Arte Contemporânea: saiba tudo aqui

Se você quer mesmo apreender o que é a Arte Contemporânea, comece por entender que ela não tem um conceito único, que não há uma maneira de defini-la em uma única frase ou expressão. Ela vai além de um conceito, pois trata-se de ideias que surgiram e alastraram-se para completar ou mudar outras ideias.

E isso por uma razão bastante simples – não há idealizadores da Arte Contemporânea, ninguém chegou um dia e disse ‘vou acabar com a Arte Moderna, vou fazer algo muito melhor’. Ela interage, completa, modifica e traz novas ideias de arte, seja sobre a então vigente Arte Moderna ou sobre todos os demais conceitos de arte de que se tem notícia até então.

Picasso deu ponta pé inicial importante

Tanto isso é verdade que, em muitas definições, a Arte Contemporânea aparece como a Arte Pós-Guerra ou Pós Moderna, mas, nenhuma destas definições confere exatidão ao conceito. No caso do Modernismo, houve a convivência dos dois estilos durante um bom tempo, mesclando-se os tipos de arte praticados por diversos artistas.

Pode ser um estilo artístico que predominou, com alguma coincidência, no pós guerra, mas, isso também não é definitivo. O espanhol Pablo Picasso, uma das maiores expressões artísticas de todos os tempos, serve muito bem para ilustrar esses dois equívocos: já em 2012 ele praticava as criações de colagens, que evoluíram do cubismo.

Sem mais os conceitos pré-concebidos

E foi o emprego destes materiais criativos que transformou Picasso num dos mais importantes colaboradores à Arte Contemporânea ao provocar a introdução da técnica de colagem em pinturas. Ele passou a usar recortes de jornais, tecidos, papeis em geral e até embalagens de cigarros em algumas de suas pinturas.

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Ou seja, houve um rompimento com o estilo clássico de se fazer arte até então conhecido, em que artistas colocavam-se em ‘escolas’ que obedeciam definições e conceitos pré-concebidos de religiões e formas de governos – para não dizer partidos políticos. Foi o caso do Renascimento, por exemplo.

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A arte sem uma única forma

Na Arte Contemporânea, vemos o encontro das mais diferentes manifestações e movimentos das artes, com expressões que buscam seus próprios caminhos. São citados como exemplos a Arte conceitual, Expressionismo Abstrato, Street Arte, Neoconcretismo, Pop Arte, Minimalismo, Hiper Realismo, Arte Cinética e
Action Painting, entre outras.

A arte deixou de ter uma única forma ou conceito, além de terem se misturado, igualmente, as diferentes formas de expressões – a pintura junto às esculturas e, dentro das artes plásticas, a junção de expressões diferentes.

Avanço da ciência incentiva a criatividade

Aí sim entra aquela questão do pós guerra. A partir dos anos 50 e, mais especificamente, a partir do final da Segunda Guerra Mundial, as ciências avançaram em forte desenvolvimento, o que incluiu a disputa espacial e o advento dos computadores, que deram seus primeiros passos mais decisivos a partir dos anos 40.

Essa transformação, que incluiu a disseminação do uso do automóvel, a chegada e popularização do rádio e, logo depois, da televisão, provocou profundas mudanças também no pensamento artístico. As artes impulsionaram-se de vez com a criatividade de cada artista beirando o infinito.

Arte não é acomodação, é rebeldia

As regras sobre o que é arte foram deixadas de lado e, para os recantos mais tradicionais e reacionários da sociedade, muito do que se passou a fazer como arte chegou a ser visto como provocação desnecessária. Até os próprios críticos começarem a perceber que havia, sim, conceitos, mas, baseados no conceito de que nada é pré-estabelecido.

E todos sabemos que arte é, essencialmente, uma provocação e crítica à sociedade. São raras as expressões artísticas de qualidade que tragam a acomodação ao estrato social estabelecido, que digam amém a tudo que aí está. Por isso, a Arte Contemporânea passou a ser recebida, em certos nichos sociais, até mesmo com desdém.

Início do século destaca os pioneiros

Mas, quando começaram a aparecerem as manifestações artísticas de nomes como Grant Wood, nos Estados Unidos, pintor que nasceu em 1891 e morreu em 1942, em plena Segunda Guerra. Ou do poeta brasileiro Ferreira Gullar (1930-1916), o entendimento da Arte Contemporânea começou a mudar.

E são muitos outros os artistas que dão expressão a esse novo tipo de arte, em todos os ramos da expressão artística. Tem, por exemplo, o pernambucano Romero Britto, que nasceu em 1963 e há muito tempo vive nos Estados Unidos. É um dos mais conceituados, no momento, da Arte Contemporânea, em todo o mundo.

Brasileiros que se destacam

Pode-se citar, ainda, Lygia Clark, Willys de Castro, Richard Serra, Cildo Meirelles, Robert Smithson, Aluisio Carvão, Charles Demuth ou Rebeca Horn, entre muitos outros em todo o mundo.

No momento, um dos artistas brasileiros mais conceituados – e discutidos -, junto a Romero Britto, é a pintora carioca Adriana Varejão, nascida em 1964 e cujas obras hoje alcançam preços que estão muito acima dos padrões nacionais. Por isso mesmo, suas principais obras estão espalhadas pelo mundo afora.

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Cabeça oca de tantas ideias alheias

Por isso, apesar de sua realidade entre nós, seja a partir de trabalhos de artistas nacionais ou internacionais, ainda não há um selo que permita definir, numa única frase ou expressão, o que é exatamente a Arte Contemporânea. Para muitos críticos, o melhor mesmo é deixá-la fazer parte de nós, incluí-la em nossas vidas, como alguma coisa que não se deixa dominar.

Como diz um crítico, a Arte Contemporânea precisa caber em “nossas cabecinhas” que, muitas vezes, acabaram ocas “com tantas ideias alheias”. Parece um conceito bem apropriado a expressões artísticas que não se deixam conceituar com muita facilidade.

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Total liberdade para criar

Enfim, é certo que o século passado começou com algumas rupturas sobre a época da Arte Moderna, que reinava absoluta há algum tempo. Talvez mais uma ruptura estética, deixando para trás padrões antes tidos como absolutos e há séculos dando as ordens sobre as artes, de todos os tipos.

Foram, com certeza, os avanços tecnológicos da segunda metade do século XX que deram impulso às ideias que nasceram e passaram a se desenvolver algumas décadas antes. A Arte Contemporânea é atual e não pode ser distinguida entre escultura, pintura ou desenho. É simplesmente a arte atual, com muita liberdade criadora aos artistas.

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