre caminhos para o entendimento de que essa forma de expressão deveria ser entendida pelo seu contexto. O dia a dia sendo apresentado em forma de arte também permitia que mais pessoas captassem a mensagem que o Construtivismo desejava repassar.
Logo, não era mais a arte dos grandes críticos e artistas. Trata-se de uma arte engajada, de valor social e que poderia ser feita a partir de qualquer situação. Esses conceitos podem ter permitido que outros movimentos, aquilo conhecido como Pop Art e Arte marginalizada, pudessem existir.
O Construtivismo é diferente de fazer política
No entanto, é preciso esclarecer uma questão a respeito da Arte política. O Construtivismo não é o que se costuma associar com Arte de propaganda política. Pelo contrário, é completamente o oposto do que aquilo que comumente pensamos a respeito de arte e política.
Desse modo, a arte como política é pautada na crítica aos sistemas que regem a sociedade e os governos totalitários, como no caso da Rússia. Porém, não necessariamente aos governos totalitários, é apenas mais comum. Em alguns casos, um pouco mais raros, é comum encontrar esse tipo de arte para falar das democracias.
Mas como a política não é a única temática do Construtivismo, nem todas as obras ficam restritas a se pensamento. Em muitos casos, o movimento se assemelha bastante ao Dadaísmo. Isto porque tenta olhar para o cotidiano e subverter os significados daqueles objetos. Mas apenas por isso mesmo, o Dadaísmo apresenta condições estéticas próprias.
O contexto de realização da obra, portanto, é importante para se conseguir compreender o movimento por completo. Desse modo, não basta apenas compreender o que significa o Construtivismo, mas sua importância no mundo. Por que foi tão inovador e de que maneira proporcionou novas visões e identidades ao que se entendia por Arte.