Arte como protesto e seus principais aspectos

No clima político atual, os artistas estão encontrando maneiras de se envolver na política. A história da arte como protesto é vasta e densa. Conforme as pessoas entram em ação com passeatas e manifestações nas ruas, alguns artistas usam suas mentes criativas e assumem a responsabilidade de provar que a arte desempenha um papel vital na sociedade – inclusive, pode ser usada como terapia.

Em seu sentido mais amplo, a utilização da arte como mecanismo de protesto sempre esteve presente na música, por exemplo. Assim como em todas as formas de representação visual, a expressão artística ocupa um lugar indiscutível no ativismo social contemporâneo. Há uma longa, talvez até antiga, história de escritas em paredes e o que hoje chamaríamos de arte de rua e grafite, surgiu como meio de expressar descontentamento e captar a atenção do público.

Formas de arte mais estilizadas e profissionais, além de artistas cada vez mais reconhecidos, estiveram envolvidos em protestos e movimentos políticos ao longo da era moderna e as ligações entre estética e política, arte e propaganda têm sido debatidas há muito tempo.

A arte e a expressão artística desempenham muitas funções em um protesto político, algumas delas destinadas a produzir conhecimento e solidariedade dentro do grupo de manifestantes e outros como meio de chamar a atenção e comunicar àqueles que estão de fora do protesto.

O ativismo artístico usado ao longo da história

Enquanto a arte como protesto é particularmente adequada para o momento contemporâneo, ao longo da história os atores cívicos mais eficazes casaram as artes com campanhas de mudança social, usando abordagens estéticas para fornecer uma perspectiva crítica do mundo como ele é e imaginar o mundo como ele poderia ser.

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O dadaísmo

Dadaísmo, ou movimento dadá, era uma forma de anarquia artística nascida do desgosto pelos valores sociais, políticos e culturais iniciados em Zurique em 1916. Abraçou elementos de arte, música, poesia, teatro, dança e política. O dadaísmo não era um estilo de arte propriamente dito, como o cubismo ou o fauvismo, foi mais um movimento de protesto com um manifesto antissistema.

Na década de 1920, os dadaístas fundaram a famosa boate Cabaret Voltaire. Este local foi uma junção entre uma discoteca e um centro de artes onde os artistas exibiam os seus trabalhos num cenário de música experimental, arte performática e política, como poesia, leituras e dança. Eles também inventaram a cartazes artísticos a partir da colagem, como um meio acessível. Eles usaram a colagem para se apropriar dos jornais em reação à Primeira Guerra Mundial. O grupo entrou em várias disciplinas: escultores, designers, artistas e poetas.

Suas “performances” iniciais eram relativamente convencionais, mas se tornaram cada vez mais dissidentes e anárquicas em resposta à carnificina gerada a partir da Primeira Guerra Mundial. Eles viram o massacre incessante como a prova inegável de que as autoridades nacionalistas, de ambos os lados, haviam falhado na sociedade e que o sistema era corrupto.

Embora os dadaístas estivessem unidos em seus ideais, eles não tinham um estilo unificador. Entre 1917-1920, o grupo do movimento de Dadá atraiu muitos tipos diferentes de artistas, incluindo Raoul Hausmann, Hannah Hoch, Johannes Baader, Francis Picabia, Georg Grosz, John Heartfield, Max Ernst, Marcel Duchamp, Beatrice Wood, Kurt Schwitters e Hans Richter.

No Brasil, o dadaísmo trouxe principalmente as artes plásticas e a literatura, que foram representadas pelos artistas do movimento modernista. Tendo em vista que os modernistas faziam parte de um movimento que situava-se entre o polêmico e o arrojado, esse modelo de arte como protesto que desencadeou na Europa, caiu muito bem e serviu de grande influência para os artistas nacionais.

Entre os mais influentes artistas brasileiros dessa época destacam-se o pintor Flávio de Carvalho, considerado um dos grandes nomes desse movimento no Brasil, pois conviveu pessoalmente com alguns dos artistas idealizadores do dadaísmo durante o tempo que passou na Europa.

O também pintor Ismael Nery, o escritor Manuel Bandeira, além de um dos grandes precursores do dadaísmo no Brasil, Mario de Andrade, foram outros nomes que difundiram a arte como protesto em território nacional.

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O papel da música

A música é muito importante para construir a solidariedade de grupo e pertencer a um propósito comum. Também são meios de superar o medo e a ansiedade em situações difíceis. A música é uma ótima ferramenta de recrutamento que tem sido usada por todos os lados do espectro político para transmitir ideologia.

Música, poesia e obras de representação visual são importantes para criar e comunicar uma narrativa coletiva, articulando quem somos, de onde viemos, o que defendemos e contra o que lutamos. A arte faz parte do contexto do protesto político, e uma vez codificado e objetivado serve como uma ponte entre os movimentos do passado, do presente e do futuro. As canções e outros repertórios de movimentos trabalhistas, por exemplo, foram reinventados pelos direitos civis e movimentos estudantis em todo o mundo.

No Brasil, no período da ditadura militar de 1964 – 1985, pessoas que demonstrassem descontentamento e tivessem pensamentos contrários aos do regime, eram perseguidos e mortos ou exilados. Numa época em que músicos eram censurados pelo governo, alguns nomes como Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Chico Buarque, Rita Lee e Gilberto Gil, se destacaram na cena musical.

Até que ponto acreditar que a arte contribui para a mudança?

A suposição de que a arte já foi decorativa e agora é comunicativa de ideias sociais e políticas não é precisa. A arte não passou por um processo linear, do simples ao complexo. Por exemplo, as pessoas sempre fizeram imagens por muitas razões: decorativas e comunicativas, emocionais, etc.

Usamos a arte para um amplo espectro de propósitos, principalmente porque temos olhos para ver. As pessoas precisam se comunicar umas com as outras. Expressar seus pensamentos e reações.

A arte não mudou de decorativa para comunicativa recentemente. Na verdade as pessoas sempre usaram suas habilidades para criar poemas, músicas, imagens ou pinturas para o engajamento social e motivos políticos desde o início de sua existência. Algumas pessoas simplesmente chamam essa arte de atividade.

Produzir imagens nunca foi usado apenas para fins decorativos. Fazer imagens também foi usado para comunicar ideias. Antes que os humanos aprendessem a ler, eles usavam imagens para contar histórias para si mesmos, para ensinar suas próprias histórias e para ensinar o passado.

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