Anita Malfatti

Anita Malfatti: conheça sua história e seu talento

Anita Malfatti, artista plástica brasileira, nasceu em São Paulo no dia 2 de dezembro de 1889 e foi uma das maiores protagonistas do Movimento Modernista no Brasil, ao lado de Tarsila do Amaral, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mario de Andrade, entre outros.

Anita Catarina Malfatti era filha de pai italiano e mãe americana com descendência alemã. Anita nasceu com um defeito congênito na mão direita, o que escondia frequentemente com um lenço colorido. A deformidade fez com que a artista aprendesse a usar a mão esquerda.

Anita Malfatti iniciou os seus estudos no Colégio São José, em São Paulo, na Escola Americana e no Colégio Mackenzie em 1897. Ainda na adolescência, não sabia o que fazer da vida e nem que rumo tomar e, aos 13 anos, decidiu se suicidar.

A artista escolheu se deitar sobre as linhas do trem para dar fim à sua vida. Mas uma fato inusitado fez com que desistisse de atentar contra a própria vida, segundo declarou:

“Foi uma coisa horrível, indescritível. O barulho ensurdecedor, a deslocação do ar e a temperatura asfixiante deram-me uma impressão de delírio e de loucura. Eu via cores, cores e cores riscando o espaço, cores que eu desejaria ficar para sempre na retina assombrada. Foi a revelação: voltei decidida a me dedicar à pintura”.

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Início da carreira

Anita Malfatti era professora por formação, mas em 1910, com a ajuda do padrinho e de um tio, foi estudar na Alemanha no ateliê de Fritz Burger. Em 1912, fixou residência em Berlim e matriculou-se na Academia Real de Belas Artes em Berlim, onde passou a estudar com Lovis Corinth, artista que trabalhava com pinceladas vibrantes, o que o aproximava do expressionismo.

De volta ao Brasil em 1914, Anita realizou uma exposição em São Paulo, na Casa Mappin, onde apresentou seus estudos sobre a pintura expressionista que produziu ao estudar com Lovis Corinth.

Em 1915, Anita foi para Nova York, onde estudou na Art Students League, mas o seu grande interesse era apenas pelas aulas de gravura. Foi quando Anita matriculou-se na Independent School of Art e estudou com a orientação do professor Homer Boss, um pintor-filósofo com raízes expressionistas, pouco conhecidas à época.

Anita, então, assimilou o ensinamento de cada professor e de cada escola: cubismo, sincronismo ou fauvismo e criou sua própria identidade. A artista passou a pintar com mais liberdade e sem se preocupar com limitações estéticas.

Anita Malfatti

De volta ao Brasil

Anita Malfatti voltou para São Paulo em 1917 trazendo consigo 53 trabalhos produzidos no exterior entre gravuras, pinturas e aquarelas. Seus amigos, em especial Di Cavalcanti, insistiram para que a artista fizesse uma exposição apresentado a sua obra, o que Anita fez no dia 20 de dezembro, dando início à disputa entre a arte acadêmica e a arte moderna.

Porém, a exposição provocou uma repercussão violenta da imprensa e Anita declarou:

“Não houve preocupação de glória, nem de fortuna, nem de oportunidades proveitosas. Quando viram minhas telas todas, acharam-nas feias, dantescas, e todos ficaram tristes, não eram os santinhos do colégio.”

As telas de Anita fugiam aos padrões de arte da época, por nelas serem retratadas os princípios básicos da Arte Moderna, como a utilização de tons fortes, pinceladas livres que valorizam os detalhes, relação dinâmica e tensa entre a figura em primeiro plano e o fundo da tela, a luz, que foge do claro/escuro tradicional e uma maior liberdade de composição.

A crítica mais violenta foi do escritor Monteiro Lobato, crítico de arte do jornal O Estado de São Paulo naquela época, com o artigo intitulado “Paranoia ou Mistificação?” e comparava a obra de Anita “aos desenhos dos internos dos manicômios”.

No final, o artigo serviu mesmo foi de estopim para o Movimento Modernista no Brasil.

Semana de Arte Moderna

Logo após a desastrosa exposição, Anita continuou lutando contra tudo e contra todos, tendo ao seu lado Mário de Andrade, por quem nutria uma paixão e que morreu 19 anos antes dela sem nunca ter se declarado, como Anita esperava.

Anita ficou um ano longe da pintura, quando voltou a estudar e se dedicou às técnicas da natureza morta. Foi quando conheceu a pintora Tarsila do Amaral e passou a integrar o grupo dos cinco, ao lado dela e de Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade.

Anita Malfatti participou da Semana de Arte Moderna que ocorreu entre os dias 13 a 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, onde expôs suas obras juntamente com Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Heitor Villa-Lobos, Mário de Andrade, Vicente do Rego Monteiro, Graça Aranha, Menotti Del Picchia, entre outros.

“Tomei a liberdade de pintar a meu modo”

No ano de 1023, Anita ganhou o Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e foi à Paris, onde residiu até 1928. No exterior, realizou exposições individuais em Nova York, Berlim e Paris. Voltou à São Paulo em 1928 onde passou a lecionar desenho na Universidade Mackenzie e lá permaneceu até 1933. No ano de 1942, Anita foi nomeada Presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo.

Nos anos 40, Anita visitou Belo Horizonte e as cidades históricas mineiras e passou a retratar em suas telas as procissões, festas regionais e flores. Até a sua morte em São Paulo no dia 6 de novembro de 1964, Anita Malfatti viveu longe das polêmicas artísticas e declarou: “Tomei a liberdade de pintar a meu modo”.

Anita Malfatti

Principais obras de Anita Malfatti

Anita Malfatti deixou uma infinidade de obras que podem ser vistas em vários museus brasileiros como a tela “A Boba”, exposta no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP), “Uma Rua”, no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro e “A Estudante Russa”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Acompanhe, a seguir, umas de suas principais obras:

  • O Burrinho Correndo, 1909;
  • A Estudante Russa, 1915;
  • O Barco, 1915;
  • O Farol, 1915;
  • A Boba, 1916;
  • A mulher de Cabelo Verde, 1916;
  • Uma Estudante, 1916;
  • O Homem de Sete Cores, 1916;
  • O Japonês, 1916;
  • O Homem Amarelo, 1916;
  • A Onda, 1917;
  • Tropical, 1917;
  • Mario de Andrade I, 1922;
  • As Margaridas de Mário, 1922;
  • A Chinesa, 1922;
  • Paisagem dos Pirineus, 1924;
  • As Duas Igrejas, 1940;
  • Samba, 1945.
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