Sol Lewitt

Sol Lewitt ganhou notoriedade com suas obras minimalistas e contemporâneas

A influência da arte de Sol Lewitt no cenário artístico norte-americano é inegável. Seu trabalho lançou bases sólidas para a arte conceitual, minimalista e até computacional.

Sua influência se deu não somente como artista expositor, mas como teórico de novos conceitos artísticos que impactaram toda uma geração.

O vanguardismo de Sol Lewitt e de outros artistas de seu tempo deslocou a obra de arte do pedestal da preciosidade inigualável para a incompletude criadora. Da indiferença autossuficiente passou para o compartilhamento de ideias na qual necessita da interação do espectador para se preencher de significado.

Sol Lewitt gostava de ser o arquiteto dos trabalhos artísticos, o compositor das canções inspiradoras em vez de exercer o papel de construtor ou do cantor de suas músicas. Para ele, a ideia é o aspecto mais importante do trabalho, a materialização dessa ideia em uma representação física e a sua longevidade não eram tão importantes na sua concepção.

Reside na ideia à chama imortal criadora que uma vez jogada a luz se perpetua no tempo independente de ocupar um espaço físico ou não. Obras podem ser construídas ou reconstruídas com materiais e disposição, mas esses elementos são insuficientes uma vez que não exista um conceito que dite os seus movimentos.

Interessou-se pela premissa? Conheça a seguir mais as ideias e a biografia desse artista revolucionário.

Sol Lewitt e sua história

A inclinação de Sol Lewitt para o mundo da arte se demonstrou de maneira precoce. Antes mesmo de se completar dez primaveras desde a data de seu nascimento, 9 de setembro de 1928, em Connecticut, já desenhava.

Teve que enfrentar as agruras da guerra para seguir com o seu sonho de trabalhar com  arte. Passou dois anos servindo na Guerra na Coreia e quando voltou teve que recomeçar as suas atividades antes de se consolidar como artista.

Consolidação que só veio a ocorrer na década de 1950. Mas felizmente para Sol Lewitt o seu despontar no mundo cultural artístico não foi tardio o suficiente para impedir que exercesse influência indelével para a arte norte-americana do pós-guerra.

Sua arte é considerada por muitos revolucionária por trazer o conceito totalmente diferente sobre o fazer artístico.

O seu conceito sobre a ideia como elemento principal de um trabalho ganhou fama em 1960 quando usou estruturas compostas de elementos cúbicos derivados do cubo sobre uma grade. Com o mover dessas peças criavam trabalhos que também poderiam ser trabalhados pelos apreciadores.

Na década de 1970, passou a se dedicar na construção de murais feitos de modo exclusivo para cada local, por isso muitos de seus trabalhos não resistiram mais do que uma exposição no local em que foram expostos. Isso reforçava a sua indiferença quanto ao material e sua longevidade, assim como acentuava a sua preferência pelo conceito.

Sol Lewitt

Artista multimídia

Sol Lewitt não trabalhou apenas com desenhos, objetos e instalações, também se envolveu na produção de vídeos para produzir trabalhos artísticos.

Porém, mais do que mostrar versatilidade ao trabalhar com diferentes elementos, mostrava incrível capacidade criadora ao misturar esses universos em seus trabalhos. Isso o fez não só ser classificado como “artista multimídia”, mas como uma expressão máxima do vanguardismo e, consequentemente, da modernidade em seu meio.

A máquina de Sol Lewitt

Para Sol Lewitt até então vigorava no processo de produção artístico a ideia de que o artista era a “máquina de produzir arte”, uma “máquina criadora”. Nesse conceito, as obras de arte só poderiam emergir de apenas uma fonte primária, o artista, e cabia somente a ele o fazer artístico.

Esse é um conceito que privilegia, sem dúvida, a individualidade.

Sol Lewitt alterou essa lógica com sua arte conceitual, pois colocou a ideia a frente do processo criador. Em vez de uma máquina criadora, o que propôs foi a “ideia como máquina que produz arte”. Em vez do trabalho artístico ser concebido e exposto em sua forma final por meio de uma fonte de criação exclusiva, a obra passa a ser fruto de uma ideia base e que fornece novos frutos com a interação do público externo.

Nisto temos diversidades de trabalhos oriundos de uma mesma raiz, mas com características próprias e possibilidades inesgotáveis.

Imaterialidade e subjetividade

Algumas características do trabalho de Sol Lewitt são notáveis e importantes para o estilo se manter de acordo com o conceito pelo qual se determina. Como a ideia é um elemento central do conceito de Lewitt, a objetividade não poderia ser submersa pela subjetividade.

Não se busca trabalhar as emoções internas para tirar o expectador de sua apatia, embora o resultado final também pretenda despertar-lhe algo, mas movê-lo a participar da proposta da obra com a transmissão clara de sua ideia.

A materialidade é suprimida ao máximo em benefício do controle sobre o conceito.

Sol Lewitt

Paralelo com a arte computacional

Muitos autores da área de tecnologia enxergam paralelos da arte conceitual de Sol Lewitt com a arte computacional.

Arte computacional é todo trabalho artístico na qual o computador tem papel fundamental para o desenvolvimento do projeto, seja na criação ou exibição da obra. As obras por esse meio podem ser sons, animações, videogames, vídeos ou até mesmo um site da internet.

A influência do trabalho de Sol Lewitt nessa arte tão presente na contemporaneidade é clara se analisarmos alguns aspectos desse estilo.

Um software nada mais é do que uma série de comandos pré-determinados, obedece uma hierarquia de ideias agrupadas dentro de um conceito nuclear. E muitas das ideias bases desses programas são influenciadas e inspiradas por ideias anteriores que partilham princípios em comum e que provavelmente se tornarão base de outras ideias. Há um aspecto colaborativo nesse processo ainda que não intencional.

Assim como a arte conceitual, o trabalho não se completa por si mesmo, necessita da interação de um terceiro para realizar-se e frutificar. Também subtrai o máximo possível de materialidade e a longevidade não é tratada como uma questão vital, pois é da natureza da mídia aspectos mutantes.

Influência

Sol Lewitt faleceu em 2017 em Los Angeles após uma carreira de destaque e como enormes contribuições ao cenário artístico norte-americano e mundial. Seu trabalho exerceu forte influência na sua geração e nas posteriores, com claras repercussões até os dias que se seguem. Foi professor da New York university e da School of Visual Arts e abriu o seu próprio ateliê na década de 1980.

Sol Lewitt teve as retrospectivas de sua obra organizadas pelo MoMA em 1978 e em 2000 pelo San Francisco Museum of Art.

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